quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Buttonhole e infecção por Staphylococcus Aureus

Olá, amigos!

Vou falar-lhes sobre as duas infecções por Staphylococcus Aureus que peguei em menos de um ano durante a hemodiálise. Tudo indica que a técnica de buttonhole facilitou o acesso desta bactéria à minha corrente sanguínea, apesar de todos os cuidados tomados durante as punções.

A técnica buttonhole, também conhecida como túnel, é um método no qual a agulha com corte é inserida exatamente no mesmo lugar em seções consecutivas de hemodiálise até a formação de uma canulação (túnel) que será acessada posteriormente com agulhas sem corte (romba). É recomendável que o mesmo técnico de enfermagem faça este procedimento até que se formem dois túneis (arterial e venoso). Este técnico perfura sempre os mesmos pontos de entrada ao longo de semanas até estar seguro de que o túnel está bem definido e já possa servir como guia para a canulação, garantindo a correta colocação das agulhas. Deste modo, passará a utilizar agulha sem corte para puncionar as veias e qualquer profissional poderá puncioná-las facilmente sempre no mesmo local.



                                  
                                               agulha afiada               agulha cega (romba)
                                                                              

Os benefícios gerais para os pacientes com a técnica de buttonhole são: 1) a canulação é menos dolorida; 2) as agulhas são mais fáceis de inserir no curso, e 3) os pacientes podem usar agulhas cegas, que reduzem o corte do túnel e o gotejamento subsequente durante a hemodiálise.

As 3 grandes diferenças entre a técnica de rotação de local e a canulação de buttonhole são: 1) a individualização de canulação (a mesma pessoa que iniciou o túnel e que determinou a angulação deve ser sempre seguida); 2) remoção da crosta (de uma sessão para outra uma crosta formará sobre o ponto a ser puncionado e esta deverá ser removida com muito cuidado e higiene); 3) quem pode canular (recomenda-se que a mesma pessoa faça a canulação até a formação do túnel. Após a sua consolidação, qualquer profissional poderá puncioná-lo.

Na minha clínica, quem usa a técnica buttonhole é orientado a lavar bem o braço da FAV, especialmente os locais dos túneis, e colocar uma gaze embebida em soro fisiológico por uns 10 minutos antes das punções para facilitar a remoção da crosta, além da enfermagem ter que limpar os 2 túneis com clorexidina e aguardar 2 minutos antes das punções. Este procedimento de remoção da crosta é o ato mais delicado, uma vez que ela tem que ser totalmente retirada, com gaze ou agulha estéril, e assim evitar que algum resquício contaminado desta crosta seja levado junto com a agulha e caia na corrente sanguínea e cause uma infecção ou que a pele seja machucada no momento da sua retirada e seja aberta uma porta para infecção.



      
    

Em dezembro de 2015, eu e alguns outros pacientes da minha clínica que usavam a técnica de buttonhole fomos infectados pela bactéria Stafilococcus Aureus. Provavelmente, esta foi causada no momento da punção. Houve a introdução então do uso da clorexidina para limpeza dos locais a serem puncionadas. O tratamento foi 7 doses de Kefazol 2g por via endovenosa logo após terminar a sessão de hemodiálise.

Em outubro de 2016, após aquelas 5 desastrosas sessões, quando as tentativas de me puncionarem foram diversas e o meu braço ficou muito machucado e dolorido, eu tive pressão baixa, temperatura de 37,3°C, pulsação acima de 100 bpm e muito cansaço. Pensei que era uma gripe até eu ter calafrios durante a hemodiálise. Coletaram uma hemocultura e novamente a bactéria oportunista Stafilococcus Aureus entrou na minha corrente sanguínea. Terceira sepse ou septicemia em 10 meses. Mais uma vez eu recebi o antibiótico Kefazol 2g, via endovenosa, por 7 dias no final da hemodiálise. O meu acesso através dos túneis foi suspenso e passei a utilizar a técnica Rope Ladder (rotação de local).

