sábado, 27 de fevereiro de 2016

HemoFamília #17 - Hipertensão

Olá, amigos!

Hoje, 27 de fevereiro de 2016, eu vou contar-lhes o dia a dia na Clínica Travessia durante a semana de 22 a 26 de fevereiro de 2016. Escolhi este nome fictício para minha clínica porque, se Deus quiser, eu farei um transplante renal e me livrarei da dependência da máquina de hemodiálise. De modo que eu estou nesta clínica apenas atravessando um difícil período na minha vida. Os demais nomes também são fictícios e inspirados em nomes de Santos da Igreja Católica.

Cada episódio semanal desta série corresponde a 3 sessões de hemodiálise, mais especificamente às de 2ª, 4ª e 6ª feiras. Assim, eu o publicarei na 6ª, sábado ou domingo. Claro que isso não é uma regra, mas uma diretriz para o momento.

Os 7 pacientes que fazem hemodiálise na minha sala, mais alguns da outra sala e de outros turnos, mais médicos, enfermeiras, técnicas de enfermagem, o pessoal da limpeza e outros membros da equipe, acabam formando uma família, na qual todos acompanham os problemas uns dos outros, compartilham sofrimentos, torcem pela recuperação alheia, alegram-se quando alguém faz transplante e sofrem quando alguém falece. É difícil de explicar, mas a habitualidade da convivência com pessoas tão diferentes em situações tão parecidas, nos tornam uma família e isso é muito bom,  confortante e desperta a nossa compaixão. Gosto muito deste pensamento: "A compaixão é que nos torna verdadeiramente humanos e impede que nos transformemos em pedra, como os monstros de impiedade das lendas." (Anatole France)

     
  
Os 7 pacientes que fazem hemodiálise na minha sala são:

(1) Agostinho é um jovem senhor de 63 anos, inteligente, calmo e sensato, que faz hemodiálise há 10 anos; 
(2) Pedro é um jovem senhor de 45 anos, alegre, comunicativo, amoroso, mas muito rebelde no tratamento, que faz hemodiálise há uns 6 anos; 
(3) Expedito é um senhor de 85 anos, que faz hemodiálise há 8 anos. Ele é muito sério, calado e sente muito frio; 
(4) Joana é uma uma jovem senhora de 50 anos, que faz hemodiálise há uns 3 anos. Ela é muito quieta e reservada. 
(5) Rita é uma senhora de 71 anos, muito delicada, educada e gentil, que já fez diálise peritoneal e passou a fazer hemodiálise após uma infecção peritoneal; 
(6) Tomás é um senhor de 75 anos, muito educado, amável e discreto, que já fez um transplante que durou 27 anos;
(7) eu, Helô, tenho 54 anos e faço hemodiálise há 2 anos e 9 meses. Sou alegre, otimista e comunicativa.

Na segunda-feira, eu cheguei na clínica às 5h45, porque normalmente a sala de hemodiálise é liberada às 6h. A clínica fica no 14º andar e os pacientes aguardam no térreo. Porém, neste dia, ocorreu um problema com a liberação da água para as máquinas, o técnico foi chamado e as salas foram liberadas às 6h30. Eu estranhei o atraso do Sr. Tomás e depois veio a notícia que ele foi internado. O Pedro continua internado. A máquina do Pedro foi usada por um senhor que faz hemodiálise na outra sala, porque a máquina dele deu um problema. Este senhor que deve ter uns 70 anos está bem debilitado, mas muito melhor que há 11 meses, quando eu o conheci. Mais uma vez, o diabetes foi a causa do seu problema. A Sra. Rita chegou com a pressão alta (19x10), mas sem qualquer sintoma. Ela me contou a sua linda história de vida. Ela é japonesa. Chegou no Brasil com 15 anos. Conheceu o seu marido, que também é japonês, tiveram 4 filhos e trabalharam arduamente na terra. Hoje, eles têm uma bem sucedida empresa que planta e distribui verduras hidropônicas para vários supermercados de São Paulo. O Agostinho também chegou com a pressão alta (21x11) e sem qualquer sintoma. Eu e ele nos deliciamos com a história de vida da Sra. Rita. A nossa conversa flui facilmente, principalmente pela disposição das nossas cadeiras. No canto da sala fica a Sra. Rita, ao seu lado é o meu lugar e na frente dela fica o Agostinho. Muito bom! O Sr. Expedito levou um tombo em casa e machucou a perna. A enfermeira fez um curativo e tudo correu bem. A Joana, que fica na outra ponta da sala, é bem reservada, fala pouco e baixo. Então, eu sei muito pouco sobre ela, mas  me parece que ela está bem, apesar de regularmente a sua pressão arterial ser baixa (9x5). Eu ganhei 1,8 litros no fim de semana, o que é um bom ganho de peso para um fim de semana, especialmente por eu urinar muito pouco (200 ml/dia). A minha pressão oscila bastante durante as 4 horas de sessão e, como já desmaiei 5 vezes nesses 2 anos e 9 meses durante as sessões de HD, o aparelho de pressão fica no meu braço e mede automaticamente a cada 30 minutos. Eu estou com Cistite e a nefrologista prescreveu Cipro 500 (1 comprimido por dia durante 5 dias). Não é nada fácil ser nefrologista, pois cada sessão de hemodiálise é diferente e os problemas de cada paciente são os mais diversos possíveis, que exigem uma decisão muito rápida. 

