sábado, 28 de dezembro de 2013

Balanço de 2013

Olá, amigos!

Hoje vou fazer um breve balanço do meu ano de 2013.
                                                                      
Eu tenho uma doença chamada rins policísticos desde que nasci. É uma doença genética e assintomática. Basta ir controlando a sua evolução através de ultrassonografia renal e exame de sangue, com a dosagem da creatinina. As recomendações atuais para retardar a sua evolução é tomar muita água, não engordar e fazer atividade física. Vivi muito bem até 2009 (48 anos). No início de 2010, a creatinina começou a aumentar gradativamente (este aumento significa que as funções renais estão diminuindo) e, como consequência, a ureia também aumenta, a taxa de hemoglobina diminui (anemia) e há um desequilíbrio total. Os piores sintomas são as náuseas, o cansaço e a hipertensão. Nesta fase, um nefrologista é fundamental para equilibrar essas taxas e retardar ao máximo a evolução da doença. Logo no início de 2010, o meu nefrologista já me prescreveu uma dieta hipoproteica (carne, ave ou peixe só duas vezes por semana e ovo em todas as demais refeições) e vários remédios. Trimestralmente, eu fazia exame de sangue. Em fevereiro de 2013, a minha creatinina chegou a 7,2 e o meu clearence (urina 24 horas) a 12% (significa que os rins só estavam funcionando 12%). A hemodiálise era inevitável. Fiz uma fístula no punho direito em 19 de março de 2013. Esperei que ela maturasse e iniciei a hemodiálise em 8 de maio de 2013. Eu nada sabia sobre o procedimento da hemodiálise e resolvi então escrever este blog. Assim, eu aprenderia e compartilharia este aprendizado. Após um pouco mais de 7 meses, hoje, 28 de dezembro de 2013, às 12h35, foram 8181 acessos e muitos agradecimentos, comentários, telefonemas. Dentre esses acessos são contabilizados os nos 10 primeiros países, que foram:
1º) Brasil = 6027
2º) Estados Unidos = 856
3º) Rússia = 112
4º) Portugal = 102
5º) Malásia = 77
6º) Alemanha = 63
7º) China = 60
8º) Ucrânia = 44
9º) Reino Unido = 35
10º) França = 24






Iniciei a hemodiálise e, nesses 7 meses, presenciei muitas situações agradáveis e outras nem tanto.

Primeiro, eu queria me familiarizar com a máquina e os seus inúmeros alarmes, que tanto me assustavam. Era alarme para trocar o banho, por estar terminando a heparina, por estar a pressão arterial fora dos padrões pre-estabelecidos, por estar refluindo o sangue da artéria ou da veia e por estar terminando a diálise.

Segundo, eu queria aprender como eu deveria proceder para fazer uma boa hemodiálise. Aprendi que tenho que controlar a ingestão de líquido entre as sessões (500 ml + o volume urinado), controlar o ingestão de frutas, proteínas e evitar o sal, as comidas salgadas e industrializadas. Durante as sessões, eu devo comunicar se sentir frio, zumbido nos ouvidos, náuseas, sudorese, visão turva, câimbra, dor de cabeça. Por duas vezes, tive sudorese e visão turva, chamei rapidamente a técnica de enfermagem, mas apaguei. Sei que abaixaram a minha cabeça, levantaram os meus pés e injetaram soro fisiológico, mais ou menos, 300 ml. O soro fica sempre ligado à máquina, pois ele serve para devolver o sangue no final da hemodiálise, para ser injetado quando cai muito a pressão ou quando o paciente não pode receber heparina. Na verdade, ele fica fechado, mas pronto para ser usado quando necessário. 

No final da hemodiálise, nós devemos ficar atentos com a alteração da pressão arterial. Se ela aumentar muito, um medicamento é ministrado para abaixá-la. Se ela ficar baixa, nós devemos aguardar sentados até nos sentirmos bem. Uma única vez, eu entrei no carro para voltar para casa e senti náuseas, visão turva e zumbido nos ouvidos. Rapidamente, eu bebi três sorinhos (cloreto de sódio 0,9%) de 10 ml cada e não desmaiei. Por isso, esses sorinhos (compro na farmácia) estão sempre comigo.

