sábado, 26 de outubro de 2013

HemoFamília #9 - Emoção

Olá, amigos!

Agora vou falar-lhes sobre outra semana na Clínica Maldivas. Escolhi este nome, porque, se Deus quiser, farei um transplante renal e irei conhecer esta ilha paradisíaca. Os demais nomes também são fictícios e inspirados em nomes bíblicos, pois a fé passa a ser o nosso norte.

Cada episódio semanal desta série corresponde a 3 sessões de hemodiálise, mais especificamente às de 6ª, 2ª e 4ª feira. Assim, eu a publico na 4ª ou 5ª feira. Claro que isso não é uma regra, mas uma diretriz para o momento.

Os aproximados 30 pacientes que fazem hemodiálise no meu turno, mais alguns de outros turnos, mais os médicos, as enfermeiras, os técnicos de enfermagem, o pessoal da limpeza, o repositor de material, o técnico das máquinas, as recepcionistas e outros, acabam formando uma família, na qual todos acompanham os problemas uns dos outros, compartilham seus sofrimentos, torcem pela recuperação alheia, alegram-se quando alguém faz transplante e sofrem quando alguém falece. É difícil de explicar, mas a habitualidade da convivência com pessoas tão diferentes em situações bem parecidas, nos tornam familiares e isso é muito bom e confortante.


                                                                    fonte: Psiconlinebrasil


Eu faço hemodiálise numa sala com mais 3 pessoas. A sala é retangular e, ao adentrá-la, podemos ver 4 cadeiras com 4 máquinas de hemodiálise sob 2 janelões em frente à porta; uma pia, uma balança, uma bancada e uma TV logo do lado esquerdo, na mesma parede da porta; uma pia, um armário e uma bancada para utilização da enfermagem do lado esquerdo, na parede entre a porta e as janelas, e uma porta grande de correr que leva até a sala 2 e um ar condicionado do tipo Split do lado direito de quem entra na sala, parede à direita entre os janelões e a porta de entrada.

Para quem entra na sala 1, observa-se nas cadeiras da esquerda para direita: Sr. Mateus (73 anos), Sr. Marcos (92 anos), Lucas (67 anos) e eu (52 anos). É um ambiente muito agradável e alegre, apesar da atenção que o local requer.

Ontem, sexta-feira, 25 de outubro de 2013, foi aniversário do Sr. Marcos, que completou 92 anos. Fizemos uma festa e ele ficou muito contente. Eu levei empadas de camarão e frango, o Sr. Mateus levou uma torta de legumes, o Lucas levou Guaraná e o aniversariante levou um bolo, com as velas, e docinhos. A festa aconteceu na hora habitual do nosso lanche, 12h30, e reuniu 13 pessoas: nós 4 pacientes, 2 cuidadoras, 2 faxineiras, 2 técnicas de enfermagem, 2 enfermeiras e 1 médico. Cantamos parabéns com muita animação e o Sr. Marcos ficou feliz e emocionado. O quitutes estavam ótimos e nos deliciamos. Foi um prazer ter organizado esta festa e tornar tão especial esta data tão importante.

O Sr. Marcos é uma pessoa querida, que nunca reclama de nada e só agradece tudo o que fazem por ele. Tem uma família presente, uma dedicada esposa com 83 anos e 2 filhos que cuidam muito dele, além deles, tem uma eficiente cuidadora. É um homem quieto, mas com semblante feliz.

A emoção de um dia como este é muito forte. Em primeiro lugar, porque fazer 92 anos não é para qualquer um e, em segundo, porque presenciar a alegria de viver daquele senhor, apesar das limitações que a HD lhe causa, é um sentimento indescritível, pois nos faz refletir sobre esta palavra "viver".