Na quarta-feira, a sala de hemodiálise foi liberada às 6 horas e eu fui ligada à máquina às 6h15. O meu acesso é chamado de túnel ou buttonhole, que é uma técnica que a agulha de corte é inserida exatamente nos mesmos dois lugares (arterial e venoso) em sessões consecutivas (de cerca de 14 a 20, conforme avaliação da enfermeira) até a formação de uma canulação (túnel) que será puncionada posteriormente com agulhas sem cortes. Os meus túneis foram feitos assim que iniciei a hemodiálise (8/5/2013) e continuam os mesmos, como poderão vê-los no meu braço na foto abaixo, tirada em 25/2/2016. A braço fica menos feio. O Pedro continua internado na UTI, entubado e sedado. A querida Sra. Maria Tereza, mão dele, tem me dado notícias. Estou em oração!!! O Sr. Tomás também continua internado, mas eu não sei o motivo. Eu também estou rezando por ele!!! A Sra. Rita passou bem, apesar da constante pressão alta. Mas, quando acabou a sessão e a técnica retirou as agulhas, vazou bastante sangue e teve que trocar 3 curativos. Ela tem diabetes decorrente de um grave acidente automobilístico que ocasionou a retirada do seu pâncreas. É uma doce guerreira!!! O Agostinho faz hemodiálise 5 vezes por semana durante 2h30. De modo que ele pode chegar em torno das 7 horas, porque não atrapalha os próximos turnos. A pressão dele é muito alta (20x11) e a técnica de enfermagem só pode ligá-lo com autorização médica. Tanto a Sra. Rita como o Agostinho usam a técnica de rotação de local das punções, o risco de infecção é menor e o braço fica com uns feios calombos. Tudo tem prós e contras. A Joana também é puncionada pela técnica buttonhole. Ela passou bem, mas sempre com a pressão baixa. Ela faz hemodiálise 3 vezes por semana durante 3 horas e meia. O Sr. Expedito usa cateter e nem sempre o cateter dele está com um fluxo bom. O machucado da perna dele melhorou. Nessa sessão, a sala ficou com 2 cadeiras vazias, ou seja, das 7 cadeiras/máquinas, só 5 foram utilizadas. A peculiaridade foi a nossa conversa sobre a eliminação da Juliana do BBB. Foi divertido ouvir a posição de cada um. Até os que não assistem o BBB, mas assistem a Globo e acabam assistindo às chamadas do programa, tiveram uma posição sobre o comportamento da Ana Paula e da Juliana. Hemodiálise também é cultura...hahaha. 



                                 
                   Buttonhole - foto tirada do braço da Helô Junqueira (o meu) em 25/2/2016

Na sexta-feira, eu cheguei na clínica e já estava clareando. Eu sentei na minha cadeira no 14º andar e, enquanto a técnica de enfermagem colocava o termômetro, o aparelho de pressão, a pulseira de identificação, garroteava o meu braço direito e puncionada os meus dois túneis, eu apreciava o lindo amanhecer. Eram 6h10 e a natureza dava um show de cores ao nascer do sol. Emocionante!!! Nós 4 (Joana, Sr. Expedito, eu e Sra. Rita) já tínhamos pesado, lavado o braço da fístula e estávamos sentados lado a lado esperando a nossa vez para sermos ligados à máquina. São 2 técnicas de enfermagem para 7 pacientes na minha sala. No momento, somos 5, porque 2 estão internados. Todos ligados e sem nenhum problema. Cerca de 7 horas, o Agostinho chegou e foi ligado. Às 7h20, chegou o café da manhã e este é um momento de integração. Acabou a hora do café.  As pressões foram medidas, a luz foi parcialmente desligada e alguns dormem tranquilamente. A melhor notícia foi o Pedro ter sido extubado e suspensa a sua sedação. O Sr. Tomás ainda estava internado. A sessão transcorreu bem e nesta sessão a pauta da conversa foi família: filhos, marido, país, irmãos, ciúmes, hábitos, brigas, doação, carinho, amor, diferenças...e percebemos como há pontos em comum em cada uma das famílias. A sessão acabou, a técnica devolveu o sangue, mediu a pressão, mediu a temperatura, conferiu o peso, cortou a pulseira de identificação e mais um dia se foi. Que ótimo que era sexta-feira e eu teria dois dias livres da máquina!





A hipertensão é a principal causa da doença renal crônica e, portanto, é o principal problema que leva à diálise no Brasil. Por isso, eu estou compartilhando uma noção básica publicada no site da Sociedade Brasileira de Hipertensão (http://www.sbh.org.br/geral/oque-e-hipertensao.asp):

Hipertensão, usualmente chamada de pressão alta, é ter a pressão arterial, sistematicamente, igual ou maior que 14 por 9. A pressão se eleva por vários motivos, mas principalmente porque os vasos nos quais o sangue circula se contraem. O coração e os vasos podem ser comparados a uma torneira aberta ligada a vários esguichos. Se fecharmos a ponta dos esguichos a pressão lá dentro aumenta. O mesmo ocorre quando o coração bombeia o sangue. Se os vasos são estreitados a pressão sobe.

Quais são as conseqüências da pressão alta?
A pressão alta ataca os vasos, coração, rins e cérebro. Os vasos são recobertos internamente por uma camada muito fina e delicada, que é machucada quando o sangue está circulando com pressão elevada. Com isso, os vasos se tornam endurecidos e estreitados podendo, com o passar dos anos, entupir ou romper. Quando o entupimento de um vaso acontece no coração, causa a angina que pode ocasionar um infarto. No cérebro, o entupimento ou rompimento de um vaso, leva ao "derrame cerebral" ou AVC. Nos rins podem ocorrer alterações na filtração até a paralisação dos órgãos. Todas essas situações são muito graves e podem ser evitadas com o tratamento adequado, bem conduzido por médicos.
Quem tem pressão alta?
Pressão alta é uma doença "democrática". Ataca homens e mulheres, brancos e negros, ricos e pobres, idosos e crianças, gordos e magros, pessoas calmas e nervosas.
A Hipertensão é muito comum, acomete uma em cada quatro pessoas adultas. Assim, estima-se que atinja em torno de, no mínimo, 25 % da população brasileira adulta, chegando a mais de 50% após os 60 anos e está presente em 5% das crianças e adolescentes no Brasil. É responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. As graves conseqüências da pressão alta podem ser evitadas, desde que os hipertensos conheçam sua condição e mantenham-se em tratamento com adequado controle da pressão.


10 mandamentos contra a pressão alta:

  • Meça a pressão pelo menos uma vez por ano.
  • Pratique atividades físicas todos os dias.
  • Mantenha o peso ideal, evite a obesidade. 
  • Adote alimentação saudável: pouco sal, sem frituras e mais frutas, verduras e legumes. 
  • Reduza o consumo de álcool. Se possível, não beba.
  • Abandone o cigarro.
  • Nunca pare o tratamento, é para a vida toda. 
  • Siga as orientações do seu médico ou profissional da saúde. 
  • Evite o estresse. Tenha tempo para a família, os amigos e o lazer.
  • Ame e seja amado.


