quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Mialgia e CPK elevado

Olá, amigos!

Hoje vou falar-lhes sobre o efeito colateral do medicamento LipLess (ciprofibrato).

Na minha clínica de hemodiálise, a rotina é coletar sangue para exames na primeira semana de cada mês. E assim foi feito em janeiro de 2017. A alteração mais relevante no meu caso foi a taxa de triglicerídeos que atingiu 449 mg/dL (desejável < 200; limítrofe de 150 a 200; limiar alto de 200 a 400; elevado de 400 a 1000, muito elevado > 1000).  A médica me prescreveu LipLess à noite em dias alternados e a nutricionista me orientou sobre o que comer e o que evitar, que já comentei no post sobre triglicerídeos, e a fazer 30 minutos de caminhada diárias. A médica ainda me advertiu sobre a possibilidade de uma intensa dor muscular (mialgia), que seria um efeito colateral do medicamento.

Em 10 de janeiro de 2017, eu comecei a tomar o LipLess, a fazer caminhadas e dieta. Nesse meu entusiasmo em diminuir o triglicerídeos, eu voltei a fazer esteira em 17 de janeiro, após quase um ano. Após alguns dias, eu comecei a sentir dores na batata da perna. Nada de dor intensa e acreditei que era do exercício. Por via das dúvidas, eu relatei a dor para a minha médica da hemodiálise e ela também acreditou que não seria o efeito colateral do LipLess, porque a dor seria intensa. Eu mais uma vez lhe falei que eu sou muito tolerante a dor. Ela então me pediu dois exames de sangue para avaliar alguma lesão muscular decorrente do LipLess, que foram: a) CPK (creatinoquinase total) e CKMB massa.

Em 24 de janeiro de 2017, eu fui coletar esses exames. Continuei a tomar o LipLess e a fazer exercício, porque as minhas dores na batata da perna estavam suportáveis. Mas para minha surpresa e da médica, o resultado dos meus exames foram muito elevados. O CPK deu 2355 U/L (valor de referência para pessoas acima de 18 anos é de 26 a 140) e o CKMB deu 41,1 ng/mL (valor de referência é inferior a 5,0). Como eu soube do resultado na 2ª feira à noite, eu iria tomar o LipLess naquela noite e só iria fazer hemodiálise na 4ª feira, eu telefonei na minha clinica, relatei o caso à médica de plantão e ela mandou eu suspender a ingestão do LipLess. Fiquei frustrada em relação a interromper o meu tratamento para diminuição do meu triglicerídeos e agora receosa com as elevadas taxas de lesão muscular. Isso serve de alerta para todos sobre o perigoso efeito colateral de um medicamento. Fiquem sempre atentos!!!

Na terça-feira, 31 de janeiro, eu consultei o meu médico particular. Ele me mandou ficar em repouso para os músculos se recuperarem, confirmou a suspensão do LipLess, me prescreveu Ômega 3 de 12/12h e pediu para eu repetir os exames em 10 de fevereiro, inclusive do triglicerídeos. Vamos em frente!!! Hold on!!!


      
  

Conversando com uma amiga e relatando o ocorrido, ela ficou mais desanimada que eu diante de mais este problema. Ela me disse que nunca aguentaria fazer hemodiálise por 3 anos e 8 meses, como no meu caso. Eu respondi que eu também não aguentaria se pensasse nos anos que durariam o meu tratamento. Mas, como eu vivo um dia de cada vez, eu só pensava naquele dia, na possibilidade iminente de um transplante renal, naquela sessão de hemodiálise e assim o tempo foi passando de forma amena. Cada infecção, cada desmaio, cada dor ao ser puncionada, cada taxa de potássio/fósforo/ferro/hematócrito/uréia/creatinina alterada, cada ganho excessivo de peso, cada adversidade eu resolvia pontualmente e seguia em frente, mantendo-me sempre firme. Já fiz 584 sessões de hemodiálise e custo a acreditar que já passou tanto tempo. Superar é preciso. Falo e insisto que a hemodiálise não é um problema e sim um tratamento. O problema é a insuficiência renal e as restrições que a falta de um órgão vital nos faz no dia a dia, especialmente em relação à alimentação e à ingestão de líquido, que devem ser equilibradas, uma vez que o filtro do nosso corpo (rins) está danificado e funciona mal. Vamos desmistificar a hemodiálise como sendo um problema e um atestado de óbito. Ela é um tratamento cada dia mais seguro, mais eficiente e menos dolorosa. A dor é no momento da punção, numa eventual câimbra, num eventual mal estar, numa retirada excessiva de líquido, mas normalmente as 4 horas da sessão de hemodiálise é indolor. O problema é o nosso comportamento diante da insuficiência renal. Não aceitamos a doença e agimos como se nada tivéssemos. Vamos ser proativos, seguir as orientações médicas e nutricionais e ter uma boa qualidade de vida. Com certeza, depende de nós esta melhor qualidade de vida como doentes renais!!!

"As pessoas não carecem de força, carecem de determinação." (Victor Hugo)


Vamos fazer uma alimentação equilibrada, beber a quantidade de líquido recomendada e garantir um boa qualidade de vida!


Com carinho,

Helô



OBS: Visitem a minha página do Facebook chamada Blog Hemodiário (https://www.facebook.com/BlogHemodiario) e o meu perfil do Instagram com o nome de @blog_hemodiario. Até lá!

OBS2: Venham participar do grupo HEMODIÁRIO no Facebook!!!