Esta infecção foi uma sepse, que pode causar várias problemas, como, por exemplo, a destruição da válvula cardiáca, ou até levar à morte.

No inesquecível dia 19 de setembro de 2016, 2ª feira, eu fui puncionada 8 vezes, sendo 6 vezes pela mesma pessoa (ABSURDO!!!), que nada conseguiu, e a minha fístula parecia que não mais funcionava. As 4 sessões seguintes foram um tormento e insistentemente a mesma enfermeira, que me puncionou 6 vezes sem sucesso, persistia em me puncionar e tentava mais de 2 vezes. Foi utilizada agulhas de menor calibre e o fluxo foi mantido baixo, o que não é o ideal. O meu braço ficou muito machucado e dolorido. Depois da 5ª sessão problemática, 28/9/2016, especialmente pela médica insistir que a mesma enfermeira me puncionasse (na verdade, me machucasse), eu mudei de clínica. Na nova clínica, eu fui sempre puncionada na 1ª tentativa. Foram 26 sessões até hoje. Problema na minha fístula (FAV) ou profissional inexperiente??? Sem palavras....

As consequências dessas 5 desastrosas sessões de hemodiálise de 19 de setembro a 28 de setembro de 2016 foram a mudança de clínica, a mudança da técnica de punção (de Buttonhole para Rope Ladder), uma infecção por Stafilococcus Aureus e a necessidade da realização de uma angioplastia na FAV. Não foi pouco, né? 

HOLD ON!!!

"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente." (Willian Shakespeare)


Com carinho,

Helô



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terça-feira, 4 de outubro de 2016

A intensa dor da Infiltração

Olá, amigos!

Vou falar-lhes sobre a intensa dor sentida quando há infiltração durante a hemodiálise. No meu caso, eu não senti dor enquanto a máquina estava ligada, porém, após eu ser desligada, o meu braço estava muito inchado (edemaciado) e a dor era extrema. Com certeza, esta foi uma das piores e a mais duradoura dor que eu já senti nesses 55 anos de vida. Fiquem atentos e exijam que os profissionais observem e atendam os alarmes das modernas máquinas de hemodiálise. Sejam sempre alertas, ativos e protagonistas no cuidado de suas vidas!

Vou fazer uma breve retrospectiva até chegar no dia da infiltração, 26 de setembro: 

Em 19 de setembro de 2016, 2ª feira, eu acordei às 5 horas e fui, como de costume, para a minha clínica de hemodiálise. A técnica de punção utilizada em mim é a buttonhole, mais conhecida como túnel, na qual as punções são feitas sempre nos mesmos dois locais. Porém, após a sessão de 6ª feira, 16 de setembro, quando a técnica de enfermagem teve alguma dificuldade de puncionar o meu acesso venoso (puncionou uma vez, mas teve que movimentar a agulha umas 3 vezes sob a pele para encontrar o fluxo), eu percebi que, um pouco acima do túnel venoso, tinha uma parte endurecida. Então, assim que entrei na sala de hemodiálise, eu mostrei este endurecido para a técnica, enfermeira e médica. Nós temos sempre que relatar tudo que nos acontece. A médica junto com a enfermeira avaliaram o local da minha punção e, como eu relatei no post anterior, Hold on, eu fui puncionada por 8 vezes (6 vezes por uma enfermeira inexperiente e sem sucesso; 1 pela médica, também sem sucesso, e  finalmente 1 pela experiente enfermeira Rosanna de outra clinica e com sucesso). Fiquei sentada na cadeira da hemodiálise por cerca de 9 horas e 30 minutos. Mas era uma segunda feira, eu estava pesada, intoxicada e precisava fazer hemodiálise. Caso não conseguissem me puncionar, eu teria que ir ao hospital para passar um cateter. Mesmo assim, imaginem vocês ficarem este tempo todo sentados na mesma cadeira e na mesma posição. Conclusão, eu fiquei com o corpo todo doído,  além do braço machucado e dolorido, mas, acreditei que era um evento único e isolado, uma vez que nada parecido tinha acontecido comigo em 3 anos e 6 meses de hemodiálise. Segui em frente, na certeza de que tudo iria dar certo.