        
    

Dalai Lama nos ensinou que amor, compaixão e preocupação pelos outros são verdadeiras fontes de felicidade. Então, vamos cuidar bem dos doentes, dedicando um pouco do nosso tempo para ouvi-los e confortá-los, e assim nos sentiremos felizes. 

"O sonho e a esperança são dois calmantes que a natureza concede ao ser humano." (Frederico I)

Com carinho,
Helô



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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Diabetes e hipoglicemia

Olá, amigos!

Hoje, 25 de fevereiro de 2016, eu vou falar sobre diabetes e hipoglicemia. A diabetes é a 2ª maior causa no Brasil de falência renal e a 1ª no mundo. Com a falência renal, o tratamento desse doentes é a diálise ou o transplante renal. As informações abaixo foram coletadas do site www.diabetes.org.br



O QUE É DIABETES?

Hoje, no Brasil, há mais de 13 milhões de pessoas vivendo com diabetes, o que representa 6,9% da população. E esse número está crescendo. Em alguns casos, o diagnóstico demora, favorecendo o aparecimento de complicações. Pode ser que você ou alguém próximo tenha diabetes. Saiba mais e aprenda a conviver bem com a doença, transformando-a em mais um motivo para cuidar da saúde.


MECANISMO

Diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz.

Mas o que é insulina? É um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue. O corpo precisa desse hormônio para utilizar a glicose, que obtemos por meio dos alimentos, como fonte de energia.

Quando a pessoa tem diabetes, no entanto, o organismo não fabrica insulina e não consegue utilizar a glicose adequadamente. O nível de glicose no sangue fica alto -  a famosa hiperglicemia. Se esse quadro permanecer por longos períodos, poderá haver danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos.


HIPOGLICEMIA 

Você já ouviu falar de pessoas com diabetes que desmaiaram na rua ou tiveram que ser levadas para o hospital? Este é um fantasma que assombra muitas pessoas quando elas recebem a notícia de que têm diabetes, mas não precisa ser – basta ter as atitudes certas, na hora certa. Como você chega até esse cenário? Com as informações corretas!

Para evitar a hipoglicemia e a hiperglicemia, além das complicações do diabetes, o segredo – que não é segredo, na verdade - é manter os níveis de glicose dentro da meta estabelecida para você.
Em tratamento e controle, vimos que manter hábitos saudáveis e um estilo de vida ativo, além de seguir as orientações sobre a medicação são medidas que podem garantir o alcance das taxas de glicose almejadas. Essa meta varia de acordo com a idade, condições gerais de saúde e outros fatores de risco, além de situações como a gravidez, por exemplo. 


HIPOGLICEMIA (NÍVEL MUITO BAIXO DE GLICOSE NO SANGUE)

A hipoglicemia é caracterizada por um nível anormalmente baixo de glicose no sangue, geralmente abaixo de 70 mg/dl. É importante não considerar apenas este número – o médico deverá dizer quais níveis são muito baixos para você.

Aumentar a quantidade de exercícios sem orientação correta, ou sem ajuste correspondente na alimentação ou na medicação; pular refeições; comer menos do que o necessário; exagerar na medicação, acreditando que ela vai trazer um controle melhor; e ingestão de álcool são causas comuns de hipoglicemia.

A hipoglicemia em situações extremas pode levar à perda de consciência, ou a crises convulsivas, sendo muito graves, e m medidas imediatas.

Os sinais da hipoglicemia são dicas importantes para uma ação preventiva e eles podem variar de pessoas para pessoa. Com o tempo, você vai aprender a identificar como seu corpo indica que o nível de glicose no sangue está caindo muito rápido, de qualquer maneira, pelo menos entre aqueles que fazem uso de insulina ou que estão em maior risco de episódios de hipoglicemia, o mais importante é monitorar as glicemias, de modo a conseguir manter a glicose bem controlada, de maneira segura em relação a hipoglicemias.

A única maneira de ter certeza se suas taxas de glicose estão muito baixas é checá-las com o aparelho próprio, se possível. Entretanto, se você está com sintomas de hipoglicemia e não tem condições de fazer a medição naquele momento, faça o tratamento – garantir a segurança é a prioridade neste momento. A hipoglicemia severa pode causar acidentes, lesões, levar ao estado de coma e até à morte.

Fique atento aos sinais da hipoglicemia, que geralmente acontecem rapidamente:

* Tremedeira
* Nervosismo e ansiedade
* Suores e calafrios
* Irritabilidade e impaciência
* Confusão mental e até delírio
* Taquicardia, coração batendo mais rápido que o normal
* Tontura ou vertigem
* Fome e náusea
* Sonolência
* Visão embaçada
* Sensação de formigamento ou dormência nos lábios e na língua
* Dor de cabeça
* Fraqueza e fadiga
* Raiva ou tristeza
* Falta de coordenação motora
* Pesadelos, choro durante o sono
* Convulsões
* Inconsciência



O TRATAMENTO IMEDIATO É FEITO COM OS SEGUINTES PASSOS:
* Consuma de 15 a 20 gramas de carboidratos, preferencialmente carboidratos simples, como açúcar (uma colher de sopa, dissolvida em água), uma colher de sopa de mel ( mas lembre-se de que mel não é permitido para crianças menores de um ano), refrigerante comum, não diet (um copo de 200 mL), 1 copo de suco de laranja integral, entre outros.
* Verifique a sua glicose depois de 15 minutos;
* Se continuar baixa, repita;
* Assim que a taxa voltar ao normal, faça um pequeno lanche, caso sua próxima refeição estiver planejada para dali a uma ou duas horas.

Espere de 45 a 60 minutos para dirigir após um episódio de hipoglicemia.
 Em casos de inconsciência (desmaio) ou convulsão, outra pessoa terá que tomar providências. Uma dessas medidas poderá ser aplicar glucagon, que é um hormônio que estimula o fígado a liberar glicose armazenada na corrente sanguínea. Kits de glucagon injetáveis podem ser adquiridos com prescrição médica. Seu médico saberá dizer se você precisa ter um desses e como usá-lo.

