sexta-feira, 3 de maio de 2019

Transplante e falta de medicamento

Hoje, 3 de maio de 2019, vou relatar brevemente a falta do imunossupressor TACROLIMO 1 mg na CEAF Vila Mariana ou Farmácia de Alto Custo da Vila Mariana na cidade de São Paulo.


Eu fiz transplante renal no Hospital do Rim, na cidade de São Paulo, em 31/8/2017. Este hospital é referência na área de transplante renal, especialmente no setor público. É o hospital que mais faz transplantes pagos pelo Governo no mundo, que no caso do Brasil é o SUS. São feitos cerca de 1000 transplantes por ano e atende a pessoas de todo Brasil. Via de consequência, todos os transplantados neste hospital são encaminhados para a Farmácia de Alto Custo da Vila Mariana, que fica na região e assim ela vai "inchando" a cada ano, sendo que o Estado de São Paulo nada faz para melhorar a estrutura desta Farmácia para atender a todos com dignidade. Cadê a gestão eficiente, Governador João Dória?


Quando nós fazemos transplante renal, nós temos que tomar diariamente alguns medicamentos para evitar a rejeição do rim transplantado. Este é o comprometimento do transplantado para preservar o órgão recebido. Assim, temos que ir mensalmente à Farmácia de Alto Custo, na qual somos cadastrados, para buscar a quantidade mensal desses medicamentos. Cabe ao Governo fornecê-los, por serem medicamentos indispensáveis para assegurar a preservação do órgão transplantado e evitar que os doentes renais crônicos rejeitem o rim transplantado e voltem para a custosa hemodiálise ou diálise peritoneal. Dentre esses medicamentos essenciais está o TACROLIMO 1 mg.








Neste último mês de abril de 2019, eu fui à Farmácia de Alto Custo da Vila Mariana em 1º/4/2019, conforme data agendada pela Farmácia. Aguardei cerca de 4 horas após pegar a minha senha (tinham 330 senhas na minha frente) e, quando chegou a minha vez, eu recebi o imunossupressor Micofenolato de Sódio para o mês todo e nenhum comprimido do outro imunossupressor, TACROLIMO 1 mg. Fiquei assustada, mas sabia que não era responsabilidade da Farmácia tal indisponibilidade. Nesta Farmácia, nós somos muito bem atendidos e os funcionários fazem o possível e o impossível para atender a todos com cordialidade e comodidade. MAS NÓS SOMOS MUITOS. A funcionária me forneceu então o telefone e o e-mail para eu me informar sobre a disponibilidade do TACROLIMO 1mg na Farmácia e não ter que me deslocar até lá desnecessariamente. Assim eu fiz. Mandei e-mail no dia 1º, 8, 18 e 29 de abril e obtive resposta sempre no mesmo dia. No final do mês, eu recebi enfim a resposta de um e-mail que disponibilizava a quantidade do TACROLIMO para apenas 10 dias. Fui até a Farmácia e esperei por mais de 3 horas. Este problema da falta dos medicamentos imunossupressores vem ocorrendo desde meados de 2017 ou início de 2018, não me recordo ao certo.

Fui então me informar o motivo desta falta dos medicamentos imunossupressores nas Farmácias de Alto Custo e fui informada que a licitação para a aquisição desses medicamentos era feita anualmente pelo Ministério da Saúde e passou a ser feita trimestralmente. Como é sabido, o processo de licitação é demorado e burocrático, de modo que ter que ser feito trimestralmente gerou um entrave e a indisponibilidade frequente dos medicamentos.

Como eu tomei ciência, é óbvio que o nosso Secretário de Saúde do Estado de São Paulo, José Henrique Germann Ferreira, nomeado pelo Governador João Dória, estava ciente da TRIMESTRALIDADE das licitações para aquisição desses medicamentos pelo Ministério da Saúde e deveria ter sugerido ao Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que as licitações voltassem a serem ANUAIS, quando não ocorria este sério problema da falta dos medicamentos. DESCASO!!!







Resolvi então fazer posts sobre o assunto na página do meu Blog Hemodiário no Facebook e no Instagram, sempre marcando o Governador Dória e o Presidente Bolsonaro. Além disso, eu escrevi inúmeros Twitters com hashtag # para mídia e marcando @ muitas autoridades. Finalmente, várias mídias relataram o problema, inclusive mostrando a Farmácia da Vila Mariana, onde eu busco os meus medicamentos, e até o Carlos Tramontina leu um dos meus Twitters, postado em meu nome e não do Blog, durante o SPTV 2ª edição, que é transmitido por volta das 19 horas para o Estado de SP. A repercussão foi ótima e animadora. Dei várias entrevistas, reforçando que fosse pedido ao Ministro da Saúde que voltasse a fazer anualmente as licitações para a aquisição de medicamentos e não mais trimestralmente, como é atualmente e desde quando começou o problema de falta de medicamentos. A força da mídia é imensurável!!! VIVA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO!!!









Eu sofri muito durante os 4 anos e 3 meses de hemodiálise, com sessões de 4 horas por 3 vezes na semana. Foram cerca de 640 sessões e a maior dor era a perda de pessoas queridas que, devido ao convívio intenso, se tornavam pessoas muito especiais. Foi muito difícil esses anos na hemodiálise e não pretendo voltar a fazer hemodiálise pelo simples fato de faltar medicamento essencial para preservação do rim transplantado, que foi, e é, uma obrigação assumida pelo Governo como política de saúde pública mais econômica (o transplante) para tratar os doentes renais crônicos que a hemodiálise ou a diálise peritoneal.





Sou muito persistente e incansável em defender os meus direitos e os direitos de todos, de modo que nunca vou desistir de lutar por mim e por todos. Esta sempre foi a intenção maior deste Blog, que o iniciei quando comecei a fazer hemodiálise em maio de 2013. NUNCA VOU DESISTIR DA VIDA!!!



FÉ E ESPERANÇA SEMPRE!!!



Com carinho,

Helô Junqueira

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