sábado, 17 de agosto de 2019

Transplante de rins de porcos em humanos

Olá, amigos!


A jornalista brasileira Paula Felix publicou, em 14/8/2019, um artigo no jornal brasileiro chamado "O Estado de São Paulo", ou simplesmente Estadão, sobre o estudo que a Santa Casa e a USP, universidades da cidade de São Paulo, estão fazendo sobre métodos para tornar possível o transplante de rim de porcos em humanos.


Clique em formas de usar rins de porcos em transplantes e poderá ler o artigo original. Mesmo assim, eu transcrevi abaixo o artigo para facilitar a leitura de todos.




Vale a pena lê-lo e compartilhá-lo para acompanharmos o excelente trabalho que está sendo feito para agilizar um transplante renal.                                             





Santa Casa e USP buscam formas de usar rins de porcos em transplantes

foto: Werther Santana / Estadão)

Descelularização, uma lavagem do órgão animal para repovoar tecidos com células humanas, está em estudo na Santa Casa; já cientistas da Universidade de São Paulo utilizam engenharia genética para criar alternativas que evitem rejeição nos pacientes.


SÃO PAULO - Em laboratórios de importantes instituições de pesquisa, especialistas estão debruçados em métodos para resolver o problema da fila para transplante de rim, que supera os 29,5 mil pacientes no Brasil. Com técnicas diferentes, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e a Universidade de São Paulo (USP) estudam meios de como usar rins de porcos para transplante em humanos.

Na Santa Casa, o método pesquisado é a descelularização, que consiste em retirar as células do órgão do porco, por meio de lavagem com um tipo de detergente orgânico. Depois, o órgão é repovoado com células humanas.

Fundador da startup de biotecnologia Eva Scientific, o bioengenheiro Andreas Kaasi integra a equipe do Instituto de Pesquisa, Inovação Tecnológica e Educação (Ipitec) da Santa Casa, que trabalha no projeto para o uso do órgão do porco há pouco mais de um ano. “O órgão que começou bordô fica cada vez mais branco. O processo dura cerca de 24 horas. Antígenos e células que poderiam causar rejeição (no paciente humano) serão removidos.” Apesar de assumir aparência fantasmagórica, com a perda da cor, o rim mantém o formato original. 


As técnicas

Santa Casa e USP estudam métodos para tornar possível o transplante de rim de porcos em humanos

Descelularização (método pesquisado pela Santa Casa) (figuras abaixo na linha do alto)

1) O rim do porco recém-abatido é clocado em um biorreator de tecido;


2) Nesse equipamento, um líquido que funciona como um "detergente" orgânico circula por toda a estrutura do órgão, removendo todas as células e substâncias que poderão causar rejeição;


3) Após passar o processo, que dura cerca de 24 horas, resta apenas a estrutura do órgão, também chamada de "estroma"ou arcabouço;



4) Nessa etapa, o rim, que fica com uma coloração branca, é considerado um órgão anônimo. A ideia é, no futuro, repovoar com células-tronco do paciente que aguarda pelo órgão e realizar o transplante.



Xenotransplante (técnica estudada pela USP) (figuras abaixo na linha de baixo)

1) Os óvulos de marrãs (fêmea do porco) e espermatozoides dos cachaços (machos) serão coletados. É realizada a fertilização in vitro;

2) Na fase de zigoto, é aplicada uma técnica chamada CRISPR-Cas9 em que são retirados os genes responsáveis pelas proteínas que causam rejeição no ser humano;

3) Os zigotos modificados são introduzidos nas marrãs no período adequado. As ninhadas devem crescer em condições adequadas até atingirem o peso para os receptores.



                                
                                       Essas figuras acima são arte do Estadão sobre as 2 técnicas

Segundo ele, a Santa Casa teria capacidade para produzir 50 rins por semana. “É uma possibilidade para quebrar o descompasso entre demanda de órgãos e disponibilidade.” Sobre a previsão de usar a técnica em humanos, Kaasi estima prazo de 10 a 15 anos. “Chegamos à metade do caminho. Conseguimos anonimizar (descelularizar) o órgão do porco, que tem a mesma anatomia para ser humanizado.” 
Diretor executivo do Ipitec, Luiz Antônio Rivetti afirma que o andamento da pesquisa anima. “Os resultados são melhores do que a gente imaginava. O glomérulo (unidade funcional do rim) estava preservado. O repovoamento (com células humanas) é a próxima fase.”

