sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Primeiras 100 mil visualizações

Olá, amigos!

Hoje a minha página Hemodiário passou de 100.000 visualizações. O assunto é muito específico, mas despertou interesse e eu fiquei muito feliz em compartilhar as minhas experiências e aprendizados.



A imagem abaixo mostra os 10 países que mais visualizaram a minha página.



Continuem acompanhando e divulgando!!!

Com carinho,
Helô
#Blog_Hemodiário

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Potássio: silencioso e fulminante

Olá, amigos!

Hoje eu vou falar-lhes sobre o potássio e o perigo do seu consumo em excesso para os doentes renais.

O potássio é um mineral imprescindível no funcionamento adequado dos músculos e das células nervosas. Ele regula as contrações musculares, incluindo as contrações cardíacas.

O potássio está presente em muitos alimentos e os doentes renais devem controlar a sua ingestão, porque os seus rins não funcionam adequadamente e a capacidade de excreção do potássio é reduzida.

A preocupação em manter o potássio plasmático nos valores considerados normais (3,5 a 5,5mEq/L) é grande, uma vez que tanto a sua falta como o seu excesso podem levar a arritmias cardíacas e morte súbita. 



                         
                                     Foto: ilustração de um folder da Fresenius                     


Os doentes renais crônicos (IRC) devem ingerir cerca de 1500 mg de potássio por dia. Uma pessoa sem problema renal deve consumir cerca de 4800 mg de potássio por dia. Para ajudar-nos neste cálculo, há a confiável TACO (Tabela Brasileira de Composição de Alimentos), que nos mostra a quantidade de potássio, sódio, fósforo e outros elementos em quase 600 alimentos. Vale muito a pena consultá-la regularmente!!!


           
    

Nesta preciosa tabela, o que me chamou mais a atenção foi a elevada quantidade de potássio nos seguintes alimentos: batata frita, tipo chips, industrializada (100g = 1014mg); alho (100g = 535mg); café, pó, torrado (100g = 1609); chocolate ao leite (100g = 458mg); batata, inglesa, frita (100g = 489mg); achocolatado (100g = 496mg); amendoim, torrado, salgado (100g = 496mg); cenoura crua (100g = 315mg); coentro, folhas desidratadas (100g = 3223 mg); castanha-de-caju (100g = 672mg); soja, farinha (100g = 1922mg); grão-de-bico, cru (100g = 1116mg); capuccino,pó (100g = 886mg); açúcar mascavo (100g = 522mg); leite de vaca, desnatada, pó (100g = 1556mg); salame (100g = 548mg); carne bovina, com gordura, grelhado (100g = 352 mg); frango, filé, à milanesa (100g = 408mg); salmão, sem pele, fresco, cru (100g = 376mg) e extrato de tomate (100g = 680mg). Em contrapartida, duas frutas frequentes na alimentação e com alto teor de potássio são a banana prata (100g = 358mg) e o mamão formosa (100g = 222mg). Comparando-as com os demais itens mencionados, elas não são tão perigosas como eu pensei. PRESTEM MUITA ATENÇÃO com o consumo do potássio, porque ele pode causar a morte rapidamente!!!

Uma das funções dos rins é regular a quantidade de potássio no sangue. Como os rins do doente renal crônico não funcionam adequadamente, o controle da alimentação é fundamental para evitar a hipercalemia.

A orientação nutricional a ser seguida pelos doentes renais crônicos é basicamente a seguinte:

1) a ingestão de proteína animal (carne, frango, peixe, ovo, leite ou derivados e outros) diariamente e em porções recomendadas pela nutricionista. A máquina de hemodiálise retira muito os aminoácidos ("proteínas") e a pouca ingestão de proteína acarreta a perda de massa magra e a desnutrição. Como tal, NUNCA deixe de ingerir proteína diariamente e não a substitua por outro alimento só para não ultrapassar a quantidade de potássio diário!

2) as frutas pobres em potássio (ex.: abacaxi, melancia, maçã) devem ser consumidas na quantidade de 2 porções por dia.

3) as verduras também devem ser consumidas com moderação, sempre dando preferência para as verduras cozidas. Mas, por exemplo, a alface, que tem baixo teor de potássio, poderá ser consumida na quantidade de 4 folhas por dia.

4) Os produtos industrializados, as frutas secas e as oleaginosas devem ser evitados.

Uma recomendação da nutricionista para quem tem constipação intestinal é a ingestão de uma colher de azeite puro.

Enfim, a moderação e o equilíbrio da alimentação é a melhor receita!!!

Hipercalemia é uma condição caracterizada por níveis muito altos de potássio no sangue, geralmente acima de 5,5 mEq/L. Quando a concentração está cima de 6,5 mEq/L, o estado do paciente é considerado crítico

O acúmulo de potássio no corpo pode ser muito perigoso, pois provoca fraqueza muscular, podendo causar problemas no seu coração, que também é um músculo. Os sintomas de excesso de potássio no sangue são fraqueza nas pernas, moleza no corpo e outros. Só que quando você percebe isso, os níveis de potássio, em geral, já estão muito elevados, podendo colocar sua vida em risco devido à possibilidade de ocasionar uma parada cardíaca. 

É bom lembrar que a hipocalemia (taxa de potássio menor que 3,5mEq/l) também é muito perigosa.


            
           
                          

Depois desta breve explicação, eu vou contar-lhe o que me aconteceu.

Eu iniciei o tratamento de hemodiálise em 8 de maio de 2013. De pronto, eu fui orientada pela nutricionista da clínica sobre a dieta restritiva em relação ao sódio, fósforo e potássio, além da restrição líquida. Em relação ao potássio, ela me orientou que eu poderia comer 2 frutas por dia, sendo uma fruta crua e a outra cozida. As verduras poderiam ser consumidas, mas deveriam ser cozidas e água do cozimento desprezada para diminuir a quantidade de potássio. A salada de alface tem pouco potássio e poderia ser consumida com moderação. Foi o que fiz nesses 3 anos e 6 meses!

O procedimento da minha clínica é coletar exames laboratoriais toda a primeira 4ª feira do mês e assim avaliar cada taxa dos pacientes. O resultado do meu potássio sempre deu dentro do limite e eu acreditei que estava fazendo tudo certo. Porém, para minha surpresa, o resultado do meu potássio em novembro de 2016 foi 7,5 mEq/L, que é altíssimo e eu poderia ter tido uma parada cardíaca. Fiquei muito assustada!

O exame de sangue de novembro de 2016 foi coletado no dia 2 e o resultado me foi dado no dia 14. Eu não me lembro o que eu comi na 2ª feira após a hemodiálise, 31/10. Mas eu me lembro mais ou menos o que comi no dia 1º/11, porque foi aniversário do meu marido, nós almoçamos e jantamos juntos e eu me lembro desta data especial. Como eu sempre controlei o que comia, eu sabia que não tinha abusado no que eu sabia que não poderia comer muito, como frutas e legumes. Resolvi então consultar a TACO e somar o que comia diariamente. Fiquei impressionada ao perceber que sempre comi muito mais de 1500 mg de potássio por dia, mas acreditei que estava comendo certo porque os meus exames sempre ficaram dentro das taxas normais. Fiquei preocupada, mas grata por não ter tido qualquer complicação nesse tempo todo!!!

