terça-feira, 24 de maio de 2016

A esperança não decepciona

Olá, amigos!

Na missa do domingo, 22/5/2016, a Segunda Leitura foi sobre a Carta de São Paulo aos Romanos (Rm 5, 1-5), que diz o seguinte:

"Irmãos: Justificados pela fé, estamos em paz com Deus, pela mediação do Senhor nosso, Jesus Cristo. Por Ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da Glória de Deus. E não é só isso, pois nos gloriamos também de nossas tribulações, sabendo que a tribulação gera a constância, a constância leva à virtude provada, a virtude provada desabrocha em esperança, e a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado."

Esta passagem bíblica me tocou e eu quis compartilhar com vocês. Eu me sinto em paz, apesar da tribulação, e entendo que esta decorre da fé. Fé esta que eu alimento a cada dia. Porém, nunca tinha pensado nesse ensinamento lógico que nos leva a esperança: a tribulação gera a constância, a constância leva à virtude provada e a virtude provada desabrocha em esperança. Lindo, né? Por fim, vemos a importância do Espírito Santo quando lemos que a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. A esperança nos fortalece diante das dificuldades da vida e, portanto, ela é vital!

Rezemos ao Espírito Santo para pedir que a nossa esperança nunca acabe e que Ele conserve em nós a nossa saúde!!!



     


     Oração ao Espírito Santo para pedir a saúde:


     Divino Espírito Santo, criador e renovador de todas as coisas, vida da minha vida! Com Maria Santíssima, eu vos adoro, agradeço e amo! Vós, que dais vida a todo o universo, conservai em mim a saúde. Livrai-me de todas as doenças e de todo mal! Ajudado com a vossa graça, quero sempre usar minha saúde, empregando minhas forças para a glória de Deus, para o meu próprio bem e para o bem do próximo. Peço-vos, ainda, que ilumineis com vossos dons da sabedoria e ciência, os médicos e todos os que se ocupam dos doentes, para que conheçam a verdadeira causa dos males que ameaçam ou destroem a vida, e também possam descobrir e aplicar os remédios mais eficazes para o seu tratamento. Virgem Santíssima, Mãe da vida e saúde dos enfermos, sede mediadora nesta minha humilde oração! Vós que sois a mãe de Deus e nossa Mãe, intercedei por mim! Amém.


Foi uma linda missa e me encheu de esperanças para uma vida melhor, principalmente porque eu escolhi há tempos aprender a viver pelo amor!


É sempre bom lembrar do conhecido ditado que nos ensina que: "Na vida há duas formas de aprender: pelo amor ou pela dor." Vamos escolher sempre aprender pelo amor, que é o sentimento mais puro que existe.



Com carinho,
Helô



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terça-feira, 10 de maio de 2016

HemoFamília #20 - Fósforo

Olá, amigos!

Hoje, 10 de maio de 2016, eu vou contar-lhes os significativos fatos ocorridos na Clínica Travessia de 20 de abril até hoje. Escolhi este nome fictício para minha clínica porque, se Deus quiser, eu farei um transplante renal e me livrarei da dependência da máquina de hemodiálise. De modo que eu estou nesta clínica apenas atravessando um difícil período na minha vida. Os demais nomes também são fictícios e inspirados em nomes de Santos da Igreja Católica.


Os 7 pacientes que fazem hemodiálise na minha sala, mais alguns da outra sala e de outros turnos, mais médicos, enfermeiras, técnicas de enfermagem, nutricionista, farmacêutica, assistente social, psicóloga, o pessoal da limpeza e outros membros da equipe, acabam formando uma família, na qual todos acompanham os problemas uns dos outros, compartilham sofrimentos, torcem pela recuperação alheia, alegram-se quando alguém faz transplante e sofrem quando alguém falece. É difícil de explicar, mas a habitualidade da convivência com pessoas tão diferentes em situações tão parecidas, nos tornam uma família e isso é muito bom,  confortante e desperta a nossa compaixão. Gosto muito deste pensamento: "A compaixão é que nos torna verdadeiramente humanos e impede que nos transformemos em pedra, como os monstros de impiedade das lendas." (Anatole France)


  
  

Os 7 pacientes (nomes fictícios) que fazem hemodiálise na minha sala são:

(1) Agostinho é um jovem senhor de 63 anos, inteligente, calmo e sensato, que faz hemodiálise há 10 anos; 
(2) Rita é uma senhora de 71 anos, muito delicada, educada e gentil, que já fez diálise peritoneal e passou a fazer hemodiálise após uma infecção peritoneal; 
(3) Pedro é um jovem senhor de 45 anos, alegre, comunicativo, amoroso, mas muito rebelde no tratamento, que faz hemodiálise há uns 6 anos; 
(4) eu, Helô, tenho 55 anos e faço hemodiálise há 3 anos. Sou alegre, otimista e comunicativa.
(5) Expedito é um senhor de 85 anos, que faz hemodiálise há 8 anos. Ele é muito sério, calado e sente muito frio; 
(6) Tomás é um senhor de 74 anos, muito educado, amável e discreto, que já fez um transplante que durou 27 anos;
(7) Joana é uma uma jovem senhora de 60 anos, que faz hemodiálise há uns 3 anos. Ela é muito quieta e reservada. 


O Agostinho faz hemodiálise por 6 vezes na semana durante 2 horas cada sessão. Deste modo, ele tem menos restrição de líquido e alimentação. Ele tem um humor irônico e inteligente, que faz com que as sessões de HD fiquem mais agradáveis.


A Sra. Rita passou por um período difícil. O marido dela foi viajar para o Japão. Ele ficou lá por umas 3 semanas. Ocorre que, quando chegou em São Paulo, ele teve um forte resfriado e ficou internado por uns 10 dias. Ela não pode visitá-lo por cautela. Como os dois moram sozinhos num sítio em Ibiúna - SP, ela ficou bem triste. Para piorar, ela também ficou resfriada e foi internada no mesmo dia que o marido teve alta. É impressionante como há momentos nas nossas vidas que acontece tudo ao mesmo tempo! Agora, tudo voltou ao normal e finalmente o casal está junto novamente!     


O Pedro está surpreendentemente bem. Digo isto, porque ele amputou uma perna e estava muito deprimido quando teve alta hospitalar em março de 2016. Em dois meses, a depressão visivelmente desapareceu. Ele faz fisioterapia e já fala de uma prótese. O Pedro é um santista roxo e ficou muito feliz com a vitória do Santos no Campeonato Paulista. Ele é espirituoso e divertido! 


Eu passei bem esse período. Tive uma coceira nas costas e desconfiei que o meu fósforo estava alto. Fiz exame de sangue e o meu fósforo estava 5,0, o que é normal para o doente renal crônico. Perguntei então para a nefrologista, que me mandou hidratar bem a pele. Foi o que fiz e a coceira passou. Fica a dica!

O Sr. Expedito está com fraqueza nas pernas e tem levado alguns tombos. Mesmo assim, ele não reclama de nada. Ele é o típico nordestino forte e guerreiro!

O Sr. Tomás está na expectativa de começar a usar a fístula para retirar o cateter e poder mergulhar no mar. Ele é um homem independente, culto e otimista! Companhia muito agradável!

A Joana está bem, apesar da sua pressão ser baixa (10x6). Ela é muito politizada e o momento atual a está deixando muito animada. Isto é bom! Ela é muito discreta e reservada.


Um dos problemas do doente renal crônico é o fósforo. O seu excesso é eliminado pelos rins. Nos doentes renais crônicos, como os rins não funcionam, este mineral não é eliminado adequadamente e pode se acumular no sangue, causando prurido (coceira) e estimulando a produção do paratormônio. Para evitar que o fósforo fique alto e cause os problemas citados, o nefrologista pode prescrever um querelante de fósforo (Renagel), que deve ser tomado durante as refeições que tenham alimentos ricos em fósforo, ou uma dieta com redução de fósforo. Os doentes renais crônicos, que fazem hemodiálise e, portanto, fazem exames mensais, devem observar sempre a taxa do fósforo que deve ficar entre 3,5 e 5,5. Fiquem atentos à alimentação!!!


  




"A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda." (Oliver Goldsmith)  

Vamos dedicar um pouco do nosso precioso tempo aos doentes e utilizar a dor para lapidar o prazer!!!

Com carinho,
Helô



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sábado, 7 de maio de 2016

Braço direito

Olá, amigos!

Hoje, 8 de maio de 2016, completa 3 anos que eu faço hemodiálise.

