sábado, 23 de maio de 2015

Sódio: vital ou letal

Olá, amigos!

Eu assisti uma importante matéria sobre sódio no Jornal Hoje, da Rede Globo, em 21 de maio de 2015, e resolvi compartilhar com vocês. Se tiverem interesse, acessem o link desta matéria.

A matéria a que me referi trata dos problemas do coração. Mas, como os rins tem capacidade limitada para filtrar e excretar o sódio, quando consumido em excesso, os rins são forçados a trabalhar sob grande pressão e podem ter o seu funcionamento comprometido. Daí o meu interesse em fazer um post sobre este assunto.


                                


Os doentes renais crônicos estão aumentando demais no Brasil e em todo mundo, atingindo 10% da população mundial.

"A estimativa é que a doença renal crônica afete 1 em cada 5 homens e 1 em cada 4 mulheres com idade entre 65 e 74 anos, sendo que metade da população com 75 anos ou mais sofre algum grau da doença." (site:www.brasil.gov.br

No Brasil, somos 110 mil doentes em diálise. A maioria utiliza a cobertura do SUS (Sistema Único de Saúde) em clínicas particulares. Porém, o custo atual de cada paciente é R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais) e o SUS repassa R$ 190,00 (cento e noventa reais), o que está causando o fechamento de várias clínicas e o perigo de que um doente renal não encontre uma vaga e morra. Mais um motivo importantíssimo para se fazer a prevenção. 

As causas que levam à falência renal são as mais diversas e a doença é silenciosa, mas muitas vezes evitável se detectada a tempo. De modo que temos que estar sempre atentos com a nossa pressão arterial, a taxa de açúcar no sangue (diabete), a espuma na urina (nefrite) e a taxa da creatinina (doença renal), além, é claro, a ALIMENTAÇÃO, sendo que o sódio é um dos nossos maiores problemas, especialmente pela grande quantidade contida nos produtos industrializados e embutidos.

O sódio é um elemento mineral muito importante para o nosso organismo por estar associado a funções vitais, como a contração muscular, o equilíbrio aquoso e a condução dos impulsos nervosos. Mas ele deve ser consumido até 2000 mg/dia (2 g/dia). 

Como quase todos os alimentos contém sódio, recomenda-se que consumamos 2 gramas de sal de cozinha (1 grama de sal de cozinha contém 400 mg de sódio) e o restante deixar por conta dos demais alimentos. Por isso é fundamental ficarmos atentos à quantidade de sódio no rótulo dos alimentos. 

Compartilho também o link da tabela de alimentos e a sua quantidade de sódio para ficarmos atentos, além de ressaltar abaixo os alimentos que contém mais sódio.



                                       



"A diferença entre o veneno e o remédio é a dose." (Roger Stankewski)


Vamos ter consciência dos ingredientes da nossa alimentação para evitarmos algumas doenças e ter a melhor qualidade de vida possível!!!


Com carinho,

Helô




OBS: Visitem a minha página do Facebook chamada Blog Hemodiário (https://www.facebook.com/BlogHemodiario) e o meu perfil do Instagram com o nome de blog_hemodiario. Até lá!

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Hemodiálise: testemunho de vidas e arte de convivência

Olá, amigos!

Hoje, 8 de maio de 2015, faz 2 (dois) anos que iniciei as sessões de hemodiálise. Dois anos parece tão pouco tempo, mas ao  mesmo tempo eu sinto que é muito tempo. Nesses dois anos, eu conheci muitas pessoas e testemunhei muitas histórias de vida, que me fizeram crescer muito como pessoa e aprender a cada dia a importância da convivência.



                                                                     convivência


Quando iniciei as sessões de hemodiálise, em 8 de maio de 2013, eu tinha 52 anos e sempre tinha frequentado lugares que escolhi e convivido com pessoas que tivessem alguma afinidade comigo. Naquele dia, eu iniciei o meu tratamento na clínica indicada pelo meu então nefrologista, Dr. Luiz Estevan, e comecei a aprender a conviver com pessoas que me foram impostas e não escolhidas. Uma convivência frequente, pois são 4 horas diárias por três vezes na semana, sem direito a faltas e nem a férias. Não é fácil, mas eu não tinha opção de vida, apenas de local.

Eu não sabia quase nada sobre hemodiálise e estava com muito medo. Medo de sofrer. Claro que eu fingi que era forte, talvez eu seja mesmo, mas não tenho certeza, e disfarcei o meu medo. Eu me recordo que fiquei numa sala com mais 6 pacientes. O paciente ao meu lado, Sr. Muna, estava muito fraco. Não andava e tinha quedas bruscas de pressão. O paciente na minha frente, Sr. Henrique, também estava muito debilitado e vomitava várias vezes durante a hemodiálise. A paciente que ficava ao lado do Sr. Henrique, Sra. Edna, era muito elegante, mas sofria muito com a sua fístula e eu sentia a dor e o sofrimento dela. Os outros pacientes, eu não me lembro, pois eu fiquei apenas um mês nesta sala. Infelizmente, o Sr. Muna, o Sr. Henrique e a Sra. Edna falecerem. É muito difícil lidar com a morte! 