Na última hora da HD, fiquei pensando o que é viver. Eu já tive alguns acidentes na minha vida, como: um grave acidente de carro na minha lua-de-mel, aos 23 anos; uma eclâmpsia no final da gravidez da minha filha Fernanda, aos 26 anos; um AVC, aos 29 anos, e agora, aos 52 anos, a falência renal e a necessidade de uma hemodiálise, mas nunca deixei de querer viver. Viver significa aprender sempre e compartilhar este aprendizado em busca de um mundo melhor. Viver é muito mais do que existir. Viver implica em assumir a responsabilidade pelos próprios atos, transformando-os todos em gestos de amor, alegria e compaixão. Viver é tornar cada dia um presente de Deus e, por isso, devemos nos alegrar e agradecer por cada dia. No final da minha reflexão, agradeci a Deus por estar viva e ainda me emocionar por momentos tão simples como o daquele dia.

Fiquei emocionada também por ouvir tantas palavras de agradecimentos pela festa, que foi tão simples, e por ouvir que nunca comeram empadas tão boas. Eu as encomendei num bom lugar e fiz questão de buscá-las antes de ir para a hemodiálise, assim ainda quentinhas na hora do lanche. Confesso que chorei e fiquei muito feliz por tudo.

Charles Chaplin nos ensinou que: "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."





                                                                fonte: caminhar para a essência


A emoção é "a reposta instintiva que temos quando passamos pelas diversas situações de vida. Sem as emoções as pessoas não percebem significado nos acontecimentos."

Foi uma ótima semana!

Estamos todos lutando pela vida com muita fé e esperança, apesar das inúmeras limitações e dificuldades!

Boa semana a todos!!!

Amigos, venham embarcar comigo nesta jornada da vida real!!! Bem-vindos!!!


"Viva com simplicidade.
 Ame generosamente.
 Cuide-se intensamente.
 Fale com gentileza.
 E, principalmente, não reclame.
 Se preocupe em agradecer pelo que você é, e por tudo o que tem!
 E deixe o restante com Deus."  
(Kelly Fagundes)


Com carinho,

Helô



OBS: Acessem a minha página do facebook chamada Blog Hemodiário e curtam. Lá, eu publico pequenos posts com dicas, curiosidades e novidades, além de divulgar os posts que eu publico aqui no blog. É muito interessante!!! (https://www.facebook.com/BlogHemodiario)

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

HemoFamília #8 - Peso Seco e Prime

Olá, amigos!

Agora vou falar-lhes sobre outra semana na Clínica Maldivas. Escolhi este nome, porque, se Deus quiser, farei um transplante renal e irei conhecer esta ilha paradisíaca. Os demais nomes também são fictícios e inspirados em nomes bíblicos, pois a fé passa a ser o nosso norte.

Cada episódio semanal desta série corresponde a 3 sessões de hemodiálise, mais especificamente às de 6ª, 2ª e 4ª feira. Assim, eu a publico na 4ª ou 5ª feira. Claro que isso não é uma regra, mas uma diretriz para o momento.

Os aproximados 30 pacientes que fazem hemodiálise no meu turno, mais alguns de outros turnos, mais os médicos, as enfermeiras, os técnicos de enfermagem, o pessoal da limpeza, o repositor de material, o técnico das máquinas, as recepcionistas e outros, acabam formando uma família, na qual todos acompanham os problemas uns dos outros, compartilham seus sofrimentos, torcem pela recuperação alheia, alegram-se quando alguém faz transplante e sofrem quando alguém falece. É difícil de explicar, mas a habitualidade da convivência com pessoas tão diferentes em situações bem parecidas, nos tornam familiares e isso é muito bom e confortante.


                                                                    fonte: Psiconlinebrasil


Nessa semana o foco das nossas conversas foi o peso seco. Um número exato muito difícil de se calcular com exatidão!

Conforme a definição encontrada no site da Fundação Pró-Rim, o peso seco é o seu peso ideal, com o qual você deve estar sentindo-se bem, sem inchaços, com pressão arterial normal, com exames de avaliação do pulmão e do coração normais. Este peso deve ser atingido ao término de cada sessão de hemodiálise.

Nós que fazemos hemodiálise nas 2ª, 4ª e 6ª feiras, ficamos sábado e domingo livres da máquina, mas, em compensação, toda segunda-feira é problemática em relação ao ganho de peso (líquido acumulado), principalmente porque há uma tolerância pessoal quanto ao peso a ser retirado.