Em 21 e 23 de setembro, eu fui puncionada fora do túnel venoso e no mesmo local que a enfermeira Rosanna tinha finalmente conseguido me puncionar na 2ª feira, 19 de setembro. Foi utilizada uma agulha de menor calibre e a máquina ficou com o fluxo baixo. As agulhas ficaram muito próximas, o que não é o recomendável, e o KTV não foi atingido. Mas fui em frente! Cuidei muito do meu braço no final de semana e acreditei que na 2ª feira, 26 de setembro, tudo voltaria ao normal.


                                 
                                     Foto da proximidade da punção arterial e venosa


                                              
                       Foto do meu braço após inúmeras punções, mas sem estar edemaciado (inchado)
Após esta breve retrospectiva, chegou o primeiro dia da infiltração.

Em 26 de setembro, 2ª feira, eu cheguei na clínica com toda a fé e força, que é do meu temperamento. A médica e a enfermeira foram novamente analisar as minhas veias. A enfermeira não conseguiu puncionar na proximidade do local da semana anterior. Puncionava e o sangue não fluía. Movimentava a agulha sob a pele e nada. Eu sempre torcendo para que ela conseguisse. Tirou a agulha. Devolveu o sangue. Colocou gelo. Tentou novamente e nada. Eu sentei na cadeira da hemodiálise às 6h10. Na 3ª tentativa, por volta das 10 horas, a mesma enfermeira de quase todas as punções das 4 últimas sessões tentou novamente e o sangue fluiu. A médica mandou deixar o fluxo baixo. Assim que ligou a máquina a pressão venosa alarmava e estabilizava, apesar do fluxo baixo. Um novo alarme indicou que a PV estava 300 e imediatamente a técnica de enfermagem chamou a enfermeira. Ela me perguntou se o local da punção estava doendo e eu respondi que o meu braço todo doía após tantas punções, mas nada insuportável. E assim foi durante toda a sessão (4 horas). No final, quando a técnica foi me desligar, eu senti uma dor muito intensa. Percebi que o meu braço estava muito inchado, mas ainda não estava roxo. A médica chamou um vascular para verificar a minha fistula. Ele fez um Doppler da fistula na minha cadeira da hemodiálise e diagnosticou um aneurisma no local puncionado nas 3 últimas sessões, uma estenose próxima do túnel venoso (local que indiquei que estava endurecido) e mostrou uma veia boa para ser utilizada na próxima sessão. Eu fiquei surpresa com o diagnóstico, pois, em julho de 2016, eu tinha feito um Doppler da fístula num dos mais renomados hospitais de São Paulo e nada de anormal tinha sido diagnosticado. Perguntei se esta estenose poderia ter aparecido após julho de 2016, mas ele não respondeu. Mais uma vez eu fiquei tranquila e esperançosa por ele ter diagnosticado que a minha fistula estava boa. Ótimo!

Eu estava com tanta dor no braço, que saí chorando. A médica e a enfermeira foram atrás de mim no hall do elevador, mas sem qualquer gesto de conforto ou compaixão. O erro existiu e este foi o da enfermeira não ter desligado a máquina quando insistentemente alarmava pressão venosa alta e me repuncionado. Eu só fiquei sabendo depois que isto é o que TEM que ser feito. Eu nervosa e com uma dor extrema ameacei que se aquela enfermeira me puncionasse na próxima sessão, 28/9/2016, 4ª feira, eu iria mudar de clínica. No decorrer do dia, eu falei com a médica sobre uma possível consulta com o vascular e a possível angioplastia. Contrariando a minha família, eu telefonei na clínica e pedi desculpas para a referida enfermeira sobre a forma indelicada que eu tinha falado com ela. Não me desculpei do teor das minhas críticas. Ela logo me tranquilizou e disse que a enfermeira mais antiga e experiente estaria na 4ª feira e que ela me puncionaria. Eu novamente fiquei tranquila e confiante, pois o local da próxima punção tinha sido apontado pelo vascular e a enfermeira mais experiente iria me puncionar!