É importante orientar também sua família sobre essa possibilidade. Caso a pessoa que esteja com você não saiba como aplicar ou não saiba o que fazer, a melhor medida é chamar uma ambulância.

Um episódio como esse deve ser informado à sua equipe multidisciplinar.

Em uma crise hipoglicêmica acompanhada de convulsões ou desmaios, não injete insulina (vai reduzir ainda mais o nível de glicose no sangue); não dê comida ou bebida pela boca, no máximo, com cuidado para não obstruir as vias aéreas, pode-se passar um pouco de açúcar nas gengivas da pessoa. Vire a cabeça da pessoa de lado e proteja com cuidado, enquanto injeta glucagon ou chama a ambulância.


NÃO PERCEPÇÃO DE HIPOGLICEMIA:

Em algumas pessoas, o nível de glicose no sangue pode cair bem abaixo de 70 mg/dl e mesmo assim não haver sintomas perceptíveis. Esta é a chamada “não percepção de hipoglicemia”. Pessoas com essa condição podem não acordar do sono quando a hipoglicemia acontece durante a noite.

Ela é mais comum em pessoas que enfrentam regularmente episódios de baixa glicose no sangue, diminuindo sua sensibilidade aos sintomas; em pessoas que têm diabetes há muito tempo e em pessoas que controlam de forma rígida a doença, o que pode aumentar as chances de ter uma reação (veja mais sobre esse tipo de controle abaixo). Neste caso, pode ser necessário reajustar as metas de glicose.
 

DICA: IDENTIFICAÇÃO

Ter uma identificação médica sempre com você pode ser muito útil no caso de um episódio grave de hipoglicemia, de um acidente ou outra emergência. O acessório informa que você tem diabetes, se usa insulina ou não, se é alérgico a algum medicamento.

Pesquisas internacionais já mostraram que equipes de saúde checam o pulso e o pescoço de pacientes que chegam ao hospital em busca de colares ou pulseiras de identificação, mas esse hábito ainda é pouco comum no Brasil entre as pessoas com diabetes.


OUTRAS SITUAÇÕES:

O quadro de hipoglicemia pode se desenvolver também em níveis superiores a 70 mg/dL. Isso pode acontecer quando a quantidade de glicose no sangue está muito alta e cai rapidamente. Se isso estiver acontecendo, converse com seu médico, para que ele avalie seu plano de tratamento. A melhora gradual do controle regula esta sensibilidade à hipoglicemia, restaurando a sensibilidade ou com o paciente se acostumando aos níveis normais de glicose.

Outros fatores que podem causar variações mais drásticas e imprevisíveis nos níveis de glicose são as doenças comuns, como a gripe. É importante fazer a medição dos níveis com mais frequência nesses períodos e continuar a tomar a medicação para diabetes. Uma outra dica é que xaropes para tosse, por exemplo, podem conter açúcar, por isso é importante receber a orientação correta antes de tomar outros remédios.


COMO PREVINIR A HIPOGLICEMIA?

A melhor solução é fazer um bom gerenciamento do diabetes e aprender a identificar os sinais da hipoglicemia assim que eles aparecem. Monitorar sempre a glicemia e acostumar-se a conviver com um bom controle glicêmico.


VOCÊ NO CONTROLE:

Uma das principais ações para alcançar bons resultados e evitar o agravamento da hipoglicemia e da hiperglicemia é fazer o automonitoramento das taxas de glicose no sangue.

Medir regularmente a glicose no sangue permite que:

* Você saiba se sua glicose está alta ou baixa em determinado momento;
* Você avalie como seu estilo de vida e a medicação prescrita estão agindo sobre a glicemia;
* A equipe multidisciplinar e seu médico podem decidir, junto com você, as mudanças ne-cessárias para que o nível de glicose no sangue fique sob controle.
* Para aqueles que usam insulinas de ação rápida ou ultrarrápida, permite calcular a dose de insulina de acordo com a quantidade de carboidratos que será ingerida (contagem de carboidratos) e com o valor da glicose na glicemia capilar (na ponta do dedo).

Com qual frequência e como devo medir?

A frequência em que você vai medir sua glicose deverá ser decidida de acordo com o seu plano de tratamento. O médico e a equipe multidisciplinar vão estabelecer, junto com você, os momentos em que você deverá realizar seu automonitoramento.

Há várias maneiras de medir os níveis de glicose no sangue, de testes em laboratório até pequenos dispositivos portáteis (glicosímetros) que você leva para onde estiver. Há vários modelos de glicosímetros disponíveis em quase todas as grandes redes de farmácias. É importante que o médico ou o seu educador em diabetes oriente você sobre qual é o melhor modelo e faça um treinamento para que você não tenha dúvidas na hora de usar.

Algumas perguntas que você deve fazer, caso não receba essa orientação:

* Como usar o aparelho;
* Como usar e descartar as lancetas, pequenas pontinhas que perfuram sua pele;
* O tamanho correto da gota de sangue necessária para a medicação;
* O tipo de tira que deve ser usada no aparelho;
* Como limpar o aparelho;
* Como checar se o aparelho está calibrado.

Manter os níveis de glicose dentro da meta pode ser desafiador e um pouco frustrante quando os resultados não são alcançados. O automonitoramento pode ajudar a fazer pequenos ajustes que vão tornar esse processo, aos poucos, mais fácil.



UMA DAS COMPLICAÇÕES DA DIABETES NÃO CONTROLADA É A DOENÇA RENAL

Os rins são uma espécie de filtro, compostos por milhões de vasinhos sanguíneos (capilares), que removem os resíduos do sangue. O diabetes pode trazer danos aos rins, afetando sua capacidade de filtragem. Mas como isso acontece?

O processo de digestão dos alimentos gera resíduos. Essas substâncias que o corpo não vai utilizar geralmente têm moléculas bem pequenas, que passam pelos capilares e vão compor a urina. As substâncias úteis, por sua vez, a exemplo das proteínas, têm moléculas maiores e continuam circulando no sangue.

O problema é que os altos níveis de açúcar fazem com que os rins filtrem muito sangue, sobrecarregando nossos órgãos e fazendo com moléculas de proteína acabem sendo perdidas na urina.