O cálculo do peso seco é feito pelo médico e a tolerância quanto ao limite de líquido a ser retirado é observada pelo técnico de enfermagem, que cuida do paciente, e comunicada ao médico. Os sintomas mais comuns apresentados pelo paciente quando já atingiu o seu limite de tolerância de retirada de líquido é câimbra e hipotensão.  
                                                                                    
Os 3 fatores principais que contribuem para o nosso ganho de peso entre as sessões de HD são:
a) ingestão de líquidos,
b) ingestão de sódio,
c) volume urinário diário.

Claro que temos que lembrar sempre que o nosso peso seco varia muitas vezes durante o ano, como:
a) nos períodos de verão e inverno;
b) quando a pressão arterial sobe ou desce inexplicavelmente;
c) após uma doença infecciosa; após uma internação;
d) quando nos sentimos muito cansados no final da diálise;
e) quando diminuímos ou aumentamos a ingestão alimentar, e por motivos diversos.

Por isso, devemos sempre informar ao médico o que nos acontece dentro e fora da clínica para que ele calcule o nosso peso seco o mais próximo do exato.

Por fim, devemos ficar atentos sobre o líquido total que será retirado pela máquina, uma vez que frequentemente nós informamos ao técnico de enfermagem quanto vamos perder e quanto aguentamos perder. É claro que ele confere esse dado no controle do paciente e consulta o médico se deverá aumentar ou diminuir este volume naquele dia. Um detalhe importante é sabermos o volume do nosso "prime", que é a quantidade de líquido existente dentro do dialisador, pois este é somado ao peso que estamos acima do nosso peso seco e resulta no valor total da retirada. Assim, quando o técnico de enfermagem nos perguntar quanto nós vamos perder, você deve perguntar se ele quer saber com o "prime" (valor total) ou sem o prime (só o que ganhamos na balança). Detalhe importante, pois há uma rotatividade dos técnicos de enfermagem entre as salas de HD e ele ainda não nos conhece clinicamente. Sejamos pacientes atentos, pois o ser humano é falível!

Falo isso, também, porque logo no primeiro mês de hemodiálise fui informada de que o meu "prime" era 500 ml. e que eu poderia tirar até 1500 ml. em relação ao peso ganho, tendo como base o peso seco então estipulado. Um belo dia, eu precisei trocar de turno e de sala de HD. A técnica de enfermagem não me conhecia clinicamente e perguntou quanto eu iria perder e eu simplesmente falei o valor total, com o "prime", que seria 2,0 kg. Ela programou a máquina acrescentando o "prime", ou seja, para tirar 2500 ml., ou 2,5 kg., e eu não aguentei, tive um rápida hipotensão e desmaiei. Não tive nem câimbra, simplesmente fiquei com um forte zumbido nos ouvidos, enjoada, suei muito e desmaiei. Foi tudo muito rápido! Considero que a culpa foi só minha, pois acho que eu tinha que informar o peso a ser retirado sem o "prime".

Nesses 5 meses, eu tive 2 hipotensões mais sérias, que me fizeram desmaiar, uma, foi a relatada acima, e a outra, foi quando tentaram me tirar 2300 ml., valor total, e eu senti os mesmos sintomas acima mencionados: forte zumbido nos ouvidos, enjoo, suor e desmaiei. Posso garantir que é uma sensação nada agradável.


                                                                fonte: Willtirando

Nesta última 2ª feira, o Sr. Marcos (91 anos) chegou bem inchado e com 3 kg. acima do seu peso seco, mas ele só aguenta perder 2 kg. sem ter hipotensão e precisar tomar soro. Então, ele fica acima do peso e normaliza seu peso seco na 6ª feira.

O Lucas ganhou 1,6 kg. no final de semana. Normalmente, ele chegava 3 kg acima e tirava com facilidade. Como a pressão máxima dele ficou alta durante toda a hemodiálise, chegando a 20x8, a médica mandou aumentar o volume a ser retirado e diminuiu o peso seco dele em 1 Kg. Realmente, ele informou que tem comido muito menos.