Quando o potássio está alto, os sintomas que nós apresentamos são arritmia cardíaca, redução da pressão arterial, diminuição da frequência cardíaca, letargia, fraqueza muscular, especialmente os músculos das pernas, e parada cardíaca.  Nós renais crônicos devemos fazer hemodiálise o mais rápido possível para eliminar o excesso de potássio. Felizmente, a máquina de hemodiálise elimina do sangue o excesso de potássio logo na primeira hora da sessão. O pior para mim foi a alta de potássio ter sido assintomática e o melhor foi não ter tido uma arritmia e uma parada cardíaca. A partir de 14/11, eu comecei a anotar o que eu comia e somar a quantidade de potássio para tentar ingerir cerca de 1200mg. Muito difícil!!! Eu tenho que comer proteína diariamente, no almoço e no jantar, e, como pude constatar, a proteína também tem muito potássio.



                           
                               Foto: ilustração de um folder da Fresenius


Lembrem-se sempre que a CARAMBOLA é proibida de ser consumida pelo doente renal. Os demais alimentos apenas tem ingestão controlada.

O tratamento da hemodiálise, eu já me acostumei e não reclamo. Mas as restrições alimentares e líquidas são muito difíceis de acostumar. 


HOLD ON!!!


"Um alimentação adequada é a base do meu bem estar. E o meu bem estar é a base da minha felicidade."


Com carinho,

Helô



OBS: Visitem a minha página do Facebook chamada Blog Hemodiário (https://www.facebook.com/BlogHemodiario) e o meu perfil do Instagram com o nome de @blog_hemodiario. Até lá!

OBS2: Venham participar do grupo HEMODIÁRIO no Facebook!!!

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Buttonhole e infecção por Staphylococcus Aureus

Olá, amigos!

Vou falar-lhes sobre as duas infecções por Staphylococcus Aureus que peguei em menos de um ano durante a hemodiálise. Tudo indica que a técnica de buttonhole facilitou o acesso desta bactéria à minha corrente sanguínea, apesar de todos os cuidados tomados durante as punções.

A técnica buttonhole, também conhecida como túnel, é um método no qual a agulha com corte é inserida exatamente no mesmo lugar em seções consecutivas de hemodiálise até a formação de uma canulação (túnel) que será acessada posteriormente com agulhas sem corte (romba). É recomendável que o mesmo técnico de enfermagem faça este procedimento até que se formem dois túneis (arterial e venoso). Este técnico perfura sempre os mesmos pontos de entrada ao longo de semanas até estar seguro de que o túnel está bem definido e já possa servir como guia para a canulação, garantindo a correta colocação das agulhas. Deste modo, passará a utilizar agulha sem corte para puncionar as veias e qualquer profissional poderá puncioná-las facilmente sempre no mesmo local.



                                  
                                               agulha afiada               agulha cega (romba)
                                                                              

Os benefícios gerais para os pacientes com a técnica de buttonhole são: 1) a canulação é menos dolorida; 2) as agulhas são mais fáceis de inserir no curso, e 3) os pacientes podem usar agulhas cegas, que reduzem o corte do túnel e o gotejamento subsequente durante a hemodiálise.

As 3 grandes diferenças entre a técnica de rotação de local e a canulação de buttonhole são: 1) a individualização de canulação (a mesma pessoa que iniciou o túnel e que determinou a angulação deve ser sempre seguida); 2) remoção da crosta (de uma sessão para outra uma crosta formará sobre o ponto a ser puncionado e esta deverá ser removida com muito cuidado e higiene); 3) quem pode canular (recomenda-se que a mesma pessoa faça a canulação até a formação do túnel. Após a sua consolidação, qualquer profissional poderá puncioná-lo.

Na minha clínica, quem usa a técnica buttonhole é orientado a lavar bem o braço da FAV, especialmente os locais dos túneis, e colocar uma gaze embebida em soro fisiológico por uns 10 minutos antes das punções para facilitar a remoção da crosta, além da enfermagem ter que limpar os 2 túneis com clorexidina e aguardar 2 minutos antes das punções. Este procedimento de remoção da crosta é o ato mais delicado, uma vez que ela tem que ser totalmente retirada, com gaze ou agulha estéril, e assim evitar que algum resquício contaminado desta crosta seja levado junto com a agulha e caia na corrente sanguínea e cause uma infecção ou que a pele seja machucada no momento da sua retirada e seja aberta uma porta para infecção.



      
    

Em dezembro de 2015, eu e alguns outros pacientes da minha clínica que usavam a técnica de buttonhole fomos infectados pela bactéria Stafilococcus Aureus. Provavelmente, esta foi causada no momento da punção. Houve a introdução então do uso da clorexidina para limpeza dos locais a serem puncionadas. O tratamento foi 7 doses de Kefazol 2g por via endovenosa logo após terminar a sessão de hemodiálise.

Em outubro de 2016, após aquelas 5 desastrosas sessões, quando as tentativas de me puncionarem foram diversas e o meu braço ficou muito machucado e dolorido, eu tive pressão baixa, temperatura de 37,3°C, pulsação acima de 100 bpm e muito cansaço. Pensei que era uma gripe até eu ter calafrios durante a hemodiálise. Coletaram uma hemocultura e novamente a bactéria oportunista Stafilococcus Aureus entrou na minha corrente sanguínea. Terceira sepse ou septicemia em 10 meses. Mais uma vez eu recebi o antibiótico Kefazol 2g, via endovenosa, por 7 dias no final da hemodiálise. O meu acesso através dos túneis foi suspenso e passei a utilizar a técnica Rope Ladder (rotação de local).

Esta infecção foi uma sepse, que pode causar várias problemas, como, por exemplo, a destruição da válvula cardiáca, ou até levar à morte.

No inesquecível dia 19 de setembro de 2016, 2ª feira, eu fui puncionada 8 vezes, sendo 6 vezes pela mesma pessoa (ABSURDO!!!), que nada conseguiu, e a minha fístula parecia que não mais funcionava. As 4 sessões seguintes foram um tormento e insistentemente a mesma enfermeira, que me puncionou 6 vezes sem sucesso, persistia em me puncionar e tentava mais de 2 vezes. Foi utilizada agulhas de menor calibre e o fluxo foi mantido baixo, o que não é o ideal. O meu braço ficou muito machucado e dolorido. Depois da 5ª sessão problemática, 28/9/2016, especialmente pela médica insistir que a mesma enfermeira me puncionasse (na verdade, me machucasse), eu mudei de clínica. Na nova clínica, eu fui sempre puncionada na 1ª tentativa. Foram 26 sessões até hoje. Problema na minha fístula (FAV) ou profissional inexperiente??? Sem palavras....

