segunda-feira, 6 de maio de 2019

Transplante renal - Principais dúvidas

Hoje, 6 de maio de 2019, eu resolvi publicar num texto que está postado na Sociedade Brasileira de Nefrologia e esclarece muito bem os pontos principais sobre transplante renal. Vamos lá: 


O que é transplanta renal?

É uma opção de tratamento para os pacientes que sofrem de doença renal crônica avançada.

No transplante renal, um rim saudável de uma pessoa viva ou falecida é doado a um paciente portador de insuficiência renal crônica avançada. Através de uma cirurgia, esse rim é implantado no paciente e passa a exercer as funções de filtração e eliminação de líquidos e toxinas.

Seus próprios rins permanecem onde eles estão, a menos que estejam causando infecção ou hipertensão.

O transplante renal é considerado a mais completa alternativa de substituição da função renal. Tendo como principal vantagem a melhor qualidade de vida, pois o transplante renal garante mais liberdade na rotina diária do paciente.




Quem necessita se submeter a esse tratamento?

O transplante renal está indicado para pacientes que apresentam doença renal crônica avançada. A indicação do transplante de rim é feita após o médico nefrologista avaliar o paciente e considerar exames de sangue, de urina e de imagem.


Quais as contra indicações para o transplante renal?

As contraindicações são impostas pelas condições de saúde do paciente, como em qualquer outra cirurgia. Portadores de enfermidades hepáticas, cardiovasculares ou infecciosas que não se encontrem controladas e pacientes gravemente desnutridos são contraindicações formais para esta operação.

Pacientes com distúrbios psiquiátricos, abuso de álcool ou drogas, ou problemas graves na estrutura familiar, podem comprometer o uso correto dos medicamentos e controles médicos e laboratoriais no pós-transplante.


É necessário fazer diálise antes de fazer o transplante de rim?

Não necessariamente. Se o paciente com doença renal crônica estiver em tratamento conservador desde o começo de sua doença, é possível programar o momento que será necessário realizar um transplante de rim, ou seja, na fase avançada de sua doença. Porém, para isso, é necessário ter um doador vivo.

Como a doença renal crônica é silenciosa, muitas vezes os pacientes só descobrem a doença em fases avançadas, quando não há tempo para programar o tratamento que ele desejaria realizar. É por isso que a maioria das pessoas que apresentam doença renal crônica avançada começa primeiro por hemodiálise ou diálise peritoneal. E depois, se inscrevem na lista de transplante de rim ou recebem um rim de um doador vivo.


Quem pode ser doador de rim?

Existem dois tipos de doadores: os doadores vivos (parentes ou não) e os doadores falecidos.

No caso de doadores falecidos os rins são retirados após se estabelecer o diagnóstico de morte encefálica e após a permissão dos familiares. O diagnóstico de morte encefálica segue padrões rigorosos definidos pelo Conselho Federal de Medicina.

Vários exames são realizados para se certificar que o doador apresenta rins com bom funcionamento e que não possui nenhuma doença que possa ser transmitida ao receptor. O sangue do doador será cruzado com o dos receptores, e receberá o rim aquele paciente que for mais compatível (menor risco de rejeição) com o órgão que está disponível.

Para receber um rim de doador falecido é necessário estar inscrito na lista única de receptores de rim, da Central de Transplantes do Estado onde será feito o transplante.

Os critérios de seleção do receptor são compatibilidade com o doador e tempo de espera em lista.

No caso de rim de doador vivo, tanto os parentes, quanto os não parentes podem ser doadores, sendo necessária uma autorização judicial. São feitos vários exames do doador para se certificar que apresenta rins com bom funcionamento, não possui nenhuma doença que possa ser transmitida ao receptor e que o seu risco de realizar a cirurgia para retirar e doar o rim seja reduzido.

Então as condições necessárias para ser um doador vivo é manifestar desejo espontâneo e voluntário de ser doador (a comercialização de órgão é proibida). Há a necessidade de ter compatibilidade sanguínea ABO com o receptor. É realizado testes para comprovar outras compatibilidades (HLA e cross-match).


Quais os riscos que corre um doador vivo?

Toda pessoa que se submete a uma cirurgia e anestesia geral corre riscos que podem, no entanto, ser minimizados com os exames pré-operatórios e os avanços nas técnicas anestésicas e cirúrgicas. Por outro lado, as funções renais podem ser realizadas de forma normal por um único rim (como se observa em pessoas que já nascem com um rim único, ou em vítimas de acidentes ou enfermidades com perda de um dos rins).