A presença de pequenas quantidades de proteína na urina é chamada de microalbuminúria. Quando a doença renal é diagnosticada precocemente, durante a microalbuminúria, diversos tratamentos podem evitar o agravamento.

Quando é detectada mais tarde, já na fase da macroalbuminúria, a complicação já é chamada de doença renal terminal. Com o tempo, o estresse da sobrecarga faz com que os rins percam a capacidade de filtragem. Os resíduos começam a acumular-se no sangue e, finalmente, os rins falham. Uma pessoa com doença renal terminal vai precisar de um transplante ou de sessões regulares de hemodiálise.


A ACEITAÇÃO DA DOENÇA É O PRIMEIRO PASSO PARA A EFICÁCIA DO TRATAMENTO, UMA VEZ QUE PASSAMOS A CUIDAR DA SAÚDE E ASSIM EVITARMOS AS SUAS COMPLICAÇÕES. 


Com carinho, 
Helô


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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Hipertensão e hemodiálise

Olá, amigos!

Hoje, 23 de fevereiro de 2016, eu vou falar-lhes um pouco sobre a hipertensão e suas graves consequências.

A hipertensão é a principal causa da doença renal crônica e, portanto, é o principal problema que leva à diálise no Brasil. Por isso, eu estou compartilhando uma noção básica publicada no site da Sociedade Brasileira de Hipertensão (http://www.sbh.org.br/geral/oque-e-hipertensao.asp):

Hipertensão, usualmente chamada de pressão alta, é ter a pressão arterial, sistematicamente, igual ou maior que 14 por 9. A pressão se eleva por vários motivos, mas principalmente porque os vasos nos quais o sangue circula se contraem. O coração e os vasos podem ser comparados a uma torneira aberta ligada a vários esguichos. Se fecharmos a ponta dos esguichos a pressão lá dentro aumenta. O mesmo ocorre quando o coração bombeia o sangue. Se os vasos são estreitados a pressão sobe.


       


Quais são as conseqüências da pressão alta?

A pressão alta ataca os vasos, coração, rins e cérebro. Os vasos são recobertos internamente por uma camada muito fina e delicada, que é machucada quando o sangue está circulando com pressão elevada. Com isso, os vasos se tornam endurecidos e estreitados podendo, com o passar dos anos, entupir ou romper. Quando o entupimento de um vaso acontece no coração, causa a angina que pode ocasionar um infarto. No cérebro, o entupimento ou rompimento de um vaso, leva ao "derrame cerebral" ou AVC. Nos rins podem ocorrer alterações na filtração até a paralisação dos órgãos. Todas essas situações são muito graves e podem ser evitadas com o tratamento adequado, bem conduzido por médicos.

Quem tem pressão alta?

Pressão alta é uma doença "democrática". Ataca homens e mulheres, brancos e negros, ricos e pobres, idosos e crianças, gordos e magros, pessoas calmas e nervosas.
A Hipertensão é muito comum, acomete uma em cada quatro pessoas adultas. Assim, estima-se que atinja em torno de, no mínimo, 25 % da população brasileira adulta, chegando a mais de 50% após os 60 anos e está presente em 5% das crianças e adolescentes no Brasil. É responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. As graves conseqüências da pressão alta podem ser evitadas, desde que os hipertensos conheçam sua condição e mantenham-se em tratamento com adequado controle da pressão.

10 mandamentos contra a pressão alta:

  • Meça a pressão pelo menos uma vez por ano.
  • Pratique atividades físicas todos os dias.
  • Mantenha o peso ideal, evite a obesidade. 
  • Adote alimentação saudável: pouco sal, sem frituras e mais frutas, verduras e legumes. 
  • Reduza o consumo de álcool. Se possível, não beba.
  • Abandone o cigarro.
  • Nunca pare o tratamento, é para a vida toda. 
  • Siga as orientações do seu médico ou profissional da saúde. 
  • Evite o estresse. Tenha tempo para a família, os amigos e o lazer.
  • Ame e seja amado.

A alimentação adequada e a prática de exercícios físicos são fundamentais para controlar a pressão arterial e garantir uma boa saúde.
    

Com carinho,
Helô



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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

HemoFamília #16 - Diabetes

Olá, amigos!

Hoje, 20 de fevereiro de 2016, eu vou iniciar a 2ª temporada da série HemoFamília, relatando o dia a dia da clínica para qual mudei em março de 2015. Vou falar-lhes sobre a semana de 15 a 19 de fevereiro de 2016 na Clínica Travessia . Escolhi este nome fictício porque, se Deus quiser, farei um transplante renal e me livrarei da dependência da máquina de hemodiálise. De modo que eu estou nesta clínica apenas atravessando um difícil período na minha vida. Os demais nomes também são fictícios e inspirados em nomes de Santos da Igreja Católica.

Cada episódio semanal desta série corresponde a 3 sessões de hemodiálise, mais especificamente às de 2ª, 4ª e 6ª feiras. Assim, eu o publicarei na 6ª, sábado ou domingo. Claro que isso não é uma regra, mas uma diretriz para o momento.

Os 7 pacientes que fazem hemodiálise na minha sala, mais alguns da outra sala e de outros turnos, mais médicos, enfermeiras, técnicas de enfermagem, o pessoal da limpeza e outros membros da equipe, acabam formando uma família, na qual todos acompanham os problemas uns dos outros, compartilham sofrimentos, torcem pela recuperação alheia, alegram-se quando alguém faz transplante e sofrem quando alguém falece. É difícil de explicar, mas a habitualidade da convivência com pessoas tão diferentes em situações tão parecidas, nos tornam uma família e isso é muito bom,  confortante e desperta a nossa compaixão. "A compaixão sofre com o sofrimento do outro, enquanto a doçura se recusa a produzi-lo ou aumentá-lo." (André Comte-Sponville)

     
  
Os 7 pacientes que fazem hemodiálise na minha sala são:

(1) Agostinho é um jovem senhor de 63 anos, inteligente, calmo e sensato, que faz hemodiálise há 10 anos; 
(2) Pedro é um jovem senhor de 45 anos, alegre, comunicativo, amoroso, mas muito rebelde no tratamento, que faz hemodiálise há uns 6 anos; 
(3) Expedito é um senhor de 85 anos, que faz hemodiálise há 8 anos. Ele é muito sério, calado e sente muito frio; 
(4) Joana é uma uma jovem senhora de 50 anos, que faz hemodiálise há uns 3 anos. Ela é muito quieta e reservada. 
(5) Rita é uma senhora de 71 anos, muito delicada, educada e gentil, que já fez diálise peritoneal e passou a fazer hemodiálise após uma infecção peritoneal; 
(6) Tomás é um senhor de 75 anos, muito educado, amável e discreto, que já fez um transplante que durou 27 anos;
(7) eu, Helô, tenho 54 anos e faço hemodiálise há 2 anos e 9 meses. Sou alegre, otimista e comunicativa.