Infelizmente, a foto colada abaixo não mostra o real tamanho do meu braço. Ele estava muito inchado (edemaciado) decorrente da lenta e constante infiltração decorrente do mal posicionamento da agulha no meu acesso venoso. Eu nunca senti uma dor tão intensa e prolongada. Eu não conseguia pentear os cabelos, usar a faca ou escovar os dentes nas primeiras 48 horas. Chorei muito e dormi pouquíssimo por não poder encostar o braço em nada. Eu até perguntei para a médica se não era uma erisipela decorrente de uma possível infecção causada pelas 8 punções. Eu me lembrei da minha avó que teve algumas vezes erisipela e reclamava que a dor era muito forte. A médica garantiu que não. O meu braço foi ficando roxo dia após dia e dia e o edema persistia. A médica me mandou apenas colocar compressa de água morna. Foi o que fiz!



                                 
                                    Foto do meu braço edemaciado (após 4 horas de infiltração)


Na 4ª feira, 28 de setembro, eu cheguei na clínica mais tranquila, pois sabia que tinha uma veia boa para ser puncionada e o local tinha sido indicado pelo vascular. A médica e as duas enfermeiras vieram analisar o local da punção. Eu realmente estava tranquila, porque a enfermeira mais experiente tinha voltado de férias. Mas, para minha surpresa e indignação, a médica mandou a mesma enfermeira das sessões anteriores e menos experiente me puncionar no local demarcado pelo vascular. Ela puncionou. Ligaram a máquina de hemodiálise e logo o alarme de pressão venosa alta soou. Mais uma vez, ela me perguntou se estava doendo e eu novamente respondi que o meu braço todo doía. Nada dela vir desligar a máquina ou me repuncionar. Como pode não confiar no alarme de uma máquina tão avançada? Felizmente, a médica entrou na sala, ouviu o alarme, mandou desligar a máquina e constatou o calombo (inchaço, infiltração) que tinha se formado no meu braço perto do cotovelo. Eu continuei a dizer que não sentia tanta dor, apesar da agulha estar com certeza fora do vaso. Insisto em dizer que eu não sou muito sensível a dor, mas não sei mais se isso é bom ou não. Fiquei com muita, muita, muita raiva da médica por ter insistido que aquela inexperiente enfermeira me puncionasse. Fiquei com muita, muita raiva da enfermeira inexperiente que insistiu em me puncionar, apesar de toda sua insegurança e da situação tensa que tinha sido gerada nas últimas sessões. Controlei a minha raiva. Respirei fundo, rezei muito e não deixei transparecer os meus sentimentos. Tinha que fazer hemodiálise. Coloquei gelo por 5 minutos no local da dolorida infiltração. Na 2ª tentativa de punção, apesar de não ser mais na veia boa indicada pelo vascular, a enfermeira mais experiente me puncionou e fiz a sessão com fluxo baixo e sem atingir o KTV, que mede a eficácia da filtragem da hemodiálise. Já era a 5ª sessão ruim. 

Nenhuma palavra de consolo ou de desculpas eu ouvi da médica ou da enfermeira. Simplesmente agiram como se tudo isso fosse normal. A dor, a infitração e a má punção não é normal. Pode acontecer, como aconteceu, mas foi um erro, especialmente o ato da enfermeira não ter desligado a máquina quando o alarme de pressão venosa alta soava, ter me repuncionado ou até mesmo me dispensado daquela sessão. Atitude cruel e desumana!