Há 3 anos, eu mal sabia o que era hemodiálise. De modo que resolvi criar este blog para compartilhar experiências e aprendizados. Foi a melhor coisa que fiz!

Em 19 de março de 2013, eu fiz uma fistula artero-venosa para poder iniciar a hemodiálise. Eu queria muito que a fístula tivesse sido feita no meu braço esquerdo, por eu ser destra e poder ficar com o meu braço direito livre, uma vez que muitas restrições e muitos cuidados devem ser tomados com o braço da fístula. Mas a fístula foi feita no braço direito, devido a um derrame cerebral que tive aos 29 anos e afetaram as minhas veias do braço esquerdo. É por isso que coloquei o título de Braço Direito neste post.

Abaixo pode-se observar a imagem de uma fístula arteiro-venosa e o fluxo do sangue na diálise:

      



Eu cuido da minha fístula com muito carinho, pois ela é o meu acesso à máquina de hemodiálise, que me mantém viva. Os meus cuidados básicos são: não carregar muito peso, lavar muito bem os locais das incisões das agulhas, não garrotear o braço (ex.: pulseiras, medir pressão, tirar sangue), fazer exercícios com bolinha para desenvolver as veias, colocar compressa de gelo pós-hemodiálise e compressa de água morna no dia seguinte da hemodiálise e alguns outros. Nunca cuidei tanto do meu braço direito como nesses três anos!

Eu já fiz 465 sessões de hemodiálise com duração de 4 horas cada. Tive 2 infecções, mas em apenas 1 delas eu precisei ficar internada. Tive 8 mal súbitos (desmaios), sendo 5 durante as sessões de hemodiálise e 3 fora das sessões (missa, manicure e em casa). Conheci pessoas que morreram e pessoas que fizeram transplante. Fiz vários amigos. Escutei muitas histórias de vida. Apreendi ser mais compreensiva e tolerante. Esta é uma breve síntese desses meus três anos de hemodiálise.

Quando eu iniciei a hemodiálise, a enfermeira me sugeriu que utilizássemos a técnica buttonhole (túnel) para me puncionar. Como todas as escolhas, havia os prós (braço ficar menos feio, as punções doerem menos com o uso de agulhas romba (sem corte) e os contras (maior risco de infecção). Eu concordei e assumi os riscos. Dois túneis foram feitos (arterial e venoso). O arterial, que é o mais perto do pulso, ainda é o mesmo até hoje. Já o venoso estava funcionado mal e foi feito o 2ª túnel em abril de 2016. Meu braço direito está muito bom e as minhas sessões de hemodiálise transcorrem muito bem e muito eficazes (KTV em torno de 1,60, sendo que o desejável é no mínimo 1,40). Amo o meu braço direito!

Vejam abaixo a foto do meu adorado braço direito tirada hoje (8/5/2016) com os 3 túneis (utilizo os 2 das pontas e o do meio foi desprezado):



                                   



O meu braço direito é tudo para mim. Ele aguenta firme todas as punções. Ele fica dolorido no dia da hemodiálise, mas no outro dia está bom e pronto para fazer tudo normalmente: escrever, cozinhar, arrumar a cama, dirigir, fazer exercício e tudo mais. Com certeza, há 3 anos ele é a parte mais importante do meu corpo e a que eu mais gosto e cuido. O meu amado braço direito!

Quando eu comecei a fazer a hemodiálise, eu tinha muito esperança, para não dizer certeza, que faria um transplante renal em menos de um ano. Esta esperança me fez ter paciência, perseverança e otimismo para viver muito bem esses 3 anos. Ainda hoje continuo tento a esperança que o meu dia logo chegará. Acredito que sem esperança a vida fica muito mais difícil!

Sempre dizemos que alguém muito especial e imprescindível em nossas vidas é o nosso braço direito. Eu digo, sem medo de errar, que o meu braço direito é o meu braço direito, por ser imprescindível para que eu continue viva. 

Obrigada meu braço direito! Que você continue forte e firme até o dia do meu tão desejado transplante renal!

O pensamento abaixo é de Cora Coralina e me motiva a decidir a cada dia ser simplesmente feliz:

"Procuro semear otimismo e plantar sementes da paz e da justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que  faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende. Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir."

Com carinho,
Helô




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