Na segunda-feira, a sessão transcorreu tranquila. Tivemos a triste notícia que o Pedro foi para UTI. Ele foi internado em 12 de janeiro devido a uma ferida no pé que infeccionou. Ele é diabético e, como sabemos, a cicatrização desses pacientes é mais lenta. Estou rezando pela pronta recuperação dele. A Sra. Rita também é diabética e tem pressão alta, de modo que, no final da hemodiálise, ela tem que segurar por uns 10 minutos os dois acessos para ajudar na coagulação. Nesta sessão, vazou muito sangue e foi necessário trocar três vezes os curativos. O sr. Expedito completou 85 anos e comemoramos o seu aniversário. O Agostinho tem pressão alta (19x10) e, mesmo após a hemodiálise, a pressão dele continua alta. Todas as segundas-feiras, ele recebe glicose na veia, porque se sente mareado. Ele também tem que segurar firme os dois acessos no término da hemodiálise para evitar sangramento. O sr. Tomás teve calafrios durante a sessão, mas não teve febre, e foi coletada uma cultura. A Joana tem pressão baixa (9x5) durante toda a sessão, mas se sente bem e vai embora assim. Eu tive a pressão sistólica (pressão máxima) um pouco mais alta do que de costume (16x6), mas passei bem durante toda a sessão. O pressão normal e ideal é 12x8. Eu assisti TV, conversei, joguei Candy Crush, usei o WhatsApp, respondi perguntas no meu blog e, como sempre, rezei. A sessão passou rápida!

Na quarta-feira, nós tivemos uma triste notícia sobre a saúde do Pedro. Ele teve que amputar o pé e uma parte da perna, em decorrência da grave infecção na ferida do seu pé. Esta ferida ocorreu há uns 6 meses. Ele foi internado anteriormente para fazer uma raspagem. Saiu do hospital, fazia curativos diários e sessões em câmara hiperbárica. Porém, em 12 de janeiro de 2016, ele foi internado para combater a grave infecção que ali se instalou, mas infelizmente foi necessário a amputação do pé e parte da perna para preservar a vida. Ele tem diabetes, que dificulta a cicatrização. Que Deus lhe dê força para superar este difícil momento. No restante da sessão, tudo foi bem. A nefrologista conversou com cada um dos pacientes sobre o resultado dos exames mensais. A hemocultura do sr. Tomás mais uma vez deu negativa, apesar dele continuar a ter calafrios durante as sessões de hemodiálise. Ele me disse que já fez mais de 20 hemoculturas em variados laboratórios e o resultado dá sempre negativo. A única alteração que deu no meu exame de sangue foi a vitamina D, que está baixa. A doutora me prescreveu 1 comprimido de Addera D3 50.000 uma vez por semana durante 4 semanas e depois 1 comprimido, 1 vez por mês. Eu paguei R$ 90,00 a caixa com 4 comprimidos. Achei muito caro. A sessão foi triste pela notícia do Pedro.

Vou falar-lhes um pouco sobre o diabetes. O diabetes é uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina exercer adequadamente seus efeitos, causando um aumento da glicose (açúcar) no sangue. O diabetes acontece porque o pâncreas não é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo, ou porque este hormônio não é capaz de agir de maneira adequada (resistência à insulina). A insulina promove a redução da glicemia ao permitir que o açúcar, que está presente no sangue, possa penetrar dentro das células para ser utilizado como fonte de energia. Portanto, se houver falta desse hormônio, ou mesmo se ele não agir corretamente, haverá aumento de glicose no sangue e, consequente, o DIABETES. Principais sintomas do diabetes tipo 1: vontade de urinar diversas vezes, fome frequente, sede constante, perda de peso, fraqueza, fadiga, nervosismo, mudanças de humor, nâusea e vômito. Principais sintomas do diabetes tipo 2: infecções frequentes, alteração visual (visão embaçada), dificuldade na cicatrização de feridas, formigamento nos pés e furúnculos. (informações retiradas do site www.minhavida.com.br). Esta doença atinge cerca de 13 milhões de brasileiros e é a 2ª maior causa de doença renal crônica no Brasil. De acordo com a Dra. Carmen Tzanno, nefrologista e presidente da SBN (Sociedade Brasielira de Nefrologia) é importante que o diabético realize o acompanhamento periódico da função renal, já que a presença de proteína na urina é um dos primeiros sinais de que os rins estão sendo acometidos pela doença. Os diabéticos devem acompanhar a função renal e fazer periodicamente exames laboratoriais, como o de sangue para dosar a creatinina, o exame de urina para detectar a presença de proteína e o ultrassom renal. As principais consequências do diabetes não tratados são insuficiência renal, amputação de membros, cegueira, doenças cardiovasculares (infartos do miocárdio e acidentes cardiovasculares cerebrais, mais conhecido como derrames cerebrais). 