Na primeira sala, que fiquei por 1 mês, tinham 9 máquinas. Os dois pacientes que ficavam na minha frente vieram a falecer. Não durante as sessões, mas por outras complicações de saúde. Eles já faziam hemodiálise há muito tempo. Já o paciente que ficava ao meu lado tinha começado junto comigo e tinha queda de pressão todas as sessões. Ele tinha quase 80 anos e estava muito debilitado (chegava e saía de cadeira de rodas). Parecia que não iria durar muito. Mas é inacreditável, hoje ele chega e vai embora andando, além de ficar fazendo exercício com fita elástica durante as sessões. Realmente, ele está muito bem dialisado. Os outros pacientes ainda estão lá e todos muito bem.

Na minha segunda e atual sala tem 4 máquinas. Nesses 6 meses, um paciente de 68 anos fez transplante em 2 de novembro de 2013 e está ótimo. Um segundo, mudou de clínica, porque o seu convênio médico se descredenciou da nossa clínica. Um terceiro, teve uma insuficiência renal aguda decorrente de uma infecção generalizada, dialisou por 1 mês e teve alta. Desde que comecei a fazer HD nesta sala, tem apenas eu e um senhor de 92 anos. Há quase dois meses, uma paciente de 83 anos iniciou a hemodiálise. Portanto, no momento, somos três pacientes, sendo que os dois dormem quase a sessão toda. Como eu não durmo um segundo sequer, fico assistindo série no iPad, ouvindo música, assistindo TV, jogando Tranca ou outros jogos no iPad ou conversando com as delicadas e eficientes técnicas de enfermagem.     


                                
                                                                 fonte: balanço


Hoje, eu estou muito melhor do que antes de iniciar a hemodiálise. Já não tomo remédio para pressão e a minha pressão está bem controlada. A ureia é tirada na máquina, então não sinto mais náuseas. O fósforo é controlado com Renagel e alimentação. O potássio é tirado na máquina e controlado com alimentação, principalmente frutas e verduras. O ferro é controlado com a alimentação mais Noripurum injetável. Eu tomo só uma vez por mês. A alfapoetina, que é um hormônio produzido pelos rins, é dada endovenosa ou subcutânea e a dose depende de cada paciente. Eu tomo uma injeção subcutânea todas as sextas-feiras.

Mensalmente, todos os pacientes são submetidos a exames laboratoriais e os medicamentos adaptados.

O nosso corpo médico é excelente. Os pacientes só podem ser ligados quando há médico na clínica. Os médicos variam dia a dia, mas cada um é responsável pelos pacientes de um turno.

A equipe de enfermagem é ótima. Profissionais muito atenciosas e atentas, que nos dão muita segurança. O protocolo exige que 1 técnica de enfermagem cuide de 4 pacientes. São 5 salas de hemodiálise. Normalmente, há um rodízio de sala entre as técnicas, porém, na minha sala, a técnica do primeiro turno (das 5h50 às 14h10) é sempre a mesma, por ela ter um problema de saúde. Ela é uma benção! 


As demais equipes (limpeza, portaria, administração, almoxarifado, técnicos de manutenção das máquinas e demais equipamentos, secretaria...) são muito boas. 

A clínica não é bonita, pois está na mesma casa há mais de 30 anos. Foram inúmeras adaptações exigidas pelos Órgãos competentes. Mas, a qualidade da hemodiálise é excelente, o que é facilmente comprovado pelo estado dos pacientes. Se o paciente é bem dialisado, ele fica bem.

Os meus sentimentos variam muito. Fico triste com a morte de algum paciente. Fico feliz com o transplante de outro paciente ou com a alta de outro. Convivemos com pacientes muito pobres, com extrema dificuldade de locomoção, com AIDS, com hepatite, com câncer. Convivemos com jovens de 20 e poucos anos e senhores de 92 anos. Convivemos com a dor e com a luta pela vida. Porém, acredito que temos que aceitar a nossa doença e assim é muito mais fácil viver. Realmente, tenho um ótimo astral e muito bom humor devido à minha força de vontade  

Neste texto, eu quis traçar um paralelo entre o balanço (análise) do meu ano de 2013 e dos meus sentimentos, que sobem e descem. 