As consequências dessas 5 desastrosas sessões de hemodiálise de 19 de setembro a 28 de setembro de 2016 foram a mudança de clínica, a mudança da técnica de punção (de Buttonhole para Rope Ladder), uma infecção por Stafilococcus Aureus e a necessidade da realização de uma angioplastia na FAV. Não foi pouco, né? 

HOLD ON!!!

"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente." (Willian Shakespeare)


Com carinho,

Helô



OBS: Visitem a minha página do Facebook chamada Blog Hemodiário (https://www.facebook.com/BlogHemodiario) e o meu perfil do Instagram com o nome de @blog_hemodiario. Até lá!

OBS2: Venham participar do grupo HEMODIÁRIO no Facebook!!!


terça-feira, 4 de outubro de 2016

A intensa dor da Infiltração

Olá, amigos!

Vou falar-lhes sobre a intensa dor sentida quando há infiltração durante a hemodiálise. No meu caso, eu não senti dor enquanto a máquina estava ligada, porém, após eu ser desligada, o meu braço estava muito inchado (edemaciado) e a dor era extrema. Com certeza, esta foi uma das piores e a mais duradoura dor que eu já senti nesses 55 anos de vida. Fiquem atentos e exijam que os profissionais observem e atendam os alarmes das modernas máquinas de hemodiálise. Sejam sempre alertas, ativos e protagonistas no cuidado de suas vidas!

Vou fazer uma breve retrospectiva até chegar no dia da infiltração, 26 de setembro: 

Em 19 de setembro de 2016, 2ª feira, eu acordei às 5 horas e fui, como de costume, para a minha clínica de hemodiálise. A técnica de punção utilizada em mim é a buttonhole, mais conhecida como túnel, na qual as punções são feitas sempre nos mesmos dois locais. Porém, após a sessão de 6ª feira, 16 de setembro, quando a técnica de enfermagem teve alguma dificuldade de puncionar o meu acesso venoso (puncionou uma vez, mas teve que movimentar a agulha umas 3 vezes sob a pele para encontrar o fluxo), eu percebi que, um pouco acima do túnel venoso, tinha uma parte endurecida. Então, assim que entrei na sala de hemodiálise, eu mostrei este endurecido para a técnica, enfermeira e médica. Nós temos sempre que relatar tudo que nos acontece. A médica junto com a enfermeira avaliaram o local da minha punção e, como eu relatei no post anterior, Hold on, eu fui puncionada por 8 vezes (6 vezes por uma enfermeira inexperiente e sem sucesso; 1 pela médica, também sem sucesso, e  finalmente 1 pela experiente enfermeira Rosanna de outra clinica e com sucesso). Fiquei sentada na cadeira da hemodiálise por cerca de 9 horas e 30 minutos. Mas era uma segunda feira, eu estava pesada, intoxicada e precisava fazer hemodiálise. Caso não conseguissem me puncionar, eu teria que ir ao hospital para passar um cateter. Mesmo assim, imaginem vocês ficarem este tempo todo sentados na mesma cadeira e na mesma posição. Conclusão, eu fiquei com o corpo todo doído,  além do braço machucado e dolorido, mas, acreditei que era um evento único e isolado, uma vez que nada parecido tinha acontecido comigo em 3 anos e 6 meses de hemodiálise. Segui em frente, na certeza de que tudo iria dar certo.

Em 21 e 23 de setembro, eu fui puncionada fora do túnel venoso e no mesmo local que a enfermeira Rosanna tinha finalmente conseguido me puncionar na 2ª feira, 19 de setembro. Foi utilizada uma agulha de menor calibre e a máquina ficou com o fluxo baixo. As agulhas ficaram muito próximas, o que não é o recomendável, e o KTV não foi atingido. Mas fui em frente! Cuidei muito do meu braço no final de semana e acreditei que na 2ª feira, 26 de setembro, tudo voltaria ao normal.


                                 
                                     Foto da proximidade da punção arterial e venosa


                                              
                       Foto do meu braço após inúmeras punções, mas sem estar edemaciado (inchado)
Após esta breve retrospectiva, chegou o primeiro dia da infiltração.

Em 26 de setembro, 2ª feira, eu cheguei na clínica com toda a fé e força, que é do meu temperamento. A médica e a enfermeira foram novamente analisar as minhas veias. A enfermeira não conseguiu puncionar na proximidade do local da semana anterior. Puncionava e o sangue não fluía. Movimentava a agulha sob a pele e nada. Eu sempre torcendo para que ela conseguisse. Tirou a agulha. Devolveu o sangue. Colocou gelo. Tentou novamente e nada. Eu sentei na cadeira da hemodiálise às 6h10. Na 3ª tentativa, por volta das 10 horas, a mesma enfermeira de quase todas as punções das 4 últimas sessões tentou novamente e o sangue fluiu. A médica mandou deixar o fluxo baixo. Assim que ligou a máquina a pressão venosa alarmava e estabilizava, apesar do fluxo baixo. Um novo alarme indicou que a PV estava 300 e imediatamente a técnica de enfermagem chamou a enfermeira. Ela me perguntou se o local da punção estava doendo e eu respondi que o meu braço todo doía após tantas punções, mas nada insuportável. E assim foi durante toda a sessão (4 horas). No final, quando a técnica foi me desligar, eu senti uma dor muito intensa. Percebi que o meu braço estava muito inchado, mas ainda não estava roxo. A médica chamou um vascular para verificar a minha fistula. Ele fez um Doppler da fistula na minha cadeira da hemodiálise e diagnosticou um aneurisma no local puncionado nas 3 últimas sessões, uma estenose próxima do túnel venoso (local que indiquei que estava endurecido) e mostrou uma veia boa para ser utilizada na próxima sessão. Eu fiquei surpresa com o diagnóstico, pois, em julho de 2016, eu tinha feito um Doppler da fístula num dos mais renomados hospitais de São Paulo e nada de anormal tinha sido diagnosticado. Perguntei se esta estenose poderia ter aparecido após julho de 2016, mas ele não respondeu. Mais uma vez eu fiquei tranquila e esperançosa por ele ter diagnosticado que a minha fistula estava boa. Ótimo!

Eu estava com tanta dor no braço, que saí chorando. A médica e a enfermeira foram atrás de mim no hall do elevador, mas sem qualquer gesto de conforto ou compaixão. O erro existiu e este foi o da enfermeira não ter desligado a máquina quando insistentemente alarmava pressão venosa alta e me repuncionado. Eu só fiquei sabendo depois que isto é o que TEM que ser feito. Eu nervosa e com uma dor extrema ameacei que se aquela enfermeira me puncionasse na próxima sessão, 28/9/2016, 4ª feira, eu iria mudar de clínica. No decorrer do dia, eu falei com a médica sobre uma possível consulta com o vascular e a possível angioplastia. Contrariando a minha família, eu telefonei na clínica e pedi desculpas para a referida enfermeira sobre a forma indelicada que eu tinha falado com ela. Não me desculpei do teor das minhas críticas. Ela logo me tranquilizou e disse que a enfermeira mais antiga e experiente estaria na 4ª feira e que ela me puncionaria. Eu novamente fiquei tranquila e confiante, pois o local da próxima punção tinha sido apontado pelo vascular e a enfermeira mais experiente iria me puncionar!