Na sexta-feira, a sessāo transcorreu bem. A doutora abaixou o meu peso seco. Eu ganhei 1 litro de  4ª feira para hoje, minha pressão foi 13x5 no início da hemodiálise e 13,5x6 após devolver o sangue. A minha temperatura estava 35,2 °C. A minha máquina ficou alarmando e informando que a pressão do acesso venoso estava alta. A técnica precisou mexer na agulha e tudo normalizou. O sr. Tomás queixou que sentiu muito cansaço e enjoado em casa. Ele está fazendo radioterapia como tratamento da retirada de um tumor no rosto. Ele teve calafrios no final da sessão e a doutora mandou desligar a máquina, uma vez que faltava apenas 15 minutos para completar as 4 horas e terminar a sessão. A Sra. Rita chegou um pouco atrasada. Ela mora em um sítio em Ibiúna - SP. A sua pressão iniciou 17x9  e permaneceu alta durante toda a sessão. Ela é bem magra, mas ganha cerca de 3 litros entre uma sessão e outra. Ela senta ao meu lado. Um paciente do 3º turno veio fazer hemodiálise na máquina do Pedro, que fica na minha frente. O Sr. Expedito usa cateter e passou bem. Ele senta ao meu lado. Ele chega de cadeira de rodas trazido pela filha e vai embora de Atende (transporte gratuito criado em 1996 pela Prefeitura de São Paulo, destinado a levar porta a porta as pessoas com deficiência física com alto grau de severidade e dependência. Funciona das 7h às 20h, de segunda-feira a domingo. Um bom serviço público!). A pressão do Agostinho ficou alta (19x10) do começo ao fim da sessão, mas ele não sente qualquer sintoma. Ele senta ao lado do Pedro, na frente da Sra. Rita e na minha diagonal, o que facilita a nosso bate-papo. A Joana senta numa ponta da sala e a Sra. Rita na outra ponta. São 5 máquinas enfileiradas de um lado da sala e 2 do outro lado. Ela teve pressão baixa do início ao fim da sessão, mas ela nada sente. Foi uma sesão movimentada, porque enfermeiras do grupo Fresenius foram aprender o funcionamento da máquina!

A semana foi muito triste por causa da amputação de parte da perna do Pedro.

 Hoje, 20 de fevereiro de 2016, eu fui até o hospital onde o Pedro está internado para encontrar os pais dele e prestar a minha solidariedade. Lá chegando, encontrei os pais dele e eles me receberam muito bem, além de insistirem para que eu fosse visitar o Pedro. Eu e a Sra. Maria Tereza, mãe do Pedro, fomos até a UTI. É um outro conceito de UTI. São quartos individuais muito bem equipados . Ele estava sedado e entubado. A enfermeira me disse que quando ele fica consciente, ele fica nervoso e quer arrancar o tubo da respiração artificial, por isso a sedação. Eu falei para ele sobre a falta que ele faz nas nossas sessões de hemodiálise e algumas coisas mais. Depois de uns 10 minutos, eu fui embora com uma angústia no peito. Na recepção, tinham várias pessoas que foram visitá-los. Ele é realmente muito querido e eu gosto muito dele!
                                        
     

Vamos cuidar bem dos doentes e dedicar um pouco do nosso tempo para confortá-los!

"O sonho e a esperança são dois calmantes que a natureza concede ao ser humano." (Frederico I)

Com carinho,
Helô



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Grave crise na hemodiálise

Olá, amigos!

Hoje, 18 de fevereiro de 2016, eu estou compartilhando o link que nos informa sobre a grave crise da hemodiálise no Brasil. Infelizmente, o Ministério da Saúde não autorizou o reajuste das sessões de hemodiálise para, pelo menos, R$ 265,41 e assim continuará a pagar R$ 179,03. Desse modo, muitas clínicas estão fechando ou solicitando o descredenciamento com o SUS, uma vez que este valor não cobre o custo. Algumas unidades, como única alternativa, tem reduzido o tempo da hemodiálise, o que torna o tratamento inadequado. Como é sabido, o tempo adequado de hemodiálise, em regra, é 12 horas semanais. As regiões mais afetadas são Norte, Nordeste e Centro-Oeste.


     

O link abaixo relata a reunião ocorrida em 16/2/2016 entre os representantes da Nefrologia e o Ministro da Saúde, Marcelo Castro, para discutir a grave crise financeira enfrentada. Em síntese, foi apresentado ao Ministro os dados da crise diante dos defasados valores pagos pelo SUS, que mal pagam 50% dos custos com os procedimentos da hemodiálise. Outro grave problema apontado ao Ministro mostra que a diálise peritoneal no Brasil está em risco, pois devido ao represamento dos preços das soluções de diálise peritoneal, praticado pelo MInistério da Saúde por mais de 13 anos, as empresas fornecedoras limitaram o acesso de novos pacientes ao tratamento. Assim, constata-se que muitas unidades tem fechado ou solicitado o descredenciamento com o SUS e as empresas de diálise peritoneal limitaram o acesso de novos pacientes. 


O senador Eduardo Amorim do PSC/SE e a senadora Ana Amélia de Lemos do PP/RS insistiram na necessidade de uma correção emergencial para amenizar a grave crise enfrentada pelas clínicas de diálise prestadoras de serviço ao SUS. Porém, o Ministro afirmou que não há dinheiro para reajustar o valor da sessão da hemodiálise para pelo menos R$ 265,41, que é o valor pago pelo SUS às sessões de hemodiálise para pacientes soropositivos para hepatite B e C e HIV com a adoção do uso único de filtros capilares e linhas vasculares para todos os pacientes, visando a segurança desses e a sustentabilidade financeira das clínicas.

Se não há dinheiro para reajustar o valor da sessão de hemodiálise, então por quê não isentar de tributos os equipamentos e produtos usados na hemodiálise? Ou ainda, isentar as clínicas do pagamento das taxas de luz e água. É possível o Governo adotar algumas medidas emergenciais e diminuir o custo da sessão de hemodiálise, mas precisa haver interesse e nós temos que lutar para que isso aconteça o mais rápido possível.

Foto da Assessoria de Imprensa da reunião realizada em 16/2/2016 entre os representantes da Nefrologia e o Ministro da Saúde, Eduardo Castro








As exigências da portaria nº 389/14 e a RDC nº 11/14, que melhoram a segurança da hemodiálise, não poderão ser cumpridas se o valor da sessão não for imediatamente reajustado. Portanto, caso este reajuste não ocorra, é uma obrigação do Ministro de Saúde, Marcelo Castro, esclarecer a sociedade brasileira que, diante da falta de recursos, essas normas de segurança não serão cumpridas.






