"A vida é mais ou menos como um balanço, algumas vezes perto do céu, outras, bem próximo do chão... Mas nunca no céu e nem no chão. Você sempre estará em uma situação onde poderá subir ou descer, só depende da força de vontade que você usa para isso." (Carolina Bensino)


Vamos ter muita força de vontade para enfrentar o nosso dolorido e restritivo tratamento, pelo simples fato de que vale à pena viver!!!


Com carinho,

Helô


OBS: Acessem a minha página do facebook chamada Blog Hemodiário e curtam. Lá, eu publico pequenos posts com dicas, curiosidades e novidades, além de divulgar os posts que eu publico aqui no blog. É muito interessante!!! (https://www.facebook.com/BlogHemodiario)

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

HemoFamília #13 - Nostalgia do Natal

Olá, amigos!


Agora vou falar-lhes sobre outra semana na Clínica Maldivas. Escolhi este nome, porque, se Deus quiser, farei um transplante renal e irei conhecer esta ilha paradisíaca.  Os  demais  nomes  também são fictícios e inspirados em nomes bíblicos, pois a fé passa a ser o nosso norte.

Cada episódio semanal desta série corresponde a 3 sessões de hemodiálise, mais especificamente às de 6ª, 2ª e 4ª feira. Assim, eu a publico na 4ª ou 5ª feira. Claro que isso não é uma regra, mas uma diretriz para o momento.

Os aproximados 30 pacientes que fazem hemodiálise no meu turno, mais alguns de outros turnos, mais os médicos, as enfermeiras, os técnicos de enfermagem, o pessoal da limpeza, o repositor de material, o técnico das máquinas, as recepcionistas e outros, acabam formando uma família, na qual todos acompanham os problemas uns dos outros, compartilham seus sofrimentos, torcem pela recuperação alheia, alegram-se quando alguém faz transplante e sofrem quando alguém falece. É difícil de explicar, mas a habitualidade da convivência com pessoas tão diferentes em situações bem parecidas, nos tornam familiares e isso é muito bom e confortante.

                                                                  

                                                                  fonte: Psiconlinebrasil 



Estamos em dezembro. As cidades e as casas se preparam para o Natal (nascimento do menino Jesus) e para as festas de final de ano. Árvores de Natal, enfeites luminosos, presépios e um mágico clima de amor, tolerância, generosidade, caridade está no ar. Tudo fica diferente e todos nós somos contagiados por este clima mágico, nostálgico e adorável. As famílias se reúnem, os amigos se confraternizam, as pessoas presenteiam uma as outras e todos pensam e ajudam os mais carentes. Adoro esta época!

A minha Clínica Maldivas não poderia fugir deste clima. Alguns enfeites, que foram autorizados pela Vigilância Sanitária, foram colocados, amigos secretos foram feitos, lembrancinhas foram trocadas pelas pessoas, um bingo foi patrocinado pela Clínica e um lanche coletivo foi feito. Eu levei um delicioso sanduíche de metro de rosbife de uma famosa padaria perto da minha casa e uma garrafa de Guaraná, uma vez que quem faz hemodiálise não pode tomar coca ou pepsi por ter muito fósforo. Foi muito bom e alegre, mas eu fiquei um pouco deprimida, com saudades dos meus entes queridos que já não estão mais entre nós. Nostalgia!

As duas últimas semanas do ano, o nosso calendário foi modificado para que ninguém trabalhe ou faça hemodiálise nos dias 25 de dezembro e 1º de janeiro. De modo que, nessas duas semanas, eu farei hemodiálise nos domingos (22/12 e 29/12), nas terças-feiras (24/12 e 31/12) e nas sextas-feiras (27/12 e 3/1) e não nas segundas e quartas-feiras  como durante o ano todo. Achei ótima e justa esta mudança!

É tempo de apreciarmos o presépio e meditarmos nos ensinamentos que ele nos traz. Por isso, eu resolvi postar a história do presépio e pedir-lhes que pensemos na nossa fragilidade como seres humanos e doentes, mas que, aceitando com leveza a nossa doença, possamos ir em busca da nossa salvação. Que Deus abençoe todos nós!!!  