Infelizmente, a foto colada abaixo não mostra o real tamanho do meu braço. Ele estava muito inchado (edemaciado) decorrente da lenta e constante infiltração decorrente do mal posicionamento da agulha no meu acesso venoso. Eu nunca senti uma dor tão intensa e prolongada. Eu não conseguia pentear os cabelos, usar a faca ou escovar os dentes nas primeiras 48 horas. Chorei muito e dormi pouquíssimo por não poder encostar o braço em nada. Eu até perguntei para a médica se não era uma erisipela decorrente de uma possível infecção causada pelas 8 punções. Eu me lembrei da minha avó que teve algumas vezes erisipela e reclamava que a dor era muito forte. A médica garantiu que não. O meu braço foi ficando roxo dia após dia e dia e o edema persistia. A médica me mandou apenas colocar compressa de água morna. Foi o que fiz!



                                 
                                    Foto do meu braço edemaciado (após 4 horas de infiltração)


Na 4ª feira, 28 de setembro, eu cheguei na clínica mais tranquila, pois sabia que tinha uma veia boa para ser puncionada e o local tinha sido indicado pelo vascular. A médica e as duas enfermeiras vieram analisar o local da punção. Eu realmente estava tranquila, porque a enfermeira mais experiente tinha voltado de férias. Mas, para minha surpresa e indignação, a médica mandou a mesma enfermeira das sessões anteriores e menos experiente me puncionar no local demarcado pelo vascular. Ela puncionou. Ligaram a máquina de hemodiálise e logo o alarme de pressão venosa alta soou. Mais uma vez, ela me perguntou se estava doendo e eu novamente respondi que o meu braço todo doía. Nada dela vir desligar a máquina ou me repuncionar. Como pode não confiar no alarme de uma máquina tão avançada? Felizmente, a médica entrou na sala, ouviu o alarme, mandou desligar a máquina e constatou o calombo (inchaço, infiltração) que tinha se formado no meu braço perto do cotovelo. Eu continuei a dizer que não sentia tanta dor, apesar da agulha estar com certeza fora do vaso. Insisto em dizer que eu não sou muito sensível a dor, mas não sei mais se isso é bom ou não. Fiquei com muita, muita, muita raiva da médica por ter insistido que aquela inexperiente enfermeira me puncionasse. Fiquei com muita, muita raiva da enfermeira inexperiente que insistiu em me puncionar, apesar de toda sua insegurança e da situação tensa que tinha sido gerada nas últimas sessões. Controlei a minha raiva. Respirei fundo, rezei muito e não deixei transparecer os meus sentimentos. Tinha que fazer hemodiálise. Coloquei gelo por 5 minutos no local da dolorida infiltração. Na 2ª tentativa de punção, apesar de não ser mais na veia boa indicada pelo vascular, a enfermeira mais experiente me puncionou e fiz a sessão com fluxo baixo e sem atingir o KTV, que mede a eficácia da filtragem da hemodiálise. Já era a 5ª sessão ruim. 

Nenhuma palavra de consolo ou de desculpas eu ouvi da médica ou da enfermeira. Simplesmente agiram como se tudo isso fosse normal. A dor, a infitração e a má punção não é normal. Pode acontecer, como aconteceu, mas foi um erro, especialmente o ato da enfermeira não ter desligado a máquina quando o alarme de pressão venosa alta soava, ter me repuncionado ou até mesmo me dispensado daquela sessão. Atitude cruel e desumana!


                                   
                                                     Foto do meu braço em 28/9/2016

Eu cheguei revoltado e dolorida em casa. Pensei bem e avaliei que, todas as vezes que a técnica de enfermagem tivesse dificuldade de me puncionar, pelo protocolo ou alguma regra interna da clínica ou da médica responsável, ela teria que chamar a enfermeira e seria esta enfermeira inexperiente que me puncionaria até conseguir, independentemente dos números de tentativas. Isto nunca mais! Fiquei muito insegura! Conversei com a minha família e amigas, que me aconselharam a mudar imediatamente de clínica. Decidi que jamais voltaria lá! Vale mais uma equipe qualificada que equipamentos de última geração. Se pudermos juntar os dois, é o ideal, mas, se tiver que escolher, escolha onde haja uma equipe qualificada.

Telefonei ainda na 4ª feira, 28/9, na outra clínica que eu tinha feito hemodiálise, que é mais simples e com máquinas de hemodiálise menos modernas e com a reutilização das linha e do capilar. Paciência! Tinha vaga no mesmo turno (6h30 às 10h30) que eu fazia e queria. Eu e o meu convênio ficamos muito felizes, eu, porque voltaria a me sentir segura com a antiga e qualificada equipe, e o meu convênio, porque eu voltaria para a clínica que cobra cerca de 15% do valor da anterior.
Em 29 de setembro, 5ª feira, eu fui até a clínica nova. Fui tão bem recebida por TODOS, que me emocionei de verdade. Como é imprescindível o calor humano!!! Especialmente quando nós temos que comparecer no local por tempo indeterminado, por 3 vezes na semana e lá ficar por quase 5 horas. Coloquem-se no meu lugar. Eu já fiz mais de 530 sessões. Felizmente, na nova clínica a enfermeira me puncionou na 1ª tentativa e fiz uma boa hemodiálise. Ela mesma me disse que, se não conseguisse de primeira, ela chamaria outra pessoa. É assim que é nos melhores laboratórios e hospitais de São Paulo! A minha faxineira de 70 anos e que trabalha para mim há 16 anos ficou entristecida ao ver o estado do meu braço e eu chorando muito de tanta dor. Ela sempre me via alegre e otimista, além de nunca ter me visto chorar de dor.  Ela me agradou demais e ainda me disse que até no SUS também a profissional só tenta puncionar 2 vezes. Como regras tem que ser observadas, independentemente do sofrimento de uma pessoa? Por quê uma mesma enfermeira tem que puncionar várias vezes e não pode designar uma técnica de enfermagem mais experiente? Este legalismo, ou simples atitude inflexível, é desumano e não privilegia os sentimentos humanos. Inconcebível!!!

Em 30 de setembro, 3 de outubro, 5 de outubro e 7 de outubro, eu fui puncionada de 1ª e fiquei novamente aliviada. O meu braço está muito inchado e este estado dificulta uma punção, mas mesmo assim eu fui puncionada na 1ª tentativa. Pode-se concluir que a minha fístula estava boa e que de fato a enfermeira inexperiente não tinha capacidade para puncioná-la. Foram 5 sessões de muitos erros de punção e infiltração contra 5 sessões normais, nas quais eu fui puncionada na 1ª tentativa, não tive dor ou infiltração. Como pode?