                                   
                                                     Foto do meu braço em 28/9/2016

Eu cheguei revoltado e dolorida em casa. Pensei bem e avaliei que, todas as vezes que a técnica de enfermagem tivesse dificuldade de me puncionar, pelo protocolo ou alguma regra interna da clínica ou da médica responsável, ela teria que chamar a enfermeira e seria esta enfermeira inexperiente que me puncionaria até conseguir, independentemente dos números de tentativas. Isto nunca mais! Fiquei muito insegura! Conversei com a minha família e amigas, que me aconselharam a mudar imediatamente de clínica. Decidi que jamais voltaria lá! Vale mais uma equipe qualificada que equipamentos de última geração. Se pudermos juntar os dois, é o ideal, mas, se tiver que escolher, escolha onde haja uma equipe qualificada.

Telefonei ainda na 4ª feira, 28/9, na outra clínica que eu tinha feito hemodiálise, que é mais simples e com máquinas de hemodiálise menos modernas e com a reutilização das linha e do capilar. Paciência! Tinha vaga no mesmo turno (6h30 às 10h30) que eu fazia e queria. Eu e o meu convênio ficamos muito felizes, eu, porque voltaria a me sentir segura com a antiga e qualificada equipe, e o meu convênio, porque eu voltaria para a clínica que cobra cerca de 15% do valor da anterior.
Em 29 de setembro, 5ª feira, eu fui até a clínica nova. Fui tão bem recebida por TODOS, que me emocionei de verdade. Como é imprescindível o calor humano!!! Especialmente quando nós temos que comparecer no local por tempo indeterminado, por 3 vezes na semana e lá ficar por quase 5 horas. Coloquem-se no meu lugar. Eu já fiz mais de 530 sessões. Felizmente, na nova clínica a enfermeira me puncionou na 1ª tentativa e fiz uma boa hemodiálise. Ela mesma me disse que, se não conseguisse de primeira, ela chamaria outra pessoa. É assim que é nos melhores laboratórios e hospitais de São Paulo! A minha faxineira de 70 anos e que trabalha para mim há 16 anos ficou entristecida ao ver o estado do meu braço e eu chorando muito de tanta dor. Ela sempre me via alegre e otimista, além de nunca ter me visto chorar de dor.  Ela me agradou demais e ainda me disse que até no SUS também a profissional só tenta puncionar 2 vezes. Como regras tem que ser observadas, independentemente do sofrimento de uma pessoa? Por quê uma mesma enfermeira tem que puncionar várias vezes e não pode designar uma técnica de enfermagem mais experiente? Este legalismo, ou simples atitude inflexível, é desumano e não privilegia os sentimentos humanos. Inconcebível!!!

Em 30 de setembro, 3 de outubro, 5 de outubro e 7 de outubro, eu fui puncionada de 1ª e fiquei novamente aliviada. O meu braço está muito inchado e este estado dificulta uma punção, mas mesmo assim eu fui puncionada na 1ª tentativa. Pode-se concluir que a minha fístula estava boa e que de fato a enfermeira inexperiente não tinha capacidade para puncioná-la. Foram 5 sessões de muitos erros de punção e infiltração contra 5 sessões normais, nas quais eu fui puncionada na 1ª tentativa, não tive dor ou infiltração. Como pode?

Eu estou bem. A dor está menor a cada dia, mas ainda sinto dor. Mesmo assim, eu vou ao médico vascular no próximo dia 10 de outubro para ouvir a sua opinião e fazer o que ele achar melhor. 

Estou sinto saudades de algumas pessoas da minha antiga clínica. Todas as mudanças geram perdas e ganhos! Eu recebi esta oportuna mensagem e a dedico a essas pessoas especiais que deixei na clínica antiga:

Retalhos

"Sou feita de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou.
Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior... Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade... que me tornam mais pessoa, mais humana, mais completa.
E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também. E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados... haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma. Portanto, obrigada a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias.
E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de 'nós'."

