sábado, 26 de outubro de 2013

HemoFamília #9 - Emoção

Olá, amigos!

Agora vou falar-lhes sobre outra semana na Clínica Maldivas. Escolhi este nome, porque, se Deus quiser, farei um transplante renal e irei conhecer esta ilha paradisíaca. Os demais nomes também são fictícios e inspirados em nomes bíblicos, pois a fé passa a ser o nosso norte.

Cada episódio semanal desta série corresponde a 3 sessões de hemodiálise, mais especificamente às de 6ª, 2ª e 4ª feira. Assim, eu a publico na 4ª ou 5ª feira. Claro que isso não é uma regra, mas uma diretriz para o momento.

Os aproximados 30 pacientes que fazem hemodiálise no meu turno, mais alguns de outros turnos, mais os médicos, as enfermeiras, os técnicos de enfermagem, o pessoal da limpeza, o repositor de material, o técnico das máquinas, as recepcionistas e outros, acabam formando uma família, na qual todos acompanham os problemas uns dos outros, compartilham seus sofrimentos, torcem pela recuperação alheia, alegram-se quando alguém faz transplante e sofrem quando alguém falece. É difícil de explicar, mas a habitualidade da convivência com pessoas tão diferentes em situações bem parecidas, nos tornam familiares e isso é muito bom e confortante.


                                                                    fonte: Psiconlinebrasil


Eu faço hemodiálise numa sala com mais 3 pessoas. A sala é retangular e, ao adentrá-la, podemos ver 4 cadeiras com 4 máquinas de hemodiálise sob 2 janelões em frente à porta; uma pia, uma balança, uma bancada e uma TV logo do lado esquerdo, na mesma parede da porta; uma pia, um armário e uma bancada para utilização da enfermagem do lado esquerdo, na parede entre a porta e as janelas, e uma porta grande de correr que leva até a sala 2 e um ar condicionado do tipo Split do lado direito de quem entra na sala, parede à direita entre os janelões e a porta de entrada.

Para quem entra na sala 1, observa-se nas cadeiras da esquerda para direita: Sr. Mateus (73 anos), Sr. Marcos (92 anos), Lucas (67 anos) e eu (52 anos). É um ambiente muito agradável e alegre, apesar da atenção que o local requer.

Ontem, sexta-feira, 25 de outubro de 2013, foi aniversário do Sr. Marcos, que completou 92 anos. Fizemos uma festa e ele ficou muito contente. Eu levei empadas de camarão e frango, o Sr. Mateus levou uma torta de legumes, o Lucas levou Guaraná e o aniversariante levou um bolo, com as velas, e docinhos. A festa aconteceu na hora habitual do nosso lanche, 12h30, e reuniu 13 pessoas: nós 4 pacientes, 2 cuidadoras, 2 faxineiras, 2 técnicas de enfermagem, 2 enfermeiras e 1 médico. Cantamos parabéns com muita animação e o Sr. Marcos ficou feliz e emocionado. O quitutes estavam ótimos e nos deliciamos. Foi um prazer ter organizado esta festa e tornar tão especial esta data tão importante.

O Sr. Marcos é uma pessoa querida, que nunca reclama de nada e só agradece tudo o que fazem por ele. Tem uma família presente, uma dedicada esposa com 83 anos e 2 filhos que cuidam muito dele, além deles, tem uma eficiente cuidadora. É um homem quieto, mas com semblante feliz.

A emoção de um dia como este é muito forte. Em primeiro lugar, porque fazer 92 anos não é para qualquer um e, em segundo, porque presenciar a alegria de viver daquele senhor, apesar das limitações que a HD lhe causa, é um sentimento indescritível, pois nos faz refletir sobre esta palavra "viver".

Na última hora da HD, fiquei pensando o que é viver. Eu já tive alguns acidentes na minha vida, como: um grave acidente de carro na minha lua-de-mel, aos 23 anos; uma eclâmpsia no final da gravidez da minha filha Fernanda, aos 26 anos; um AVC, aos 29 anos, e agora, aos 52 anos, a falência renal e a necessidade de uma hemodiálise, mas nunca deixei de querer viver. Viver significa aprender sempre e compartilhar este aprendizado em busca de um mundo melhor. Viver é muito mais do que existir. Viver implica em assumir a responsabilidade pelos próprios atos, transformando-os todos em gestos de amor, alegria e compaixão. Viver é tornar cada dia um presente de Deus e, por isso, devemos nos alegrar e agradecer por cada dia. No final da minha reflexão, agradeci a Deus por estar viva e ainda me emocionar por momentos tão simples como o daquele dia.

Fiquei emocionada também por ouvir tantas palavras de agradecimentos pela festa, que foi tão simples, e por ouvir que nunca comeram empadas tão boas. Eu as encomendei num bom lugar e fiz questão de buscá-las antes de ir para a hemodiálise, assim ainda quentinhas na hora do lanche. Confesso que chorei e fiquei muito feliz por tudo.

Charles Chaplin nos ensinou que: "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."





                                                                fonte: caminhar para a essência


A emoção é "a reposta instintiva que temos quando passamos pelas diversas situações de vida. Sem as emoções as pessoas não percebem significado nos acontecimentos."

Foi uma ótima semana!

Estamos todos lutando pela vida com muita fé e esperança, apesar das inúmeras limitações e dificuldades!

Boa semana a todos!!!

Amigos, venham embarcar comigo nesta jornada da vida real!!! Bem-vindos!!!


"Viva com simplicidade.
 Ame generosamente.
 Cuide-se intensamente.
 Fale com gentileza.
 E, principalmente, não reclame.
 Se preocupe em agradecer pelo que você é, e por tudo o que tem!
 E deixe o restante com Deus."  
(Kelly Fagundes)


Com carinho,

Helô



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2 comentários:

  1. cada post é uma lição de vida.parabéns pela sua força e alegria.bj flávia

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  2. cada post é uma lição de vida.bj flávia

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