Eu resolvi logo no início do meu tratamento fazer este blog e aprender o máximo possível sobre hemodiálise, pelo simples fato de eu queria fazer tudo certo para não ficar debilitada como aqueles pacientes. Até agora, eu consegui e estou muito bem!

A minha fístula artério-venosa estava madura e a enfermeira Rosanna me puncionou nas primeiras sessões. As minhas veias nunca foram fáceis de serem puncionadas, mas a Rosanna é ótima. Ela e a Dra. Zita me sugeriram a técnica de punção "buttonhole" ou túnel, que queria dizer que eu seria puncionada pela mesma pessoa nas 10, ou um pouco mais, primeiras punções sempre nos dois mesmos locais até formarem dois túneis (arterial e venoso) e a partir de então eu poderia ser puncionada por qualquer pessoa e com uma agulha sem corte, chamada Romba. Eu aceitei a sugestão e a habilidosa e delicada técnica de enfermagem Selma me puncionou 13 vezes até formar os túneis. Claro que não foi só sucesso. O meu braço ficou roxo e dolorido e teve um dia que eu fui liberada da sessão pelo estado do meu braço. Mas tudo passou e até hoje os mesmos túneis são utilizados como acesso para me ligar à máquina de hemodiálise. 

Nesse mês de hemodiálise, eu formei um Kit, que é almofada para o braço, manta, Tablet, fone de ouvido e celular. Assim, eu conseguia me entreter e o tempo passava mais rápido.  

No segundo mês, a Dra. Zita, que foi a médica que procurei nesta clínica, me deu a opção de mudar de sala e eu mudei. Fui para uma sala menor, com apenas quatro máquinas de hemodiálise uma ao lado da outra. Eu sentei numa cadeira que ficava numa ponta da sala. Ao meu lado ficava o meu querido amigo Júlio (67 anos), depois o Sr. Moacyr (92 anos) e na outra ponta o Sr. Samir (72 anos). Cheguei na sala quieta e fui muito bem recebida pela carinhosa técnica de enfermagem Léo. O Sr. Moacyr e o Sr. Samir ficavam calados ou dormindo a sessão toda. Já o Júlio conversava com a Léo e com todos os funcionários da clínica que por ali passavam. Ele era espirituoso e inteligente. Logo, nós ficamos amigos. Eu e o Júlio conversávamos e dávamos muita risadas. A companhia dele era muito agradável e nós confidenciávamos sobre as nossas vidas. Ele fez hemodiálise durante 4 anos, fez um transplante renal mal sucedido e estava novamente fazendo hemodiálise há 7 anos. Mas poucos dias antes do seu aniversário de 2013, 6 de novembro, ele foi transplantado e está ótimo. Eu fiquei muito feliz por ele, mas sinto muita falta dele.

Logo depois do transplante do Júlio, o Sr. Samir mudou de clínica e duas vagas ficaram abertas. Eu me mudei para a cadeira do Júlio e fiquei ao lado do Sr. Moacyr. Logo vieram, o Dr. Alcedo (70 anos), que tinha ficado internado em estado grave e os seus rins pararam, mas, felizmente, após dois meses de hemodiálise, os rins voltaram a funcionar e ele teve alta da hemodiálise; e a Sra. Anna Maria (83 anos), sempre acompanhada de sua incansável e delicada filha Mafalda. Na vaga do Dr. Alcedo, veio o Irineu (56 anos). Ele se sentou ao meu lado e ficamos muito amigos. O Irineu estava muito revoltado de ter perdido os rins, ter que fazer hemodiálise e não poder viajar mais como antes. Mesmo revoltado, nós ficamos amigos e contávamos sobre as nossas vidas. A sua querida esposa Milena sempre o acompanhava e o mimava. Ela é muito querida.

O Irineu mudou de turno, mas nós mantivemos contato. Novamente, mais uma pessoa muito agradável saiu da minha sala. No lugar dele veio a jovem e corajosa Patrícia (17 anos), que fez hemodiálise e diálise peritoneal ainda pequena, depois fez um transplante renal e agora está novamente na hemodiálise aguardando um segundo transplante. Ela mudou de turno para não atrapalhar os seus estudos. Novamente, eu ficava na sala com o Sr. Moacyr e a Sra. Anna Maria que dormiam ou ficavam calados as quatro horas de hemodiálise. Sorte minha que a técnica Léo tinha uma ótima conversa, mas eu não podia ficar falando para não atrapalhá-la. Mas quando dava, nós conversávamos muito. Ela foi ótima para mim. Sinto muitas saudades dela!

