quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Potássio: silencioso e fulminante

Olá, amigos!

Hoje eu vou falar-lhes sobre o potássio e o perigo do seu consumo em excesso para os doentes renais.

O potássio é um mineral imprescindível no funcionamento adequado dos músculos e das células nervosas. Ele regula as contrações musculares, incluindo as contrações cardíacas.

O potássio está presente em muitos alimentos e os doentes renais devem controlar a sua ingestão, porque os seus rins não funcionam adequadamente e a capacidade de excreção do potássio é reduzida.

A preocupação em manter o potássio plasmático nos valores considerados normais (3,5 a 5,5mEq/L) é grande, uma vez que tanto a sua falta como o seu excesso podem levar a arritmias cardíacas e morte súbita. 



                         
                                     Foto: ilustração de um folder da Fresenius                     


Os doentes renais crônicos (IRC) devem ingerir cerca de 1500 mg de potássio por dia. Uma pessoa sem problema renal deve consumir cerca de 4800 mg de potássio por dia. Para ajudar-nos neste cálculo, há a confiável TACO (Tabela Brasileira de Composição de Alimentos), que nos mostra a quantidade de potássio, sódio, fósforo e outros elementos em quase 600 alimentos. Vale muito a pena consultá-la regularmente!!!


           
    

Nesta preciosa tabela, o que me chamou mais a atenção foi a elevada quantidade de potássio nos seguintes alimentos: batata frita, tipo chips, industrializada (100g = 1014mg); alho (100g = 535mg); café, pó, torrado (100g = 1609); chocolate ao leite (100g = 458mg); batata, inglesa, frita (100g = 489mg); achocolatado (100g = 496mg); amendoim, torrado, salgado (100g = 496mg); cenoura crua (100g = 315mg); coentro, folhas desidratadas (100g = 3223 mg); castanha-de-caju (100g = 672mg); soja, farinha (100g = 1922mg); grão-de-bico, cru (100g = 1116mg); capuccino,pó (100g = 886mg); açúcar mascavo (100g = 522mg); leite de vaca, desnatada, pó (100g = 1556mg); salame (100g = 548mg); carne bovina, com gordura, grelhado (100g = 352 mg); frango, filé, à milanesa (100g = 408mg); salmão, sem pele, fresco, cru (100g = 376mg) e extrato de tomate (100g = 680mg). Em contrapartida, duas frutas frequentes na alimentação e com alto teor de potássio são a banana prata (100g = 358mg) e o mamão formosa (100g = 222mg). Comparando-as com os demais itens mencionados, elas não são tão perigosas como eu pensei. PRESTEM MUITA ATENÇÃO com o consumo do potássio, porque ele pode causar a morte rapidamente!!!

Uma das funções dos rins é regular a quantidade de potássio no sangue. Como os rins do doente renal crônico não funcionam adequadamente, o controle da alimentação é fundamental para evitar a hipercalemia.

A orientação nutricional a ser seguida pelos doentes renais crônicos é basicamente a seguinte:

1) a ingestão de proteína animal (carne, frango, peixe, ovo, leite ou derivados e outros) diariamente e em porções recomendadas pela nutricionista. A máquina de hemodiálise retira muito os aminoácidos ("proteínas") e a pouca ingestão de proteína acarreta a perda de massa magra e a desnutrição. Como tal, NUNCA deixe de ingerir proteína diariamente e não a substitua por outro alimento só para não ultrapassar a quantidade de potássio diário!

2) as frutas pobres em potássio (ex.: abacaxi, melancia, maçã) devem ser consumidas na quantidade de 2 porções por dia.

3) as verduras também devem ser consumidas com moderação, sempre dando preferência para as verduras cozidas. Mas, por exemplo, a alface, que tem baixo teor de potássio, poderá ser consumida na quantidade de 4 folhas por dia.

4) Os produtos industrializados, as frutas secas e as oleaginosas devem ser evitados.

Uma recomendação da nutricionista para quem tem constipação intestinal é a ingestão de uma colher de azeite puro.

Enfim, a moderação e o equilíbrio da alimentação é a melhor receita!!!