É necessário continuar indo ao médico após o transplante de rim?

Sim. Após o transplante de rim, o paciente ficará tomando remédios chamados de imunossupressores, que diminuem a chance de rejeição do órgão que ele recebeu. Os pacientes transplantados devem usar medicações durante todo o tempo que forem transplantados. O abandono da medicação pode ter sérias consequências como a perda do rim transplantado e outras complicações.

Esses remédios reduzem a imunidade do paciente para evitar a rejeição do rim, mas, apresentam, como todos os remédios, efeitos colaterais. Entre os efeitos colaterais mais comuns destacam-se a predisposição a infecções virais e bacterianas, principalmente no primeiro ano após o transplante de rim.


Comparando a hemodiálise, diálise peritoneal e transplante de rim, qual é a melhor opção?

De uma forma geral, os pacientes que se submetem ao transplante renal têm uma maior sobrevida ao longo dos anos. Porém, a indicação da melhor estratégia de tratamento depende de vários fatores, como: idade do paciente, causa da doença renal crônica, outras doenças que o paciente apresenta, fatores econômico-sociais, etc. Então a melhor opção deve ser individualizada para cada paciente.


O rim transplantado dura para sempre?

Alguns pacientes permanecem com os rins transplantados funcionando por vários anos (mais de 10 anos), mas em alguns casos o tempo de duração de funcionamento do órgão não é tão longa.

Características relacionadas ao paciente que recebeu o órgão, como número de transfusões sanguíneas, transplantes anteriores; intercorrências ocorridas no momento do transplante renal e ao próprio órgão que foi doado terão impacto na duração do funcionamento do órgão.

Outro fator que influencia o tempo de funcionamento do rim transplantado é o uso correto dos imunossupressores.

O rim transplantado também pode ser acometido com algumas doenças que poderão alterar sua função, como as infecções urinárias, obstruções na via de saída de urina e rejeições aguda ou crônica (nesta situação, o organismo do paciente passa a reconhecer o rim recebido como estranho). Cada uma dessas situações tem um tratamento específico, e quanto mais cedo for iniciado, maiores as chances de manter o funcionamento do rim.



Espero que o esclarecedor texto da SBN tenha dado uma noção básica sobre o que é o transplante renal e tirado algumas das suas dúvidas.


FÉ, FORÇA E ESPERANÇA SEMPRE!!!


Com carinho,

Helô






CONVITES:

1) Curtam a minha página do Facebook chamada Blog Hemodiário (https://www.facebook.com/BlogHemodiario) e o meu perfil do Instagram com o nome de @blog_hemodiario, 

2) Venham participar do grupo HEMODIÁRIO no Facebook e compartilhar os teus medos, curiosidades e anseios.


sexta-feira, 3 de maio de 2019

Transplante e falta de medicamento

Hoje, 3 de maio de 2019, vou relatar brevemente a falta do imunossupressor TACROLIMO 1 mg na CEAF Vila Mariana ou Farmácia de Alto Custo da Vila Mariana na cidade de São Paulo.


Eu fiz transplante renal no Hospital do Rim, na cidade de São Paulo, em 31/8/2017. Este hospital é referência na área de transplante renal, especialmente no setor público. É o hospital que mais faz transplantes pagos pelo Governo no mundo, que no caso do Brasil é o SUS. São feitos cerca de 1000 transplantes por ano e atende a pessoas de todo Brasil. Via de consequência, todos os transplantados neste hospital são encaminhados para a Farmácia de Alto Custo da Vila Mariana, que fica na região e assim ela vai "inchando" a cada ano, sendo que o Estado de São Paulo nada faz para melhorar a estrutura desta Farmácia para atender a todos com dignidade. Cadê a gestão eficiente, Governador João Dória?


Quando nós fazemos transplante renal, nós temos que tomar diariamente alguns medicamentos para evitar a rejeição do rim transplantado. Este é o comprometimento do transplantado para preservar o órgão recebido. Assim, temos que ir mensalmente à Farmácia de Alto Custo, na qual somos cadastrados, para buscar a quantidade mensal desses medicamentos. Cabe ao Governo fornecê-los, por serem medicamentos indispensáveis para assegurar a preservação do órgão transplantado e evitar que os doentes renais crônicos rejeitem o rim transplantado e voltem para a custosa hemodiálise ou diálise peritoneal. Dentre esses medicamentos essenciais está o TACROLIMO 1 mg.