                                                                 fonte: presépio

                          Origem e significado do presépio (Paróquia Nossa Senhora do Carmo)

Ao longo dos anos, os países católicos ao festejarem a data utilizam várias tradições natalinas como canções, a figura do Papai Noel, a ceia de Natal, a árvore de Natal e em especial o presépio de Natal.

O termo presépio vem do latim praesaepe com o significado de estrebaria, curral, estábulo. Foi num destes espaços que nasceu a figura, real e histórica, conhecida para a posterioridade com o nome de Jesus. Não foi porque a sua mãe e o seu pai José e Maria tivessem deliberadamente escolhido este lugar, mas foi o único que lhes concederam.

O presépio é uma das representações mais singelas do nascimento de Jesus Cristo. Procura resgatar a importância e magnitude daquele momento ao mesmo que nos lembra a forma simples e humilde em que se deu o nascimento. A presença do menino Deus naquele estábulo, ao lado de seus pais, tendo por testemunhas os pastores e os animais e recebendo a visita dos Reis Magos, guiados à gruta pela estrela de Belém, mostra a grandeza e a onipotência de Deus representada na fragilidade de uma criança.

Esta representação foi criada por São Francisco de Assis em 1223 que, em companhia de Frei Leão e com a ajuda do senhor Giovanni Vellina, montou em uma gruta da floresta na região de Greccio, Itália, a encenação do nascimento de Jesus. Na época já havia 16 anos que a Igreja tinha proibido a realização de dramas litúrgicos nas Igrejas, mas São Francisco pediu a dispensa da proibição, desejoso que estava de lembrar ao povo daquela região a natividade e o amor a Jesus Cristo. O povo foi convidado para a missa e ao chegarem à gruta encontraram a cena do nascimento vivenciada por pastores e animais.

São Francisco morreu dois após, mas os Frades Franciscanos continuaram a representação do presépio utilizando imagens.

No Brasil, a cena do presépio foi apresentada pela primeira vez aos índios e colonos portugueses em 1552, por iniciativa do jesuíta José de Anchieta. A partir de 1986, São Francisco é considerado o patrono universal do presépio.

"Fazer presépios é unir mundos". O mundo animal, os homens e o mundo mineral (pedras e presentes) se unem na contemplação do nascimento de Jesus. Os reis Magos em uma interpretação mais recentes são lembrados como um símbolo da união dos povos: Gaspar, o negro: Melchior, o branco e Baltazar, o asiático.

E se, passados tantos séculos, o presépio continua sendo, depois da missa, a celebração mais digna do Natal, é porque um gênio de poeta e santidade o imaginou para, de modo bem plástico e didático, continuar fazendo os homens relembrarem o supremo gesto de amor do Filho de Deus, como escreve Santo Agostinho.

O presépio foi organizado por São Francisco para visualizar, sensibilizar, facilitar a meditação da mensagem evangélica do conteúdo do mistério de Jesus Cristo, que nasce na pobreza, na simplicidade, para fazer o homem mais humano: Filho de Deus, irmão de todos os demais homens, harmonizado com o universo. Cada figura do presépio tem seu conteúdo evangelizador. É preciso explicitá-lo, captá-lo e vivenciá-lo:

a) José: o esposo, o companheiro; o pai, o homem que ama, trabalha, é responsável; o homem que respeita, que sustenta, que orienta; o homem de oração...

b) Maria: a esposa, a mãe, a companheira fiel, pura, digna, cumpridora da vontade de Deus (Eis aqui a serva do Senhor...); a mulher que educa, ora, medita em seu coração os mistérios da maternidade; é toda doação e dedicação...

c) Os pastores e os sábios: os simples e os sábios: os simples e os cultos, pessoas à escuta, em busca, que sabem ler os sinais dos tempos, saem de si para encontrar os outros, lêem no outro a presença de Deus...

d) Os animais, o feno, a gruta: a natureza toda a serviço do homem e de Deus, e quem acolhe o homem, acolhe a Deus...

e) A estrela: guia, luz, ideal, sentido...

f) Os anjos: mensageiros de Deus, comunicadores da Boa Notícia.