O Sr. Mateus (73), diabético, ganhou 3,5 Kg. e conseguiu retirar todo este líquido. A pressão dele fica baixa 10x6, mas ele não tem qualquer sintoma.

Eu, conforme mencionei acima, ganhei 2 kg. e, até esta 2ª feira, eu tinha retirado no máximo 1,7 kg, sem o "prime", mas a médica mandou aumentar esta retirada para 2 kg. Fiquei 300 ml. abaixo do meu peso seco e me senti muito cansada após a diálise. Sei que tem pacientes que tiram até 4,5 kg. numa sessão, mas, por isso, que eu afirmo que cada paciente é diferente e esta diferença tem que ser respeitada em todos os sentidos, física e emocionalmente.


Foi uma boa semana!


Estamos todos lutando pela vida com muita fé e esperança, apesar das inúmeras limitações e dificuldades!


Boa semana a todos!!!


Amigos, venham embarcar comigo nesta jornada da vida real!!! Bem-vindos!!!


"O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã." (Leonardo da Vinci)

Com carinho,

Helô



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domingo, 13 de outubro de 2013

Nós também podemos viajar!!!

Olá, amigos!

Agora vou falar-lhes sobre a nossa liberdade de poder viajar e fazer hemodiálise em outros lugares dentro e fora do Brasil.

A foto abaixo é um dos hotéis da Maldivas, que é o lugar que sonho em visitar depois que for transplantada. Como diz Cecília Meireles, "liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda."


                                                        fonte: Bandos Island Resort-Maldives


Uma das piores coisas de fazer hemodiálise é ter a obrigatoriedade de ficar ligado à máquina por três vezes por semana durante um tempo indefinido e indeterminado. Há pacientes que fazem hemodiálise por muitos e muitos anos, o que deve ser muito cansativo e entediante. Por isso, apesar de estar fazendo hemodiálise há apenas cinco meses, resolvi pesquisar sobre uma eventual viagem, que equivaleria a umas férias da rotina, que é essencial para o ser humano.

Férias é um direito constitucional que assegura um período de descanso anual, o qual deve ser concedido ao empregado após o exercício de atividades por um ano. As férias, então, devem ser concedidas dentro dos 12 meses subsequentes à aquisição do direito. Esse direito é relativo ao empregado. Mas, é claro, que esta regra deve ser entendida de maneira genérica e pressupor que qualquer pessoa precisa sair da sua rotina de tempos em tempos. Então, como aplicar este direito e necessidade para quem faz tratamento de hemodiálise? Não é fácil, mas possível.

O primeiro passo é um bom planejamento, uma vez que teremos que localizar o centro de diálise mais perto do nosso destino e verificarmos se há vaga. Todo este procedimento burocrático é feito através de nossa clínica, mas podemos consultar os locais previamente, fazer um roteiro de viagem e assim fica mais fácil do responsável da nossa clínica agendar as nossas sessões de hemodiálise no curso da nossa viagem.


No Brasil, nós podemos consultar os Centros de Diálise mais próximos do nosso destino acessando o Locais de Hemodiálise no Brasil Feito esta consulta, comunique o responsável da tua clínica e certifique-se da possibilidade de vaga no período pretendido. O SUS ou o teu convênio cobre as tuas sessões de hemodiálise em outros locais, de modo que não iremos pagar nada por esta troca de local no âmbito nacional. Observamos, então, que o planejamento antecipado é fundamental para êxito da viagem.

No exterior, nós podemos consultar os Centros de Diálise acessando Encontre Centros de Nefrologia em outros países. Neste caso, também devemos comunicar ao responsável da nossa clínica, pois algumas tem este serviço de viagem internacional ou senão nos orientam o que devemos fazer. Mesmo assim, sem consultar o responsável da minha clínica, eu encontrei alguns sites que organizam as nossas viagens para o exterior, que são:                          
1) Holiday Dialysis International
2) Nephrocare
3) Dialysis Holidays
4) Dialysis at sea
                                                              
Acessando esses sites, eu mandei email para saber do preço por sessão de hemodiálise. Verifiquei, então, que o preço é bem variável, sendo que em terra pode variar de 300 a 600 dólares por sessão e no mar, de 650 a 800 dólares por sessão.