Hipercalemia é uma condição caracterizada por níveis muito altos de potássio no sangue, geralmente acima de 5,5 mEq/L. Quando a concentração está cima de 6,5 mEq/L, o estado do paciente é considerado crítico

O acúmulo de potássio no corpo pode ser muito perigoso, pois provoca fraqueza muscular, podendo causar problemas no seu coração, que também é um músculo. Os sintomas de excesso de potássio no sangue são fraqueza nas pernas, moleza no corpo e outros. Só que quando você percebe isso, os níveis de potássio, em geral, já estão muito elevados, podendo colocar sua vida em risco devido à possibilidade de ocasionar uma parada cardíaca. 

É bom lembrar que a hipocalemia (taxa de potássio menor que 3,5mEq/l) também é muito perigosa.


            
           
                          

Depois desta breve explicação, eu vou contar-lhe o que me aconteceu.

Eu iniciei o tratamento de hemodiálise em 8 de maio de 2013. De pronto, eu fui orientada pela nutricionista da clínica sobre a dieta restritiva em relação ao sódio, fósforo e potássio, além da restrição líquida. Em relação ao potássio, ela me orientou que eu poderia comer 2 frutas por dia, sendo uma fruta crua e a outra cozida. As verduras poderiam ser consumidas, mas deveriam ser cozidas e água do cozimento desprezada para diminuir a quantidade de potássio. A salada de alface tem pouco potássio e poderia ser consumida com moderação. Foi o que fiz nesses 3 anos e 6 meses!

O procedimento da minha clínica é coletar exames laboratoriais toda a primeira 4ª feira do mês e assim avaliar cada taxa dos pacientes. O resultado do meu potássio sempre deu dentro do limite e eu acreditei que estava fazendo tudo certo. Porém, para minha surpresa, o resultado do meu potássio em novembro de 2016 foi 7,5 mEq/L, que é altíssimo e eu poderia ter tido uma parada cardíaca. Fiquei muito assustada!

O exame de sangue de novembro de 2016 foi coletado no dia 2 e o resultado me foi dado no dia 14. Eu não me lembro o que eu comi na 2ª feira após a hemodiálise, 31/10. Mas eu me lembro mais ou menos o que comi no dia 1º/11, porque foi aniversário do meu marido, nós almoçamos e jantamos juntos e eu me lembro desta data especial. Como eu sempre controlei o que comia, eu sabia que não tinha abusado no que eu sabia que não poderia comer muito, como frutas e legumes. Resolvi então consultar a TACO e somar o que comia diariamente. Fiquei impressionada ao perceber que sempre comi muito mais de 1500 mg de potássio por dia, mas acreditei que estava comendo certo porque os meus exames sempre ficaram dentro das taxas normais. Fiquei preocupada, mas grata por não ter tido qualquer complicação nesse tempo todo!!!

Quando o potássio está alto, os sintomas que nós apresentamos são arritmia cardíaca, redução da pressão arterial, diminuição da frequência cardíaca, letargia, fraqueza muscular, especialmente os músculos das pernas, e parada cardíaca.  Nós renais crônicos devemos fazer hemodiálise o mais rápido possível para eliminar o excesso de potássio. Felizmente, a máquina de hemodiálise elimina do sangue o excesso de potássio logo na primeira hora da sessão. O pior para mim foi a alta de potássio ter sido assintomática e o melhor foi não ter tido uma arritmia e uma parada cardíaca. A partir de 14/11, eu comecei a anotar o que eu comia e somar a quantidade de potássio para tentar ingerir cerca de 1200mg. Muito difícil!!! Eu tenho que comer proteína diariamente, no almoço e no jantar, e, como pude constatar, a proteína também tem muito potássio.



                           
                               Foto: ilustração de um folder da Fresenius


Lembrem-se sempre que a CARAMBOLA é proibida de ser consumida pelo doente renal. Os demais alimentos apenas tem ingestão controlada.

O tratamento da hemodiálise, eu já me acostumei e não reclamo. Mas as restrições alimentares e líquidas são muito difíceis de acostumar. 


HOLD ON!!!


"Um alimentação adequada é a base do meu bem estar. E o meu bem estar é a base da minha felicidade."


Com carinho,

Helô



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