As palavras de paz e serenidade de São Francisco trazem até nós o sentido verdadeiro do Natal: "Todos os homens nascem iguais, pela sua origem, seus direitos naturais e divinos e seu objetivo final" e ainda "No presépio se honra a simplicidade, se exalta a pobreza, se elogia a humildade". (Fontes Franciscanas, I Cel. 85)

Na pobreza do presépio, meditemos sobre o mistério da encarnação, buscando encontrar-se com o verdadeiro Deus que se faz humilde para nos ensinar que a maior riqueza não está naquilo que se tem, e sim naquilo que se é.


QUE SEU CORAÇÃO SEJA A VERDADEIRA MANJEDOURA DO MENINO DEUS!!!
                                                                 

Amigos, eu lhes desejo um santo Natal e um abençoado 2014!!


Com carinho,

Helô




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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

HemoFamília #12 - Recuperação

Olá, amigos!

Agora vou falar-lhes sobre outra semana na Clínica Maldivas. Escolhi este nome, porque, se Deus quiser, farei um transplante renal e irei conhecer esta ilha paradisíaca. Os demais nomes também são fictícios e inspirados em nomes bíblicos, pois a fé passa a ser o nosso norte.

Cada episódio semanal desta série corresponde a 3 sessões de hemodiálise, mais especificamente às de 6ª, 2ª e 4ª feira. Assim, eu a publico na 4ª ou 5ª feira. Claro que isso não é uma regra, mas uma diretriz para o momento.

Os aproximados 30 pacientes que fazem hemodiálise no meu turno, mais alguns de outros turnos, mais os médicos, as enfermeiras, os técnicos de enfermagem, o pessoal da limpeza, o repositor de material, o técnico das máquinas, as recepcionistas e outros, acabam formando uma família, na qual todos acompanham os problemas uns dos outros, compartilham seus sofrimentos, torcem pela recuperação alheia, alegram-se quando alguém faz transplante e sofrem quando alguém falece. É difícil de explicar, mas a habitualidade da convivência com pessoas tão diferentes em situações bem parecidas, nos tornam familiares e isso é muito bom e confortante.
                                                                  

                                                                  fonte: Psiconlinebrasil 


Na última sexta-feira, 6 de dezembro de 2013, cheguei cedo à clinica. Entrei na sala, onde os pacientes da manhã ainda estavam ligados à máquina, lavei o braço da fístula, peguei um soro fisiológico e duas gases para umedecer os dois pontos da punção (túneis). Faço isto antes de todas as sessões de hemodiálise para que as "casquinhas" formadas após a sessão anterior se soltem com facilidade e não tenham que serem retiradas com a ponta da agulha, que é bem dolorido. Faço tudo que está ao meu alcance para tornar as minhas sessões de hemodiálise menos doloridas  e mais agradáveis.

Os pacientes de hemodiálise tem algumas obrigações, entre elas conferir o seu capilar (filtro do sangue). Assim, antes de ser ligado, cabe ao paciente ler o seu nome no capilar que está na máquina a qual será ligado. Este é um procedimento de segurança muito importante.

Cada capilar vem num caixa com a identificação do paciente e a técnica de enfermagem o coloca na máquina correspondente. Por isso, na minha clínica, em regra, os pacientes tem as suas máquinas fixas, o que facilita a memorização do funcionário e evita a troca do capilar. Essa troca pode ser fatal.

No Brasil, o capilar é reutilizado de 12 a 20 vezes, dependendo de ser a lavagem manual ou automatizada. Outros países, como o Estados Unidos, o capilar é utilizado uma única vez e depois é desprezado.

No dia 6 de dezembro, quando entrei na sala antes da minha sessão, percebi que tinham 3 caixas de capilares sobre a bancada e não 4, como de costume. Perguntei à técnica Ana e ela me disse que o Dr. Isaías não iria fazer hemodiálise. Perguntei o porquê, mas ela não soube me responder. Saí da sala e fui para a sala de espera.