Dialysis at sea respondeu o meu email prontamente e me informou que num cruzeiro de 14 dias recomenda-se 7 sessões de hemodiálise, sendo 650 dólares por sessão, o que equivale a 4550 dólares ou R$ 9.903,07 no câmbio de hoje (13/10/2013), mais 250 dólares (R$ 544,13) por honorários médicos por pessoa por viagem. Eles organizam cruzeiros marítimos para pacientes em tratamento de hemodiálise desde 1977, portanto tem muita experiência. É caro, mas é possível. E esta possibilidade é o que nos conforta e nos dá um certo sentido de liberdade.                                                                          


A foto abaixo é de um dos cruzeiros marítimos organizados pela Dialysis at sea pelo Canal do Panamá.



                                                                    fonte: Canal do Panamá


É bom lembrarmos sempre que todo o seu suprimento de sangue flui através dos seus rins a cada dois minutos. Esses rins trabalham duro para filtrar o sangue, removendo os resíduos e fluidos. Eles também produzem hormônios que ajudam a formar as células vermelhas do sangue, controlar a pressão arterial e construir ossos fortes. Desse modo, nós, que temos uma mínima ou nenhuma função renal, contamos com os tratamentos de diálise peritoneal, hemodiálise ou transplante renal para podermos sobreviver e temos sempre que colaborar com os médicos, fazendo uma alimentação adequada e uma ingestão de líquido controlada.

Fiquem atentos, pois os rins podem perder as suas funções em até 80% sem que existam muitos sintomas!


Enfim, sonhar em viajar e saber que esta possibilidade existe para quem faz hemodiálise, nos dá um sentimento de liberdade. E liberdade, segundo Miguel de Cervantes, "é um dos dons mais preciosos que o céu deu aos homens. Nada a iguala, nem os tesouros que a terra encerra no seu seio, nem os que o mar guarda nos seus abismos. Pela liberdade, tanto quanto pela honra, pode e deve aventurar-se a nossa vida."



"Viajar é mudar a roupa da alma." (Mário Quintana)


Vamos nos planejar e viajar!!!


Com carinho,

Helô


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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

HemoFamília #7 - Amizade

Olá, amigos!

Agora vou falar-lhes sobre outra semana na Clínica Maldivas. Escolhi este nome, porque, se Deus quiser, farei um transplante renal e irei conhecer esta ilha paradisíaca. Os demais nomes também são fictícios e inspirados em nomes bíblicos, pois a fé passa a ser o nosso norte.

Cada episódio semanal desta série corresponde a 3 sessões de hemodiálise, mais especificamente às de 6ª, 2ª e 4ª feira. Assim, eu a publico na 4ª ou 5ª feira. Claro que isso não é uma regra, mas uma diretriz para o momento.

Os aproximados 30 pacientes que fazem hemodiálise no meu turno, mais alguns de outros turnos, mais médicos, enfermeiras, técnicas de enfermagem, o pessoal da limpeza, o repositor de material, o técnico das máquinas, as recepcionistas e outros, acabam formando uma família, na qual todos acompanham os problemas uns dos outros, compartilham seus sofrimentos, torcem pela recuperação alheia, alegram-se quando alguém faz transplante e sofrem quando alguém falece. É difícil de explicar, mas a habitualidade da convivência com pessoas tão diferentes em situações bem parecidas, nos tornam familiares e isso é muito bom e confortante.


                                                                      fonte: amigaparasempre                         


A semana começou com a coleta de sangue. Fica sempre a expectativa para sabermos do resultado, principalmente em relação ao fósforo, potássio e ferro, e assim, se necessário for, adaptarmos a nossa alimentação e os médicos adequarem os nossos medicamentos. Alimentação, ingestão de líquidos e medicação adequada junto com o tratamento da HD nos garante uma boa qualidade de vida!  