Em março de 2015, a convite da Dra. Zita, eu mudei para uma clínica do mesmo Grupo. As vantagens seriam a máquina mais moderna, a troca do capilar/filtro em cada sessão e a mudança para o primeiro turno (6h15 às 10h15 - 2ª, 4ª e 6ª feiras). Eu mudei!

Em 9 de março de 2015, eu iniciei o tratamento de hemodiálise na nova clínica. Os médicos, o técnico Sidney e o protocolo eram os mesmos, mas os pacientes e os funcionários eram outros. A clínica é bem menor. São duas salas com 7 máquinas cada. Eu iniciei numa sala, na qual tinha dois pacientes bem debilitados; o  Carlos, que dorme a sessão toda; o Sr. Kizys, que fica tranquilamente ouvindo rádio com fone de ouvido, e dois senhores, que prefiro nem comentar. Em 6 de abril chegaram todas as máquinas novas e em 10 de abril eu mudei de sala. Fiquei apenas um mês ao lado de dois senhores muito inconvenientes, mas nunca me senti tão ofendida em toda minha vida. Eu consegui aguentar todo deboche  e, quando eu percebi que iria estourar, eu comuniquei à enfermeira Geuza, que me mudou de sala. Depois da mudança, eu ouvi o testemunho de alguns pacientes sobre o procedimento inoportuno e inconveniente desses dois senhores. Nunca conheci pessoas tão desagradáveis como eles e constatei que nem a dor é capaz de humanizar algumas pessoas.

A minha sala desde 10 de abril de 2015 é muito agradável. São 5 máquinas numa parede e 2 máquinas em frente. Eu fico na parede do fundo da sala. Ao meu lado fica a Lúcia, que tem mais ou menos a minha idade e é muito educada e inteligente. Ao lado da Lúcia fica a jovem Bruna (26 anos), que dorme serenamente durante toda a sessão. Na minha frente fica o Assis, que também tem a minha idade, faz hemodiálise há 10 anos e é muio calmo e sensato. Ao lado do Assis, fica o Paulo, que tem 44 anos, é fanático pelo Santos, falante e engraçado. Nós 5 pacientes somos constantes e o clima da sala é ótimo.



                                                                           gratidão



Eu ainda sinto muitas saudades das técnicas Léo, Janaína, Miriam e Celma, que eram amáveis, competentes e humanas; da faxineira Nair, que tanto me ajudava e a todos os outros pacientes; da copeira Sra. Lúcia Maria, que era eficiente, caprichosa e fazia o melhor café com leite que já tomei; a enfermeira Rosanna, tão eficiente, delicada e querida, e de muitos pacientes, que prefiro não nomear para não ser injusta. Agradeço muito esse 1 ano e 10 meses que estive com vocês e fui muito bem tratada.

Qualquer mudança implica em perdas e ganhos. Está sendo difícil, mas, como o tratamento será melhor para mim, eu vou me acostumar. Tenho que ficar o melhor possível para retribuir tanto carinho e dedicação que recebo do meu marido Laerte, do meu filho também Laerte e da minha filha Fernanda. A minha saúde reflete na vida deles e eu quero fazer o transplante para que eles voltem a ter uma vida normal. A minha gratidão eterna! Amo vocês!!!

Seria injusto não mencionar as minhas amigas que tanto me apoiam, me ajudam e cuidam de mim. Obrigada!!!

Agradeço também aos  quase 22.000 visitantes deste meu blog Hemodiário, todos os que curtiram a minha página no Facebook, os que me seguem no Instagram e todos os que compartilharam aprendizados e experiências sobre esse assunto tão importante, mas árduo, que é a insuficiência renal crônica. Um dos meus focos é alcançar os que sofrem de hipertensão e diabetes para que eles cuidem bem dos seus rins, uma vez que essas duas doenças são as principais causadoras da falência dos rins e, via de consequência, a necessidade do tratamento de hemodiálise ou do tratamento do transplante renal.  

Eu fiz essa breve retrospectiva desses 2 anos que estou fazendo hemodiálise para mostrar-lhes que o tratamento de hemodiálise, que em regra são 12 horas semanais divididas em 3 dias, engloba muitos fatores, como: máquinas, profissionais diversos qualificados, lugares, remédios, pacientes, idades, mobilidade, nível social, nível cultural, valores, princípios, famílias, sentimentos, respeito, tolerância, solidariedade, compaixão, compreensão, paciência..., enfim, é um aprendizado e testemunho de vidas de convivem assiduamente por um longo tempo.


"Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores." (Khalil Gilbran)



Com carinho,

Helô




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