De repente, o Dr. Isaías (71 anos) chegou e eu estranhei. Comentei com ele sobre o capilar e o que tinha me falado a técnica Ana. Ele ficou surpreso. Logo depois, a Dra. Ester o chamou e informou-lhe que ele estava liberado da hemodiálise, pois a sua função renal tinha se recuperado. Ele fez 11 sessões de hemodiálise na clínica Maldivas, mas a sua presença ficou marcada de forma muito positiva. A sua recuperação foi um momento de muita alegria!

Recordando o post anterior, o Dr. Isaías teve uma insuficiência renal aguda decorrente de sua internação de 35 dias e a utilização de medicamentos muito fortes.


                                                                     fonte: 4work          

As 11 sessões de hemodiálise que tive o prazer de conviver com o Dr. Isaías foram ótimas. Ele é um advogado muito culto, amável e conciliador. Já estou sentindo saudades, mas é muito bom presenciar a recuperação de um paciente e sua liberação deste tratamento tão limitante. Que Deus o abençoe!!!


SONHAR  (Ivone Boechat)

Sonhar o impossível
é fazer milagre,
basta acordar,
ultrapassar o limite,
vencer barreiras
e chegar!
O sonho é ventre do milagre,
a vitória é filha da vida,
vida é milagre,
basta acreditar.


Amigos, vamos sonhar o impossível e ter fé e esperança que um milagre poderá acontecer!!!


Com carinho,

Helô




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domingo, 1 de dezembro de 2013

HemoFamília #11 - Novos companheiros

Olá, amigos!

Agora vou falar-lhes sobre outra semana na Clínica Maldivas. Escolhi este nome, porque, se Deus quiser, farei um transplante renal e irei conhecer esta ilha paradisíaca. Os demais nomes também são fictícios e inspirados em nomes bíblicos, pois a fé passa a ser o nosso norte.

Cada episódio semanal desta série corresponde a 3 sessões de hemodiálise, mais especificamente às de 6ª, 2ª e 4ª feira. Assim, eu a publico na 4ª ou 5ª feira. Claro que isso não é uma regra, mas uma diretriz para o momento.

Os aproximados 30 pacientes que fazem hemodiálise no meu turno, mais alguns de outros turnos, mais os médicos, as enfermeiras, os técnicos de enfermagem, o pessoal da limpeza, o repositor de material, o técnico das máquinas, as recepcionistas e outros, acabam formando uma família, na qual todos acompanham os problemas uns dos outros, compartilham seus sofrimentos, torcem pela recuperação alheia, alegram-se quando alguém faz transplante e sofrem quando alguém falece. É difícil de explicar, mas a habitualidade da convivência com pessoas tão diferentes em situações bem parecidas, nos tornam familiares e isso é muito bom e confortante.
                                                                  

                                                                  fonte: Psiconlinebrasil


No final do mês de outubro de 2013, o Sr. Mateus mudou de clínica, porque o seu convênio médico foi comprado pela UNIMED, que não tem convênio com a nossa clínica. Como a cuidadora do Sr. Marcos mantém contato com a cuidadora do Sr. Mateus, nós sempre temos notícias dele. Ele está muito bem!

No dia de finados, 2 de novembro de 2013, o Lucas foi transplantado. Como ele ficava ao meu lado e era muito espirituoso, sarcástico e alegre, eu estou sentindo muito a falta dele. São sentimentos contraditórios, pois sinto a falta dele, mas não queria que ele estivesse lá fazendo hemodiálise e sim onde ele está: livre e transplantado. Ainda não me acostumei com a ausência dele, lembro-me dele todas as sessões e fico imaginando qual seria o seu comentário nas mais diversas situações. Fiz um amigo e torço demais por ele. Saudades!!!

Só para lembrar, a minha sala de hemodiálise tem 4 (quatro) cadeiras ou máquinas de hemodiálise, que ficam alinhadas lado a lado.

Por volta do dia 11 do mês de novembro de 2013, dois novos pacientes chegaram e ocuparam as cadeiras vazias. São eles: Sr. Isaías (71 anos) e Sra. Lídia (83 anos).

