quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

HemoFamília #6 - Angústia

Olá, amigos!


Agora vou falar-lhes sobre outra semana na Clínica Maldivas. Escolhi este nome, porque, se Deus quiser, farei um transplante renal e irei conhecer esta ilha paradisíaca. Os demais nomes também são fictícios e inspirados em nomes bíblicos, pois a fé passa a ser o nosso norte.

Cada episódio semanal desta série corresponde a 3 sessões de hemodiálise, mais especificamente às de 6ª, 2ª e 4ª feira. Assim, eu a publico na 4ª ou 5ª feira. Claro que isso não é uma regra, mas uma diretriz para o momento.

Os aproximados 30 pacientes que fazem hemodiálise no meu turno, mais alguns de outros turnos, mais médicos, enfermeiras, técnicas de enfermagem, o pessoal da limpeza, o repositor de material, o técnico das máquinas, as recepcionistas e outros, acabam formando uma família, na qual todos acompanham os problemas uns dos outros, compartilham seus sofrimentos, torcem pela recuperação alheia, alegram-se quando alguém faz transplante e sofrem quando alguém falece. É difícil de explicar, mas a habitualidade da convivência com pessoas tão diferentes em situações bem parecidas, nos tornam familiares e isso é muito bom e confortante



                                                            fonte: Psiconlinebrasil


Esta semana foi muito difícil. Presenciei muitos sofrimentos e o meu psicológico ficou realmente abalado. A angústia no meu peito só foi minimizada com a visita de um casal de primos que moram bem distantes de São Paulo, mais especificamente em Goiânia, e da visita da minha cunhada, que mora em Lins. Eu agradeço muito a generosidade dessas visitas, que fizeram a diferença nessa minha difícil semana.


Tudo começou com o Lucas (67), meu alegre e espirituoso vizinho de máquina. Ele teve médico na 4ª feira e transferiu a hemodiálise para 5ª feira. Tudo bem, ele iria ficar sem fazer hemodiálise por dois dias, o que é aceitável. Porém, na 5ª feira, ele foi chamado ao hospital porque havia um rim possivelmente compatível. Ele, ansioso e temeroso, foi até lá. Temeroso, porque já perdeu um rim anteriormente transplantado. Ansioso, porque receber um rim é voltar à liberdade de viver. Infelizmente, o exame de cross match deu positivo, o que indica grande possibilidade de rejeição, e ele voltou para casa ao anoitecer. Resultado de ter ficado três dias sem fazer hemodiálise: falta de ar, enjoo e um desconforto insuportável. Mesmo assim, ele esperou até às 6 horas da manhã da 6ª feira para ir à nossa Clínica Maldivas. Chegando lá, ele prontamente foi ligado à máquina de hemodiálise, além de ser ligado ao balão de ogixênio durante as 4 horas. Quando cheguei na clínica e o vi naquele estado, fiquei assustado e penalizada, o que afetou muito o meu psicológico e me fez ver de fato como eu sou dependente da máquina da hemodiálise. Meu Deus, me dê forças!


Na 2ª feira, foi a vez do Sr. Mateus (73). Ele fez uma fístula recentemente, mas ainda está com o cateter. Nesta 2ª feira, a habilidosa e cuidadosa técnica de enfermagem Ana não conseguiu pegar as suas veias. Tentou algumas vezes, mas fez um hematoma e ele queixou-se de muita dor. Então, ela chamou a enfermeira Rebeca, que a recomendou a ligá-lo à máquina através do cateter. Estava muito frio, mas ele ficou com gelo durante muito tempo para diminuir o inchaço na região da fístula. Além disso, a sua pressão caiu e ele precisou receber soro. Meu Deus, quanto sofrimento!

Ainda na 2ª feira, o Sr. Marcos (91) teve hipotensão (9x4), recebeu soro, ficou deitado com a cabeça no nível mais baixo do que os pés e ficou sob observação durante as 4 horas. Fiquei atenta e preocupada!

O Lucas (67), também na 2ª feira, teve pressão alta (21x10) e muita dor de cabeça. Foi medicado e a Dra. Raquel mandou que aumentasse a retirada de líquido além do seu peso seco. Sofrível e preocupante!


Eu fiquei 4 horas ansiosa e preocupada com o estado dos meus companheiros de sala, o que me levou a exaustão. Saí da hemodiálise tão cansada que não conseguia nem falar. Cheguei em casa, chorei e rezei muito. Recebi a visita da minha cunhada de Lins e os meus pensamentos ruins foram se dissipando. Fiquei impressionada como a pressão do ambiente pode nos influenciar!

Na 4ª feira, cheguei na clínica entusiasmada (em grego, entusiasmo significa inspirada pela presença de Deus), como é da minha essência, e tudo transcorreu muito bem. Por ser o primeiro dia do mês, é coletado sangue, antes e depois da hemodiálise, de todos os pacientes para exame laboratorial.



                                                                   fonte: masp


Foi uma semana muito difícil!

Estamos todos lutando pela vida com muita fé e esperança, apesar das inúmeras limitações e dificuldades!

Boa semana a todos!!!



Amigos, venham embarcar comigo nesta jornada da vida real!!! Bem-vindos!!!


"A sabedoria de um homem não está em não errar, chorar, se angustiar e se fragilizar, mas em usar seu sofrimento como alicerce de sua maturidade." (Augusto Cury)

Com carinho,

Helô


OBS:  #bloghemodiário: acessem a minha página do facebook chamada Blog Hemodiário e curtam. Lá, eu publico pequenos post com dicas, curiosidades e novidades. É muito interessante!!! 

5 comentários:

  1. sempre acompanhando e trocendo por você.de coração.bj flavia

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  2. Tenho acompanhado seus relatos sistematicamente e te desejo toda força e espiritualidade que vc ja tem para encarar esses desafios. Estendo essas palavras a seus companheiros de hemo tbm

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  3. Ganhasse mais uma torcedora Helô!
    Descobri a pouco tempo que sou portadora de RP e minha filhinha de um ano também é!
    Apesar de nossos rins estarem funcionando muito bem, sempre acompanho os grupo de Rins policísticos e aproveito para orar por vocês guerreiros da Hemodiálise. Abraços, Josiane.

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