Neste último mês de abril de 2019, eu fui à Farmácia de Alto Custo da Vila Mariana em 1º/4/2019, conforme data agendada pela Farmácia. Aguardei cerca de 4 horas após pegar a minha senha (tinham 330 senhas na minha frente) e, quando chegou a minha vez, eu recebi o imunossupressor Micofenolato de Sódio para o mês todo e nenhum comprimido do outro imunossupressor, TACROLIMO 1 mg. Fiquei assustada, mas sabia que não era responsabilidade da Farmácia tal indisponibilidade. Nesta Farmácia, nós somos muito bem atendidos e os funcionários fazem o possível e o impossível para atender a todos com cordialidade e comodidade. MAS NÓS SOMOS MUITOS. A funcionária me forneceu então o telefone e o e-mail para eu me informar sobre a disponibilidade do TACROLIMO 1mg na Farmácia e não ter que me deslocar até lá desnecessariamente. Assim eu fiz. Mandei e-mail no dia 1º, 8, 18 e 29 de abril e obtive resposta sempre no mesmo dia. No final do mês, eu recebi enfim a resposta de um e-mail que disponibilizava a quantidade do TACROLIMO para apenas 10 dias. Fui até a Farmácia e esperei por mais de 3 horas. Este problema da falta dos medicamentos imunossupressores vem ocorrendo desde meados de 2017 ou início de 2018, não me recordo ao certo.

Fui então me informar o motivo desta falta dos medicamentos imunossupressores nas Farmácias de Alto Custo e fui informada que a licitação para a aquisição desses medicamentos era feita anualmente pelo Ministério da Saúde e passou a ser feita trimestralmente. Como é sabido, o processo de licitação é demorado e burocrático, de modo que ter que ser feito trimestralmente gerou um entrave e a indisponibilidade frequente dos medicamentos.

Como eu tomei ciência, é óbvio que o nosso Secretário de Saúde do Estado de São Paulo, José Henrique Germann Ferreira, nomeado pelo Governador João Dória, estava ciente da TRIMESTRALIDADE das licitações para aquisição desses medicamentos pelo Ministério da Saúde e deveria ter sugerido ao Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que as licitações voltassem a serem ANUAIS, quando não ocorria este sério problema da falta dos medicamentos. DESCASO!!!







Resolvi então fazer posts sobre o assunto na página do meu Blog Hemodiário no Facebook e no Instagram, sempre marcando o Governador Dória e o Presidente Bolsonaro. Além disso, eu escrevi inúmeros Twitters com hashtag # para mídia e marcando @ muitas autoridades. Finalmente, várias mídias relataram o problema, inclusive mostrando a Farmácia da Vila Mariana, onde eu busco os meus medicamentos, e até o Carlos Tramontina leu um dos meus Twitters, postado em meu nome e não do Blog, durante o SPTV 2ª edição, que é transmitido por volta das 19 horas para o Estado de SP. A repercussão foi ótima e animadora. Dei várias entrevistas, reforçando que fosse pedido ao Ministro da Saúde que voltasse a fazer anualmente as licitações para a aquisição de medicamentos e não mais trimestralmente, como é atualmente e desde quando começou o problema de falta de medicamentos. A força da mídia é imensurável!!! VIVA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO!!!









Eu sofri muito durante os 4 anos e 3 meses de hemodiálise, com sessões de 4 horas por 3 vezes na semana. Foram cerca de 640 sessões e a maior dor era a perda de pessoas queridas que, devido ao convívio intenso, se tornavam pessoas muito especiais. Foi muito difícil esses anos na hemodiálise e não pretendo voltar a fazer hemodiálise pelo simples fato de faltar medicamento essencial para preservação do rim transplantado, que foi, e é, uma obrigação assumida pelo Governo como política de saúde pública mais econômica (o transplante) para tratar os doentes renais crônicos que a hemodiálise ou a diálise peritoneal.





Sou muito persistente e incansável em defender os meus direitos e os direitos de todos, de modo que nunca vou desistir de lutar por mim e por todos. Esta sempre foi a intenção maior deste Blog, que o iniciei quando comecei a fazer hemodiálise em maio de 2013. NUNCA VOU DESISTIR DA VIDA!!!



FÉ E ESPERANÇA SEMPRE!!!



Com carinho,

Helô Junqueira