A clínica disponibilizou um local para um bazar com objetos bem variados. Neste, os familiares dos pacientes expõem e vendem os seus produtos a um preço bem razoável. Muito bom!

Um assunto que veio a baila foi o percentual do PAINEL. O meu é alto (87%), apesar de eu não ter recebido transfusão sanguínea, nem ter sido transplantada e nem ter tido uma gravidez cujo o filho tivesse uma tipagem sanguínea diferente da minha. Mas é certo que algo me sensibilizou. Já o do meu amigo Lucas , o percentual dele é baixo (17%), apesar dele ter sido transplantado anteriormente. Este percentual vem anotado no nosso RGCT (Registro Geral da Central de Transplantes) e indica a percentagem de anticorpos reativos (PAINEL) ou, em inglês, PRA = Panel Reactive Antibody. Este representa a quantidade de anticorpos contra HLA presente no soro do paciente. Os indivíduos podem ser sensibilizados aos antígenos leucocitários humanos (HLA – Human Leukocyte Antigens) durante a gravidez ou por transfusões sanguíneas ou, ainda, por um prévio transplante de órgão. Quanto mais alto este percentual, menor o número de doadores compatíveis. Logo, as chances de um transplante são menores. Mas, a notícia boa é a existência de um tratamento que pode reduzir este percentual. Este tratamento é pago pelo SUS e aplicado durante a hemodiálise. Na minha clínica, este tratamento é feito há algum tempo, mas, por enquanto, o meu nefrologista não quer que eu faça. Tenho que seguir as orientações de quem confio!!!

Dos quatro pacientes da minha sala, o Sr. Mateus (73) ficou com a pressão mais baixa durante a hemodiálise (8x4), mas sem sintomas. Mesmo assim, ele recebeu alguns ml. de soro. O Sr. Marcos (91) também ficou com a pressão baixa (9x5) e também recebeu soro, principalmente depois do lanche. A minha pressão oscilou, teve dia que ela ficou normal e outro que ela ficou baixa (10 x 5,5), mas eu não precisei tomar soro, simplesmente deito bem a cadeira e levanto os pés. Já a pressão do Lucas (67) ficou alta, chegando a 20x8. A retirada de líquido dele foi aumentada. Ele teve dor de cabeça, então tomou Dipirona e, no final da HD, quando a pressão alta persistiu, ele tomou um remédio para abaixar a pressão por via oral.

O dia da semana mais problemático é segunda-feira. Como ficamos dois dias sem fazer HD, o ganho de peso é maior e, via de consequência, a retirada de líquido também é maior. Todos nós temos um limite de perda que aguentamos sem ter cãibra e hipotensão, mas muitas vezes este limite de perda não corresponde ao nosso ganho e levamos um pouco de peso pra casa. Por isso que eu digo que a alimentação e a ingestão de líquido é fundamental e só depende de nós. Temos que nos lembrar sempre que não temos um funcionamento renal normal, apesar de termos uma boa qualidade de vida com o tratamento da hemodiálise, e temos que nos policiar sempre em relação à alimentação e a ingestão de líquidos. O nosso coração agradece!!!

Gosto sempre de lembrar como os nossos amigos são importantes sempre, mas especialmente nessas fases da vida que estamos mais vulneráveis. Nesta semana gelada, apesar de ser primavera, quero agradecer o lindo xale (foto abaixo), que recebi de uma queridíssima amiga de infância, Carminha, o qual me aquece durante a HD. Agradeço, ainda, a minha persistente e adorada amiga Malú, que não se esquece de mim um só dia. Agradeço, também, a incansável e frequente companhia da minha tão queridíssima amiga de infância, Lucinha, a qual me leva ao teatro, cinema, Fazenda, me dá carona, me leva e busca na hemodiálise quando necessário, além de me telefonar sempre. Meu marido constantemente viaja e os meus filhos trabalham e tem muitas atividades, além disso, não tenho mais pai, mãe, avó e avô, então as minhas amigas não me deixam sozinha. Obrigada, obrigada mesmo, amo vocês!!!