Eu estou bem. A dor está menor a cada dia, mas ainda sinto dor. Mesmo assim, eu vou ao médico vascular no próximo dia 10 de outubro para ouvir a sua opinião e fazer o que ele achar melhor. 

Estou sinto saudades de algumas pessoas da minha antiga clínica. Todas as mudanças geram perdas e ganhos! Eu recebi esta oportuna mensagem e a dedico a essas pessoas especiais que deixei na clínica antiga:

Retalhos

"Sou feita de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou.
Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior... Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade... que me tornam mais pessoa, mais humana, mais completa.
E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também. E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados... haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma. Portanto, obrigada a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias.
E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de 'nós'."

Obrigada a vocês da minha antiga clínica pelas conversas, risadas, atenção, carinho, preocupação, cuidado...Talvez nunca mais nos veremos, mas jamais os esquecerei!!! 

Hoje, 8 de outubro, já passou 12 dias da 1ª infiltração e 10 da 2ª, eu ainda sinto dor no braço e dificuldade para dormir pela dor do contato do braço com o colchão. Eu realmente sofri muito!




                                            
                                                 Foto do meu braço em 4/10/2016



                                   



                                        


                                     


Eu faço hemodiálise desde 8/5/2013 (3 anos e 5 meses). Fiz 1 ano e 11 meses nesta clínica para qual voltei no dia 29 de setembro e 1 ano e 6 meses da antiga clínica. A minha mudança da primeira para a segunda clínica foi exclusivamente motivada por poder fazer hemodiálise na melhor máquina do mercado brasileiro, na qual o filtro e a linha são descartáveis, o que é o ideal, aumenta a eficácia da hemodiálise e a nossa qualidade de vida. Mas como estava, não dava mais para mim. Os erros acontecem, mas a postura de uma equipe perante eles é o que faz a diferença. Essas duas infiltrações (ERRO de não parar a máquina ao ouvir o constante alarme soando e indicando PV alta, que quer dizer agulha mal posicionada, e me repuncionar) me causaram muita dor e uma indiferença total da equipe. 

Como todos os que me conhecem sabem, eu procuro seguir a risco todo o tratamento para assim sofrer o mínimo possível. De modo que eu acho inaceitável e inadmissível, uma enfermeira puncionar o paciente por mais de 2 vezes consecutivas, mesmo que esta atribuição tenha que ser delegada para uma técnica de enfermagem, que pode ser menos graduada, mas ser mais experiente. Eu pedi isso para a médica e até indiquei o nome da técnica. Mas ela ignorou o meu pedido. Muito inflexível!!! Sinceramente, eu ainda não consigo entender o porquê. Não é o diploma que confere a destreza a um profissional e sim a prática. Saber delegar no momento certo é ser um profissional responsável.

Diante desse episódio que eu vivi nessas 5 sessões da clínica referência em São Paulo, eu sugiro que haja um treinamento mais eficaz da equipe de enfermagem em relação à punção. As técnicas de enfermagem e enfermeiras só precisam do Certificado de Curso para começarem a atuar nas clínicas de hemodiálise e nos puncionarem com agulhas calibrosas. Concordo que a prática se adquire com o tempo, mas elas deveriam ser melhor preparadas antes de começarem a atuar. O médico precisa fazer Residência em Nefrologia para cuidar dos doentes renais crônicos em hemodiálise. Por quê também não exigir alguma especialização em punção dos profissionais de enfermagem? 

Eu clamo que cada um de vocês de qualquer equipe profissional que atue na área da saúde se coloque no nosso lugar de paciente para assim buscar um tratamento mais humano. No nosso caso, quem faz hemodiálise, pense se naquela máquina estivesse o seu filho, marido, pai, mãe ou alguma outra pessoa que você goste, como você queria que ele fosse tratado? Ou se fosse você mesmo que estivesse naquela máquina, aceitaria qualquer coisa e até mesmo ser cobaia? É necessário que o profissional da saúde não se torne um robô cruel e insensível com o passar do tempo. Trabalhe com amor, dedicação, profissionalismo, equilíbrio e razoabilidade, pois um dia poderá ser você ou seu familiar que estará naquela situação. 

O selo de qualidade de um serviço na área da saúde deveria também estar atrelado ao tratamento humano dos pacientes. Este sim a diferença!!!



"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente." (Willian Shakespeare)


Com carinho,

Helô



OBS: Visitem a minha página do Facebook chamada Blog Hemodiário (https://www.facebook.com/BlogHemodiario) e o meu perfil do Instagram com o nome de @blog_hemodiario. Até lá!

OBS2: Venham participar do grupo HEMODIÁRIO no Facebook!!!

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Hold on

Olá, amigos!

Na segunda-feira, 19 de setembro de 2016, eu tive uma difícil e dolorida sessão de hemodiálise. Mas, como é do meu temperamento otimista e corajoso, vou aguentar firme (hold on) e acreditar que este epsódio foi isolado e não irá se repetir. 

Eu iniciei a hemodiálise em 8 de maio de 2013. No início, a médica e a enfermeira avaliaram as veias do braço onde tinha sido feita a fístula arterio-venosa e decidiram que iriam fazer a técnica de Buttonhole. Nesta técnica, as veias são puncionadas com agulha de corte no mesmo local, pela mesma profissional, por umas 12 vezes até a formação de um túnel. Daí então as punções serão feitas com agulha sem corte (Romba), preferencialmente pela mesma profissional, uma vez que a angulação das agulhas é fundamental para o sucesso das punções.

A hemodiálise é um tratamento substitutivo da função renal. De modo, que uma agulha é puncionada num local e faz a função arterial ( por onde o sangue sai do corpo) e a outra agulha é puncionada em outro local e faz a função venosa (por onde o sangue volta para o corpo). O sangue "sujo" sai do corpo passa por um filtro (função renal) e retorna ao corpo "mais limpo". Além disso, o sangue recebe uma solução de bicarbonato de sódio e o excesso de líquido acumulado no corpo é desprezado, uma vez que a maioria dos pacientes renais não urina e o líquido ingerido vai se acumulando no corpo. O líquido deve ser ingerido com muito controle, pois a máquina só deve tirar 1 litro por hora. Sendo certo que, se ingerirmos muito líquido, todo o volume não poderá ser retirado pela máquina e este acúmulo poderá encharcar os pulmões, levando a uma dificuldade respiratória e poderá prejudicar o funcionamento do coração. Claro que o procedimento é muito complexo e a minha explicação é simplista para que qualquer pessoa entenda.
 

                                   
                                    Foto: eu (Helô) numa sessão de hemodiálise


A máquina abaixo é a máquina que uso durante 4 horas por 3 vezes na semana .
                       