Obrigada a vocês da minha antiga clínica pelas conversas, risadas, atenção, carinho, preocupação, cuidado...Talvez nunca mais nos veremos, mas jamais os esquecerei!!! 

Hoje, 8 de outubro, já passou 12 dias da 1ª infiltração e 10 da 2ª, eu ainda sinto dor no braço e dificuldade para dormir pela dor do contato do braço com o colchão. Eu realmente sofri muito!




                                            
                                                 Foto do meu braço em 4/10/2016



                                   



                                        


                                     


Eu faço hemodiálise desde 8/5/2013 (3 anos e 5 meses). Fiz 1 ano e 11 meses nesta clínica para qual voltei no dia 29 de setembro e 1 ano e 6 meses da antiga clínica. A minha mudança da primeira para a segunda clínica foi exclusivamente motivada por poder fazer hemodiálise na melhor máquina do mercado brasileiro, na qual o filtro e a linha são descartáveis, o que é o ideal, aumenta a eficácia da hemodiálise e a nossa qualidade de vida. Mas como estava, não dava mais para mim. Os erros acontecem, mas a postura de uma equipe perante eles é o que faz a diferença. Essas duas infiltrações (ERRO de não parar a máquina ao ouvir o constante alarme soando e indicando PV alta, que quer dizer agulha mal posicionada, e me repuncionar) me causaram muita dor e uma indiferença total da equipe. 

Como todos os que me conhecem sabem, eu procuro seguir a risco todo o tratamento para assim sofrer o mínimo possível. De modo que eu acho inaceitável e inadmissível, uma enfermeira puncionar o paciente por mais de 2 vezes consecutivas, mesmo que esta atribuição tenha que ser delegada para uma técnica de enfermagem, que pode ser menos graduada, mas ser mais experiente. Eu pedi isso para a médica e até indiquei o nome da técnica. Mas ela ignorou o meu pedido. Muito inflexível!!! Sinceramente, eu ainda não consigo entender o porquê. Não é o diploma que confere a destreza a um profissional e sim a prática. Saber delegar no momento certo é ser um profissional responsável.

Diante desse episódio que eu vivi nessas 5 sessões da clínica referência em São Paulo, eu sugiro que haja um treinamento mais eficaz da equipe de enfermagem em relação à punção. As técnicas de enfermagem e enfermeiras só precisam do Certificado de Curso para começarem a atuar nas clínicas de hemodiálise e nos puncionarem com agulhas calibrosas. Concordo que a prática se adquire com o tempo, mas elas deveriam ser melhor preparadas antes de começarem a atuar. O médico precisa fazer Residência em Nefrologia para cuidar dos doentes renais crônicos em hemodiálise. Por quê também não exigir alguma especialização em punção dos profissionais de enfermagem? 

Eu clamo que cada um de vocês de qualquer equipe profissional que atue na área da saúde se coloque no nosso lugar de paciente para assim buscar um tratamento mais humano. No nosso caso, quem faz hemodiálise, pense se naquela máquina estivesse o seu filho, marido, pai, mãe ou alguma outra pessoa que você goste, como você queria que ele fosse tratado? Ou se fosse você mesmo que estivesse naquela máquina, aceitaria qualquer coisa e até mesmo ser cobaia? É necessário que o profissional da saúde não se torne um robô cruel e insensível com o passar do tempo. Trabalhe com amor, dedicação, profissionalismo, equilíbrio e razoabilidade, pois um dia poderá ser você ou seu familiar que estará naquela situação. 

O selo de qualidade de um serviço na área da saúde deveria também estar atrelado ao tratamento humano dos pacientes. Este sim a diferença!!!



"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente." (Willian Shakespeare)


Com carinho,

Helô



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