Helô Junqueira - 2013
                                                            

Não posso deixar de mencionar e agradecer as diversas visitas, telefonemas, mensagens, orações, medalhas, água benta que tenho recebido. Agradeço especialmente a generosidade do meu irmão Hugo, que tentou insistentemente me doar o seu rim, mas infelizmente não foi possível. É muito bom, muito bom mesmo receber tanto carinho!

Voltando à clínica, eu e o Lucas conversamos muito durante a sessão de HD e damos risadas de cenas e situações do nosso cotidiano. A técnica de enfermagem Ana, que fica na nossa sala até às 14h20, é muito alegre, agradável e bem-humorada, sendo nossa cúmplice nesses comentários leves e divertidos. O clima da minha sala é ótimo!


Foi uma boa semana!


Estamos todos lutando pela vida com muita fé e esperança, apesar das inúmeras limitações e dificuldades!


Boa semana a todos!!!


Amigos, venham embarcar comigo nesta jornada da vida real!!! Bem-vindos!!!


"Seja cortês com todos, mas íntimo de poucos, e deixe estes poucos serem bem testados antes que você dê a eles a sua confiança. A verdadeira amizade é uma planta de crescimento lento, e deve experimentar e resistir os choques das adversidades antes de receber o nome de amizade." (George Washington)


Com carinho,

Helô


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domingo, 6 de outubro de 2013

Conheça e cuide dos teus rins

Olá, amigos!                                  

Agora vou falar-lhes um pouco sobre o funcionamento do rim

                                                                     

                                                                      fonte: ibb.unesp.br

Os rins são dois órgãos (um par), com forma similar a 2 feijões, localizados na parte de trás do abdômen, que são a força motriz do sistema urinário, um dos 5 sistemas excretores do ser humano: pulmões, fígado, pele, intestinos e rins. Funcionando como filtros altamente seletivos são responsáveis por limpar o sangue das impurezas do corpo. Caso não funcionem corretamente, as impurezas se acumulam e a pessoa ficará intoxicada pela uréia e demais substâncias tóxicas que seu próprio metabolismo produziu (endógenas) ou que a pessoa internalizou (exógenas) como remédio, drogas ou agrotóxicos. Mas, além da sua função vital de eliminar substâncias tóxicas, os rins também desempenham muitas outras funções. E, devido ao fato de passar pelo sistema renal todos os líquidos corporais, seu bom ou mau desempenho pode afetar, sem exceção, todos os demais órgãos e sistemas do organismo. (Conceição Trucom)

Cada rim tem a forma de um grande grão de feijão e as seguintes dimensões em um adulto:

Altura: 10 a 13 cm
Largura: 5 a 7 cm

Profundidade: 2,5 a 3 cm
Peso: 120 a 180 g


Os rins estão envolvidos por uma fina membrana, a chamada cápsula renal. Ao redor deles existe a gordura perirrenal e, acima, estão localizadas as glândulas suprarrenais.

No hilo renal entram e saem uma série de estruturas: a artéria renal, a veia renal, o ureter, os nervos renais e os vasos linfáticos renais.


O sangue chega aos rins através das artérias renais. As artérias renais originam-se na artéria aorta abdominal. Após circular pelos rins, o sangue retorna à veia cava abdominal através das veias renais. Os rins recebem cerca de 1,2 litros de sangue por minuto, ou seja, cerca de um quarto do sangue bombeado pelo coração. Podemos dizer que os rins filtram todo o sangue de uma pessoa cerca de 12 vezes por hora!


Algumas medidas simples podem prevenir o aparecimento de doenças renais:
- controlar a dieta: evitar o excesso de sal, carne vermelha e gorduras;
- evitar excesso de peso;

- fazer exercícios regularmente;

- não fumar;
- controlar a pressão arterial e o diabetes.


Além disso, é necessário fazer uso adequado de medicamentos, evitar remédios que agridam os rins, verificar periodicamente o níveis de proteinúria e dosagem de creatinina no sangue por meio de exames, consultar regularmente seu clínico e nefrologista.