                                          
     

Normalmente, a técnica de enfermagem me punciona e tem êxito na primeira tentativa. Algumas vezes, ela tem alguma dificuldade e aí vem o sofrimento: umas vezes, ela tenta encontrar a veia sem tirar a agulha e a movimenta sob a pele (dói bastante), outras vezes troca a agulha e outra punção é feita (também doí porque o calibre da agulha é grande). No meu caso, por ser puncionada sempre nos dois mesmos pontos, a profissional só muda o local da punção após várias tentativas infrutíferas. Mas neste 19 de setembro de 2016, deu tudo errado e sofri muito.

Nas sessões de 12, 14 e 16 de setembro de 2016, a técnica de enfermagem não conseguiu puncionar o meu acesso venoso (o orifício mais distante do punho) na 1ª tentativa e procurou por 3 vezes a angulação correta sob a pele sem retirar a agulha. Deu certo, mas claro sempre há um trauma. Quando saí da sessão de 6ª feira (16/9/2016), eu percebi um endurecimento perto do local da punção. Coloquei gelo nos locais das punções na 6ª feira e bolsa de água morna, no sábado e no domingo. Mas não adiantou quase nada.

No dia 19 de setembro, 2ª feira, cheguei na clínica, como de costume, às 5h40. Fiquei na sala de espera, junto com alguns pacientes, aguardando a chamada após a sala ser liberada. Nos chamaram às 6h. Ao chegar na sala, eu logo mostrei o endurecido perto do acesso venoso para a enfermeira, para a médica e para a técnica de enfermagem. Achei que seria necessário a punção com agulha de corta para romper a região endurecida. Pesei, lavei o braço a ser puncionando e sentei na minha cadeira por volta das 6h10. A médica e a enfermeira foram avaliar o meu braço e decidir qual seria o procedimento. Aí começou o meu sofrimento!

A médica de ínício achou melhor não puncionar no acesso (túnel) venoso por estar muito entumecido. Então, a enfermeira puncionou 2 vezes acima do acesso venoso e nada. Resolveram puncionar no túnel venoso por 2 vezes com agulha de corte e nada. A médica puncionou numa veia perto do cotovelo e nada. A enfermeira voltou a puncionar por duas vezes entre o acesso venoso e arterial e nada. As veias "estouravam" ou o sangue não fluía e os locais puncionados inchavam. Gelo era colocado na região entre as punções e a região ficava muito dolorida. Eu estava exausta, nervosa por dentro e com muita dor no braço, mas insistia para que elas continuassem tentando, pois eu não queria ter que passar um cateter. Fui forte e corajosa. Já eram 9h30 e eu ainda não tinha sido ligada à máquina. Normalmente, eu sou ligada às 6h15 e desligada às 10h30. De repente, a médica me informou que tinha pedido para a enfermeira Rosanna, que fica na outra clínica do grupo, vir tentar me puncionar. Eu fiquei esperançosa. A enfermeira Rosanna chegou às 10 horas e me puncionou na 1ª tentativa. Que felicidade! Muito obrigada, meu Deus! Que alívio saber que não havia trombose na minha veia! 

Às 11 horas, toda a minha turma já tinha ido embora e eu continuava lá. A turma do 2º turno chegou e eu estava com o braço imóvel (a mão estava até formigando) com medo da agulha sair do lugar. 

Às 14h10, o tempo da minha sessão (4 horas e 10 minutos) terminou. Como rotina, a técnica de enfermagem mede a pressão arterial e os batimentos cardíacos depois de devolver o sangue e nos desligar da máquina. As agulhas continuam nas veias para poder administrar algum medicamento se necessário. Para minha surpresa, o meu batimento cardíaco deu 110 (normal é entre 60 e 80), sendo que eu nunca tinha tido este batimento tão acelerado. A técnica de enfermagem colocou o oxímetro no meu dedo que confirmou os batimentos acelerados. A médica foi chamada. Ela me auscultou para certificar se eu estava com arritmia. Mas felizmente não estava. Fez um eletrocardiograma na minha própria cadeira, que nada acusou. 

Os meus filhos estavam preocupados e o WhatsApp não parava. O meu marido já estava na antesala muito nervoso e preocupado. Muito difícil ver como sofre a família de um doente! Por isso a humanização dos profissionais da saúde com os familiares de um doente é primordial e deve ser sempre enfatizada e valorizada em qualquer treinamento dos profissionais da saúde!!!

Só fui liberada às 15h30. Portanto, eu fiquei 9 horas e 30 minutos na cadeira sem praticamente me mexer, uma vez que o braço direito fica imobilizado com as agulhas e o braço esquerdo fica com o aparelho de pressão, que também é ligado à máquina e auferia a minha pressão arterial a cada 30 minutos. Quando eu levantei da cadeira, eu sentia dor em todos os lugares do corpo.

O meu braço ficou horrível e muito dolorido. A foto abaixo mostra um pouco como ele ficou, mas ao vivo ele ficou muito pior.

                                     


                             


Nas sessões da 4ª e 6ª feira, a enfermeira da clínica pegou de primeira, observando o mesmo sentido e local que a enfermeira Rosanna tinha puncionando o meu acesso venoso, mesmo tendo ficado muito próximo do meu acesso arterial, o que não é recomendado. 


                                  


Na 6ª feira, 23/9/2016, coloquei gelo no meu braço o dia todo e no sábado e domingo, bolsa de água morna. Além de ter passado Hirudoid para clarear os roxos. Tenho muita fé e esperança que amanhã, 26/9/2016, tudo voltará ao normal e eu serei puncionada nos meus dois túneis!

A sessão deste dia 19 de setembro de 2016 foi a minha pior sessão desses 3 anos e 4 meses. O que nos mostra cada vez mais que cada dia é um dia e que aguentar firme (hold on) é o que temos que fazer sempre.

A expressão Hold on é usada cotidianamente pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF) e o significado é  Aguente firme, Mantenha-se firme, Siga em frente...Por isso, usei esta forte expressão para entitular este meu post, uma vez que nós, doentes renais crônicos, dependemos de uma máquina para sobreviver até a chegada de um sonhado transplante renal. HOLD ON!!!


"Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteja, mas continue em frente de qualquer jeito." (Martin Luther King)


Com carinho,

Helô



OBS: Visitem a minha página do Facebook chamada Blog Hemodiário (https://www.facebook.com/BlogHemodiario) e o meu perfil do Instagram com o nome de @blog_hemodiario. Até lá!

OBS2: Venham participar do grupo HEMODIÁRIO no Facebook!!!

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Vitamina D

Olá, amigos!

Hoje, 31 de agosto de 2016, vou falar-lhes sobre a Vitamina D e os perigos da sua deficiência. Apesar de morarmos num país tropical, as pessoas não estão mais se expondo ao sol com frequência e a dosagem de Vitamina D tem ficado abaixo do mínimo aceitável. A maneira mais eficaz e natural de mantermos a dosagem ideal de Vitamina D é tomar sol durante 15 minutos todos os dias. Há quem diga que o melhor sol é antes das 10 horas ou depois das 16 horas sem protetor solar, já outros dizem que o melhor é das 11 às 14 horas. Apesar da divergência, o importante é tomarmos um pouco de sol todos os dias.  Recomendo que vocês façam anualmente um exame laboratorial para verificarem a dosagem da tua Vitamina D e assim evitar várias doenças!!!