O Dr. Isaías (71 anos) ficou internado por 35 dias. Ele teve uma pneumonia, que evoluiu para uma infecção generalizada e a paralisação dos rins. Ele é diabético, magro e muito disciplinado. É um advogado culto e comunicativo. Nós conversamos mais antes do início da hemodiálise do que durante, pois ele não fica na cadeira ao meu lado e ele dorme uma boa parte da sessão. No início, ele foi acompanhado da sua filha, que é uma mulher muito gentil e delicada. Como ele não tinha problemas de rins antes de ser internado, a possibilidade dos seus rins voltarem a funcionar é significativa e estamos torcendo para que isto aconteça.

A Sra. Lídia (83 anos) também estava internada e precisou fazer hemodiálise durante a internação. Ela é diabética e obesa (pesa por volta de 130 kg). Os seus rins já não funcionavam muito bem antes da internação e ela já se consultava periodicamente com uma nefrologista, que foi quem a encaminhou à nossa clínica. Ela fica na cadeira ao meu lado e conversamos um pouco, porque uma boa parte da sessão ela dorme. As suas maiores preocupações são o marido, que tem 93 anos e fica sozinho em casa, e a filha que a acompanha todos os dias, por ser diabética e não cuidar da própria saúde. 

No momento, a disposição dos pacientes da nossa sala de hemodiálise para quem entra na sala é a seguinte: 1ª cadeira, Dr. Isaías; 2ª, Sr. Marcos; 3ª, eu, e 4ª, Sra. Lídia. 

As mudanças são sempre difíceis, mas nos acostumamos. O melhor coisa da nossa sala é a permanência da técnica de enfermagem Ana, que é muito experiente e ótima pessoa. E o que nós duas temos em comum é o prazer do acolhimento.


                                                                 fonte: acolhimento            


Eu faço hemodiálise há 6 meses. Quando cheguei na sala de hemodiálise que hoje me encontro, os pacientes já estavam lá há muito tempo. Eu fiquei assustada e tinha muito medo. Ninguém me explicou quase nada e eu ficava observando os procedimentos e perguntando. Não perguntava demais para não me tornar uma chata. Resolvi, então, fazer este blog Hemodiário para compartilhar tudo o que ia aprendendo e vivendo. Valeu à pena, pois agora eu me senti acolhendo os dois novos pacientes e explicando o básico da hemodiálise. Indiquei o meu blog para as filhas acompanhantes e, com certeza, tudo foi mais fácil. Eles se sentiram muito mais seguros do que eu quando lá cheguei e eu me sinto recompensada quando respondo as suas dúvidas simples e rotineiras. Realmente, é gratificante servir ao próximo e esse sempre foi o meu espírito de vida. 


Como sou católica e devota à Nossa Senhora, resolvi hoje colocar a letra da música do Roberto Carlos, que me conforta, me acalma, me encoraja e aumenta a minha fé, por isso é a minha oração diária durante as sessões de hemodiálise. Muito Linda!!!


NOSSA SENHORA (Roberto Carlos) 

Cubra-me com seu manto de amor
Guarda-me na paz desse olhar
Cura-me as feridas e a dor me faz suportar

Que as pedras do meu caminho
Meus pés suportem pisar
Mesmo ferido de espinhos me ajude a passar

Se ficaram mágoas em mim
Mãe tira do meu coração
E aqueles que eu fiz sofrer, peço perdão

Se eu curvar meu corpo na dor
Me alivia o peso da cruz
Interceda por mim minha Mãe, junto a Jesus

Nossa Senhora, me dê a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida, do meu destino

Nossa Senhora, me dê a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida, do meu destino
Do meu caminho
Cuida de mim

Sempre que o meu pranto rolar
Ponha sobre mim suas mãos
Aumenta minha fé e acalma o meu coração

Grande é a procissão a pedir
A misericórdia, o perdão
A cura do corpo e pra alma, a salvação

Pobres pecadores, oh Mãe
Tão necessitados de Vós
Santa Mãe de Deus, tem piedade de nós

De joelhos aos Vossos pés
Estendei a nós Vossas mãos
Rogai por todos, nós Vossos filhos, meus irmãos

Nossa Senhora, me dê a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida, do meu destino
Do meu caminho
Cuida de mim

                                                           
Mãe querida e adorada, eu imploro a tua intercessão junto a Jesus e te peço que cuide de nós!!!


Com carinho,

Helô




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