          
          Pesquisador mostra órgão suíno depois do processo (foto: Werther Santana / Estadão)

Xenotransplante

Na USP, a técnica é diferente. A proposta é trabalhar com engenharia genética, com um método chamado xenotransplante. No lugar de trocar as células do órgão, o objetivo nesse modelo é criar animais modificados geneticamente. Isso permitiria que esses porcos já não tivessem as proteínas que causam rejeição hiperaguda no homem. Há cerca de dois anos, especialistas estudam esse formato por meio da técnica CRISPR-Cas9, de edição genética, usada em pesquisas americanas.
“Essa é uma técnica que retira, acrescenta ou deleta genes do genoma de qualquer ser vivo”, afirma Silvano Raia, professor emérito da Faculdade de Medicina da USP. 
Para a primeira etapa, a ideia é trabalhar com rim e pele do porco. O animal foi escolhido por ter mais semelhanças com os humanos do que os macacos. “Eles (suínos) são mais parecidos na alimentação, o manuseio é mais fácil e crescem depressa para chegar aos 70 quilos, 75 quilos, que é o peso médio do receptor (humano). Também é fértil e tem ninhadas de 18 a 20 filhotes”, afirma Raia. 
Segundo o professor, testes em humanos, rigorosos, só serão realizados com aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para avaliar riscos e benefícios aos pacientes. A alternativa já é estudada no exterior, em locais como a Universidade do Alabama em Birmingham (EUA). 
“A engenharia genética tem progresso constante e há várias linhas de pesquisa trabalhando e tentando chegar em soluções. Do ponto de vista de compatibilidade, o porco tem mostrado que isso pode ser feito”, explica Paulo Pêgo Fernandes, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.
Segundo Mayana Zatz, do centro de pesquisas em genoma humano e células-tronco da USP, já há técnicas disponíveis que poderão ser usadas para realizar o transplante nos futuros pacientes sem a necessidade de cirurgias de grandes proporções. “É possível colocar o rim abaixo da pele e, se não funcionar, pode retirar e o paciente voltar para a hemodiálise.”

Vídeo no Youtube sobre as técnicas de transplante de rins de porco em humanos

Espera no Brasil

Conforme o Ministério da Saúde, de janeiro a abril deste ano, foram realizados 1.651 transplantes de rim pelo Sistema Único de Saúde (SUS), responsável por 95% dos procedimentos com órgãos sólidos no País. Já em todo o ano passado, foram 5.196 transplantes. A fila de espera por um rim tem 29.545 pacientes.
Silvano Raia diz que, no Brasil e no mundo, não há previsão de aumentar a captação de órgãos para transplante, mas a fila é crescente. “Vem aumentando por várias razões: os resultados (dos transplantes) são melhores, a idade média da população está aumentando e (a doença) está tendo tempo para evoluir e chegar a uma etapa que só a substituição resolve”, explica. 

Passo a passo

- Indicação
O transplante renal está indicado para pacientes que apresentam doença renal crônica avançada. 
- Como funciona a doação
Hoje há dois tipos de doadores: os vivos (parentes ou não) e os mortos (com diagnóstico de morte encefálica e devida autorização familiar). Para receber um rim de um doador falecido é preciso estar na lista única de receptores de rim, especificamente da Central de Transplantes do Estado onde será feito o transplante.
- Desafios da nova técnica
Ainda não há prazo para que as novas técnicas possam ser usadas em larga escala. Segundo o professor da USP Silvano Raia, o uso de rim de porco em humanos pode ainda despertar reações em vários campos. Há religiões que não consomem carne suína. E, no âmbito ético e jurídico, será necessário regulamentar a distribuição desses órgãos pelo Sistema Nacional de Transplantes.


Eu publiquei este post hoje, 17 de agosto de 2019, e espero que em breve ele seja uma realidade. 

FÉ, FORÇA E ESPERANÇA SEMPRE!!!

Com carinho,
Helô




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