Desde que eu comecei a perder os rins, em 2010, eu comecei a controlar a dosagem da Vitamina D e tomava o suplemento, mas não me recordo da dose que eu tomava. Eu não me atinha em qual era o valor normal e deixava tudo para os médicos resolverem. Várias taxas estavam descontroladas e eu não fui orientada sobre a necessidade de tomar sol e ingerir mais peixe, leite ou ovo para melholhar a Vitamina D. Incrível como pude deixar para lá o controle da Vitamina D! Na primeira clinica que eu fiz hemodiálise, a dosagem da Vitamina D não era colhida na rotina e semestralmente eu colhia fora da clínica. Porém, desde março de 2015, quando mudei de clínica, a dosagem é colhida semestralmente na rotina. Só agora, no exame de agosto de 2016, a médica me falou que a dosagem da minha Vitamina D estava muito baixa. Daí, eu procurei todos os meus exames anteriores e observei que desde março de 2015, ela sempre ficou menor de 20 ng/ml. Agora, eu vou passar a controlá-la também, assim como faço com o potássio e o fósforo. 

Eu sei que várias pessoas tomam o suplemento de Vitamina D, principalmente após a menopausa e a velhice.

As minhas amigas da minha idade (55 anos), na menopausa e com o funcionamento dos rins normal, tomam 7.000 UI de suplemento de Vitamina D por semana. Eu tomava 50.000 UI mensal, que é a dosagem mais comum para os que fazem hemodiálise.

Neste mês de agosto de 2016, eu, 55 anos, e meu filho, 30 anos, coincidentemente fizemos um exame para detectar a dosagem da Vitamina D e nós dois estamos com 16 ng/ml, sendo que a dosagem normal varia entre 30-60 ng/ml, de modo que estamos com deficiência de Vitamina D. A minha médica nefrologista me advertiu que a deficiência de Vitamina D diminui a imunidade, além de outros inúmeros problemas, e me prescreveu Addera D3 50.000, sendo que terei que tomar 1 comprimido por semana durante 1 mês (200.000 UI) e depois 1 comprimido por mês durante os 5 meses subsequentes. A médica reumatologista do meu filho aguardará os resultados dos demais exames para iniciar o tratamento e depois eu conto quanto foi a dosagem do suplemento. Como eu sou renal crônica, vulnerável e procuro fazer tudo certo para sofrer o mínimo possível, eu resolvi, então, estudar a importância da Vitamina D e fazer este post para compartilhar com vocês o meu aprendizado. Vamos lá!

Vitamina D, calciferol, é uma vitamina solúvel em gordura. É conhecida como a vitamina dos raios de sol, porque é formada no corpo pela ação dos raios ultravioletas do sol na pele. A vitamina D é convertida nos rins no hormônio calcitrol, que é realmente a forma mais ativa de vitamina D. Os efeitos deste hormônio são direcionados nos intestinos e ossos.


Os requisitos de vitamina D aumentam com a idade, enquanto a capacidade da pele de converter a luz do sol em vitamina D reduz. Além da capacidade dos rins de converter o calcidiol à sua forma ativa também reduzir com a idade, estimulando a necessidade de um maior suplemento de vitamina D em pessoas mais velhas.


    


A principal função biológica da vitamina D é manter os níveis sanguíneos normais de cálcio e fósforo. A vitamina D ajuda na absorção de cálcio, ajudando a formar e manter ossos fortes. Promove a mineralização óssea em conjunto com diversas outras vitaminas, minerais e hormônios. Sem a vitamina D, os ossos podem ficar mais finos, frágeis, moles ou desformados. A vitamina D previne raquitismo em crianças e osteomalácia em adultos, que são doenças do esqueleto que resultam em defeitos que enfraquecem os ossos.

Quando consumida dentro das quantidades recomendadas a vitamina D não tem efeitos colaterais. Porém, quando ingerida em excesso pode prejudicar os rins por causar o aumento da absorção de cálcio. Por isso, é importante que o consumo além do recomendado desta vitamina seja feito com acompanhamento médico.

A deficiência de vitamina D pode causar uma série de problemas de saúde. A falta dela aumenta o risco de problemas cardíacos, osteoporose, câncer, gripe e resfriado, e doenças autoimunes como esclerose múltipla e diabetes tipo 1. Em mulheres grávidas deficiência de vitamina D aumenta o risco de aborto, favorece a pré-eclâmpsia e eleva as chances da criança ser autista.

Os níveis normais de 25 OH Vitamina D na dosagem sanguínea é:
  • Suficiência: > 30 ng/mL
  • Insuficiência: 30-20 ng/mL
  • Deficiência: < 20 ng/mL
  • Deficiência grave: < 5 ng/mL

Apesar de estar presente em alimentos de origem animal, estas comidas não possuem a quantidade de vitamina D que o organismo necessita. Por isso, para evitar a carência da substância é importante tomar de 15 a 20 minutos de sol ao dia. Braços e pernas devem estar expostos, pois a quantidade de vitamina D que será absorvida é proporcional a quantidade de pele que está exposta.

Ao se expor ao sol para obter a vitamina é importante não passar o filtro solar. Para se ter uma ideia, o protetor fator 8 inibe a retenção de vitamina D em 95% e um fator maior do que isso praticamente zera a produção da substância. Para evitar o câncer de pele, após os 15 a 20 minutos recomendados para obter a vitamina, passe o protetor solar.

As janelas também atrapalham a absorção da vitamina D. Isto porque os raios ultravioletas do tipo B (UVB), capazes de ativar a síntese da vitamina D, não conseguem atravessar os vidros.
A exposição ao sol da maneira recomendada irá proporcionar as 10 mil unidades de vitamina D. Como a exposição solar já irá proporcionar boas quantidades da substância, é importante que a necessidade do indivíduo seja analisada por um profissional da saúde a fim de saber se apenas o sol é o suficiente ou se é preciso uma alimentação rica na substância ou suplementação.

Todos os alimentos fontes de vitamina D são de origem animal porque as fontes vegetais não conseguem sintetizar a vitamina da maneira como os alimentos provenientes de animais. Até mesmo o alimento com as maiores quantidades da substância, o salmão, conta com somente 6,85% das necessidades diária de vitamina D em uma porção de 100 gramas. Por isso, tomar sol é fundamental para evitar a carência do nutriente.

Os suplementos de vitamina D podem ser utilizados em casos de constatação de carência da substância ou no tratamento de algumas doenças. A falta do nutriente é constatada após exame de sangue.

É importante ressaltar que os suplementos só podem ser tomados após a orientação médica para o consumo dessas doses extras. Em alguns tratamentos são orientadas superdoses de vitamina D, ou seja, uma quantidade além do que é normalmente orientado. Nesses casos o consumo sempre é feito com orientação médica e é preciso observar o quanto de cálcio e líquidos a pessoa irá ingerir, sendo que o consumo do mineral pode precisar ser reduzido e o de líquidos aumentado. Porém, o excesso por meio dos suplementos sem a orientação médica pode ser muito perigoso. Há o risco de ocorrer a elevação da concentração de cálcio no sangue e isso pode provocar a calcificação de vários tecidos, sendo que os mais afetados são os rins, que podem chegar a perder sua função.