O número de pacientes em tratamento dialítico aumentou de cerca de 42.00, que havia em 2000, para cerca de 100.000 em 2015. Em contrapartida, 77 clínicas fecharam de 2000 até 2015.  De modo que as ofertas de vagas para hemodiálise não acompanham o aumento do número de pacientes renais e muitos pacientes morrem por falta de tratamento. É justo? É razoável num país com tantos gastos desnecessários: viagens, publicidades, marketing político, ajudas de custos absurdas, inúmeros funcionários contratados sem necessidade...? Esse tratamento é vital e a vida é o maior bem que existe.

Segundo a Dra. Carmen Tzanno, nefrologista e presidente da SBN, "temos cerca de 100 mil pessoas que estão incluídas em programas de diálise no Brasil. São cerca de 5,5 mil transplantes de rins efetuados todos os anos. De 2000 a 2014 o número de pacientes renais subiu 134% e os de serviços disponíveis para suprir a demanda ficou em 41,98%. O número de clínicas não acompanham este crescimento. Temos 409 municípios com clínicas de diálise e nefrologistas. O fato é que somos aproximadamente 3 mil nefrologistas que estão mais concentrados em algumas regiões enquanto outras acabam carentes desse tipo de atendimento." (março de 2015)

O futuro da Nefrologia (médicos, enfermeiros, pacientes e indústria) está em risco e nós não podemos aceitar esta realidade passivamente, pois nós estamos falando de um tratamento (hemodiálise ou diálise peritoneal) que mantém vivos os doentes renais, especialmente os que não tem condições de pagar um plano de saúde e dependem do SUS.




O orçamento de 2016 cortou 10 bilhões da verba para Saúde. Inadmissível!!! A saúde e a educação devem ser prioridades em qualquer Governo.  


Com carinho, 
Helô


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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Mãos à Vida

Hoje, 16 de fevereiro de 2016, eu vou postar um folder muito importante elaborado pelo grupo NephroCare, que é uma Campanha de Higienização das MÃOS.



foto tirada pelo Blog Hemodiário
                                     



Todas as superfícies que você toca e todas as pessoas que você cumprimenta podem estar contaminadas.

Na pele podem ser encontrados, facilmente, bactérias, fungos e vírus. São micro-organismos que se transferem de um lugar para o outro, por meio do contato pele com pele, ou do contato com os objetos e superfícies contaminadas. Esses germes podem ser removidos com água e sabão, e melhor eliminados quando se faz a higienização com o álcool gel a 70%.

Alguns cuidados que devem ser tomados:

1. Higienize sempre as suas mãos antes das refeições, após ir ao banheiro e ao chegar da rua;

2. Lave o braço da fístula ao chegar na clínica, antes de iniciar a sua diálise;

3. Evite a troca de alimentos entre seus colegas na sala de hemodiálise. Gotícula de sangue podem estar presentes nas mãos;

4. É muito importante que profissionais de saúde, pacientes e visitantes façam a higienização das mãos.

Tomando esses e outros cuidados, você diminui os riscos de contaminação, ganhando mais qualidade de vida.



foto tirada pelo Blog Hemodiário
                              


Mãos à obra! 
Mãos à vida!



foto tirada pelo Blog Hemodiário
                            



A lavagem das mãos é uma prática de assepsia simples que continua sendo a principal forma de prevenir e controlar as infecções, sem ônus significativos para as instituições, além de gerar benefícios extensíveis àqueles envolvidos no processo de cuidado, devendo configurar-se como um hábito que todos os profissionais de saúde devem realizar antes e depois de qualquer procedimento, seja invasivo ou não. (Genz, 1998; TIMBY, 1996)


DIGA NÃO À PROPAGAÇÃO DE INFECÇÃO SIMPLESMENTE HIGIENIZANDO AS SUAS MÃOS!!! 


Faça a tua parte!


Com carinho,
Helô


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domingo, 14 de fevereiro de 2016

Tempo adequado de hemodiálise

Olá, amigos!

Hoje, 14 de fevereiro de 2016, vou falar-lhes sobre o tempo adequado de hemodiálise. O texto abaixo é baseado no folder distribuído pela minha clínica, que pertence ao grupa NephroCare.

"A qualidade da hemodiálise depende da qualidade do material e da tecnologia utilizado, mas depende também da correta prescrição do tratamento. O tempo dedicado ao tratamento é um dos itens mais importantes.

Atualmente, para fazer com que o tratamento de hemodiálise proporcione um efeito o mais próximo possível de um rim normal, equilibrando água, sais e limpando o sangue de impurezas, são necessárias pelo menos 12 horas de hemodiálise por semana. É possível que o médico ajuste o tratamento de acordo com as particularidades de cada paciente, mas esse tempo mínimo é essencial para assegurar o bemm-estar, em longo prazo. Cada minuto de tratamento conta e faz diferença.

As consequências de uma hemodiálise inadequada vão desde alterações nos ossos, aumento de incidência de infecções, anemia, e comprometimento do estado nutricional até problemas graves de coração e de vasos sanguíneos, como maior incidência de infartos, acidentes vasculares cerebrais e insuficiência cardíaca. Estas doenças reduzem a expectativa de vida e especialmente comprometem a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.

NephroCare - Blog Hemodiário


As clínicas de hemodiálise devem garantir esse tempo mínimo de tratamento, especialmente porque as consequências de um tratamento inadequado podem não aparecer ou não ser percebidas em curto prazo pelos pacientes ou seus familiares. Além disso, entendemos que seja natural que os pacientes queiram permanecer o menor tempo possível no ambiente de diálise.

A seriedade de uma equipe de hemodiálise pode ser percebida em seu empenho em valorizar o tempo de tratamento. O médico deve prescrever sempre o tempo mínimo, adequado a composição da frequência dentro das características de cada paciente e as possibilidades da unidade. A equipe de enfermagem deve garantir que este tempo seja cumprido. O diretor médico deve garantir que sua equipe tenha sempre como senso comum fazer o melhor possível para cada paciente."

Siga sempre as orientações médicas - Blog Hemodiário
                    
 
Siga sempre as orientações do seu médico e aceite a tua doença para ter um tratamento mais eficaz!!!

"Não há doente mais incurável do que aquele que não reconhece a sua doença." (Santo Agostinho)


Com carinho,
Helô


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