Pacientes idosos, portadores de doença cardiovascular e pacientes com história de doença renal em familiares têm grande potencial para desenvolver lesão renal e devem ser investigados com triagem de exames de urina e dosagem de creatinina no sangue

As principais funções dos rins são:
1) eliminar as impurezas do sangue;
2) regular a pressão arterial;
3) produzir hormônios;
4) participar na formação e na manutenção dos ossos;
5) estimular a produção de glóbulos vermelhos.

Quando percebemos que uma dessas funções está alterada, temos duas alternativas: 1ª) medidas medicamentosas e dietéticas para casos menos graves, e 2ª) diálises (hemodiálise ou diálise peritoneal) e transplante renal para casos mais graves.

Como a maioria das doenças que afetam os rins é silenciosa, é importante que fiquemos alerta a alguns sinais e sintomas que demonstram que os nossos rins não estão funcionando corretamente, como:
- pressão alta;
- inchaço nos pés e rosto;
- fraqueza e anemia;
- urinar muito à noite.

As doenças que mais podem levar à falência dos rins (insuficiência renal crônica) são a hipertensão arterial, a diabetes, as infecções urinárias de repetição, a calculose renal, as nefrites, os rins policísticos e as mal formações do aparelho urinário. 

Assim, os tratamentos existentes para a insuficiência renal crônica são a hemodiálise, a diálise peritoneal e o transplante renal.

A hemodiálise é um tratamento que consiste na remoção do líquido e substâncias tóxicas do sangue como se fosse um rim artificial. É o processo de filtragem e depuração de substâncias indesejáveis do sangue, como a creatinina e a uréia. A hemodiálise é uma terapia de substituição renal realizada em pacientes portadores de insuficiência renal crônica ou aguda, já que nesses casos o organismo não consegue eliminar tais substâncias devido à falência dos mecanismos excretores renais. (Wikipédia)

A diálise peritoneal é o processo de depuração do sangue no qual a transferência de solutos e líquidos ocorre através de uma membrana semipermeável (o peritônio), que separa dois compartimentos. Um deles é a cavidade abdominal, onde está contida a solução de diálise; o outro é o capilar peritoneal, onde se encontra o sangue com excesso de escórias nitrogenadas, potássio e outras substâncias. O peritôneo age como um filtro, permitindo a transferência de massa entre os dois compartimentos. Consiste em uma membrana semipermeável, heterogênea e com múltiplos poros de diferentes tamanhos. (Wikipédia)


A hemodiálise e a diálise peritoneal são terapias de substituição renal, que atuam como um filtro. Nada comparado com o eficiência de filtragem dos rins naturais, principalmente porque os filtros da hemodiálise funcionam 12 horas por semana (4 horas por 3 vezes por semana) e os rins naturais, 168 horas por semana (24 horas por dia durante 7 dias). Por isso, nós que fazemos hemodiálise não podemos fazer tudo o que os que tem os seus rins normais fazem, especialmente em relação à comida e à bebida.



                                                                        fonte: mdemulher



O transplante renal é um procedimento cirúrgico que consiste na implantação de um rim sadio em um indivíduo portador de insuficiência renal terminal. Esse novo rim passará a desempenhar as funções que os rins doentes não conseguem mais manter. (Manual de Transplante Renal) Com certeza, este é o melhor tratamento, pois o transplantado terá uma vida praticamente normal.

Fiquem atentos, pois os rins podem perder as suas funções em até 80% sem que existam muitos sintomas!

"A melhor de todas as coisas é aprender. O dinheiro pode ser perdido ou roubado, a saúde e força podem falhar, mas o que você dedicou à sua mente é seu para sempre.( Louis L.Amour )
Com carinho,

Helô



OBS: O meu post foi baseado no Manual de Transplante Renal, extraído do site da ABTO (Associação Brasileiro de Transplante de Órgãos) e artigos publicados na SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia)

OBS2: #bloghemodiário: acessem a minha página do facebook chamada Blog Hemodiário e curtam. Lá, eu publico pequenos post com dicas, curiosidades e novidades. É muito interessante!!!