     
  
10 sintomas de deficiência de vitamina D que você precisa reconhecer:

1.) Gripe – em um estudo publicado no Jornal de Cambridge, descobriu-se que a deficiência de vitamina D predispõe as crianças a doenças respiratórias. Um estudo de intervenção realizado mostrou que vitamina D reduz a incidência de infecções respiratórias em crianças.
 
2.) Fraqueza muscular – de acordo com Michael F. Holick, um especialista em vitamina D, a fraqueza muscular geralmente é causada por deficiência de vitamina D porque para os músculos esqueléticos funcionarem adequadamente, seus receptores de vitamina D devem ser suportados  pela vitamina D.

3.) Psoríase - em um estudo publicado pelo UK PubMed central, descubriu-se que os análogos sintéticos de vitamina D são úteis no tratamento da psoríase.

4.) Doença renal crônica – de acordo com Holick, pacientes com doenças renais crônica avançadas (especialmente aqueles que requerem diálise) são incapazes de produzir a forma ativa da vitamina D. Esses indivíduos precisam tomar 1,25-dihidroxivitamina D3 ou um dos seus análogos para apoiar o metabolismo do cálcio, diminuir os riscos de doenças ósseas ou renais e regular os níveis de paratormônio.

5.) Diabetes -  um estudo realizado na Finlândia foi destaque no Lancet.com em que 10.366 crianças receberam 2.000 unidades internacionais (UI)/dia de vitamina D3 por dia durante o primeiro ano de vida. As crianças foram monitoradas por 31 anos e em todos eles, o risco de diabetes do tipo 1 foi reduzido em 80%.
 
6.) Asma – vitamina D pode reduzir a gravidade dos ataques de asma. Pesquisas realizadas no Japão revelaram que os ataques de asma em crianças em idade escolar foram significativamente reduzidos naqueles indivíduos que tomaram suplemento diário de vitamina D de 1.200 UI por dia.
 
7.) Doença periodontal – aqueles que sofrem desta doença crônica da gengiva que provoca inchaço e sangramento devem considerar aumentar seus níveis de vitamina D para a produção de defensinas e catelicidinas, compostos que contêm propriedades antimicrobiais e diminuem o número de bactérias na boca.
 
8.) Doenças cardiovasculares – insuficiência cardíaca congestiva está associada com deficiência de vitamina D. Pesquisa realizada na Universidade de Harvard entre enfermeiros encontrou que mulheres com níveis baixos de vitamina D (17 ng/m [42 nmol/L]) tiveram um aumento de 67% no risco de desenvolverem hipertensão.

9.) Esquisofrenia e depressão - estas doenças têm sido associadas a deficiência de vitamina D. Em um estudo, descobriu-se que manter suficiente vitamina D entre mulheres grávidas e durante a infância era necessária para satisfazer o receptor de vitamina D em todo o cérebro para o  seu desenvolvimento e manutenção da função mental na vida adulta.
 
10.) Câncer – pesquisadores da Georgetown University Medical Center , em Washington DC descobriram uma ligação entre a ingestão elevada de vitamina D e risco reduzido de câncer de mama. Esses resultados, apresentados na Associação americana para pesquisa do câncer, revelaram que o aumento de doses de vitamina do sol estava associado a uma redução de 75 por cento do surgimento geral de câncer e 50 por cento de total de câncer em casos de tumores entre aqueles que já possuíram a doença. Interessante foi a capacidade da suplementação de vitamina a ajudar a controlar o desenvolvimento e crescimento do câncer de mama, especialmente o câncer estrogênio-sensível.



        
    
Um adulto saudável precisa consumir, em média, 5 microgramas por dia de Vitamina D e garantir uma exposição à luz solar de 20 minutos por dia, sem o uso de protetor solar.

       


A dose diária recomendada de vitamina D de acordo com a idade em UI (Unidades Internacionais) é:
CRIANÇAS Até 6 meses                                    300 UI
CRIANÇAS Mais de 6 meses                              400 UI
ADULTOS com mais de 24 anos                        200 UI
Gestantes e lactantantes                                 400 UI
Na ausência de exposição ao sol                      800 UI
IDOSOS                                                           1000 UI 
   

Resumindo, a vitamina D é um hormônio esteroide lipossolúvel essencial para o corpo humano e sua ausência pode proporcionar uma série de complicações. Afinal, ela controla 270 genes, inclusive células do sistema cardiovascular. A principal fonte de produção da vitamina se dá por meio da exposição solar, pois os raios ultravioletas do tipo B (UVB) são capazes de ativar a síntese desta substância. Alguns alimentos, especialmente peixes gordos, são fontes de vitamina D, mas é o sol o responsável por 80 a 90% da vitamina que o corpo recebe. Ela também pode ser produzida em laboratório e ser administrada na forma de suplemento, quando há a deficiência e para a prevenção e tratamento de uma série de doenças.

De acordo com Holick, pacientes com doenças renais crônica avançadas (especialmente aqueles que requerem diálise) são incapazes de produzir a forma ativa da vitamina D. Esses indivíduos precisam tomar 1,25-dihidroxivitamina D3 ou um dos seus análogos para apoiar o metabolismo do cálcio, diminuir os riscos de doenças ósseas ou renais e regular os níveis de paratormônio.

As minhas condutas a partir de agora serão: 1ª) tomar sol sem protetor solar durante 15 minutos diários, mesmo havendo divergências sobre o tempo adequado que nós devemos nos expor ao sol; 2ª) Consumir leite integral, peixes (sardinha, atum, salmão) e ovos, 3º) tomar corretamente o suplemento, conforme orientação médica, 4º) fazer o exame de dosagem de Vitamina D com maior frequência (3 em 3 meses). Tudo isso com o objetivo de eu obter uma dosagem de Vitamina D acima de 30 ng/ml.

É fundamental que estejamos sempre atentos à nossa saúde, sempre "ouvindo" o nosso corpo!!!

"A alegria não está nas coisas, está em nós." (Johann Goethe)


Com carinho,

Helô

Fontes de pesquisa:
2) http://www.tuasaude.com/alimentos-ricos-em-vitamina-d/
3) https://vitaminadbrasil.org/2013/02/23/10-sintomas-de-deficiencia-de-vitamina-d-que-voce-precisa-reconhecer/
4) http://www.amato.com.br/content/falta-de-vitamina-d-problema-da-atualidade


OBS: Visitem a minha página do Facebook chamada Blog Hemodiário (https://www.facebook.com/BlogHemodiario) e o meu perfil do Instagram com o nome de @blog_hemodiario. Até lá!

OBS2: Venham participar do grupo HEMODIÁRIO no Facebook!!!