quinta-feira, 5 de setembro de 2013

HemoFamília #2 - kit hemodiálise

Olá, amigos!

Agora vou falar-lhes sobre outra semana na Clínica Maldivas. Escolhi este nome, porque, se Deus quiser, farei um transplante renal e irei conhecer esta ilha paradisíaca.

Cada episódio semanal desta série corresponde a 3 sessões de hemodiálise, mais especificamente de 6ª, 2ª e 4ª feira. Assim, eu publico na 5ª feira.

Nessa semana, a tempo variou demais. Na 6ª e 2ª feiras, o ar estava seco e a temperatura média estava em torno de 27º, mas na 4ª feira, a temperatura caiu bem (+/- 18º) e o ar ficou úmido, muito mais agradável e "respirável". Esta variação de temperatura afeta o nosso organismo como um todo, mas esta é a realidade de São Paulo.

Eu acordo normalmente às 7h30. Nos dias da hemodiálise, eu tomo café da manhã assim que termina o jornal, às 8h30. O meu cardápio nesses dias é uma xícara pequena de café, 1 pão francês com requeijão e 1 fatia de mamão com 1 colher de sobremesa de granola. Ainda em jejum, eu tomo um remédio para proteger o estômago e, durante o café da manhã, eu tomo os outros 5 medicamentos. O meu consumo de líquido pela manhã varia de 150 a 225 ml, dependendo do tamanho da xícara do café. Após o café da manhã, eu tomo banho; faço exercício com a bolinha para fortalecer a fístula; passo a pomada Dermomax, com lindocaína 4%, nos locais da punção para diminuir a dor da punção das grossas agulhas; preparo o meu kit hemodiálise e, por fim, vou para clínica.
  
                                                                  fonte: Psiconlinebrasil

Chego na clínica Maldivas por volta das 10h30 e a turma da manhã está saindo. Como são em torno de 30 pacientes por turno, eu vejo de tudo: pessoas debilitadas, pessoas fortes, pessoas queixosas, pessoas alegres. pessoas jovens, pessoas idosas...Essa disparidade me conforta e me estimula a fazer tudo certo para continuar com uma boa condição de saúde.

Vou para o local onde ficam os pacientes da minha sala e ficamos conversando até a técnica de enfermagem Ana nos avisar que a sala está pronta. O horário do nosso turno é 11h30, mas, normalmente, nós entramos por volta das 11h.

Eu chego mais cedo, porque, como eu tenho túnel (método de punção chamado canulação, que já foi explicado num outro post), eu deixo humidificando os locais da punção com gase e soro fisiológico para que a "casquinha" formada saia com facilidade, caso contrário, ela será retirada com a raspagem de uma ponta de agulha. Evito sentir dor, por isso faço a minha parte.

A surpresa desta semana foi a substituição das máquinas de hemodiálise por um modelo mais moderno, sendo que a principal melhora é a aferição automática da pressão arterial. Agora, o esfigmomanômetro fica fixo no nosso braço e a pressão arterial é aferida 6 vezes, sendo: a primeira, antes de ligar o paciente à máquina; segunda, 30 minutos após nos ligar à máquina; depois, 3 medições de hora em hora e a 6ª e última, após devolver o sangue. Claro que qualquer sintoma diferente, a técnica Ana aperta um botão e uma medição extra é solicitada. Muito bom!

O Sr. Marcos (91) vai e volta da clínica com a Van do Atende (serviço gratuito da Prefeitura de São Paulo). Ele tem uma acompanhante/cuidadora chamada Sonia, que é muito atenta e dedicada. Ele faz hemodiálise há 2 anos. A fístula dele está dando problema. No mês passado, ele ficou internado durante 9 dias, devido a uma trombose no braço da fístula. Retornou na 4ª feira passada, 28 de agosto de 2013, com a fistula preservada, mas, na 2ª feira, a fístula "parou" novamente, ele voltou para o hospital e ainda não retornou. Ele faz falta. pois é uma homem gentil, quieto, risonho e bem-educado.

O Sr. Mateus (73) vai e volta da clínica de taxi. Ele tem uma acompanhante/cuidadora chamada Neuza, que é muito prestativa. A fístula que ele fez no mês passado ainda não está "madura" para ser usada, então ele faz hemodiálise via cateter. O local da fístula infeccionou e ele vai tomar 10 doses de antibiótico nos 10 minutos finais da diálise. A pressão dele é baixa e, nesta semana, ficou em torno de 10x4, mas ele diz não sentir nada de diferente. Claro que a Ana lhe pergunta o tempo todo se está tudo bem e o observa constantemente.

O Lucas (67) vai e volta da clínica de taxi ou de carona. Ele tem uma mesma fístula há 9 anos. Esta se manteve mesmo ele tendo parado de usá-la durante 4 anos, período em que o rim transplantado funcionou. Está de volta à clínica há 3 anos. É um homem muito generoso e preocupado com os demais pacientes, sempre doa o seu lanche para os pacientes mais carentes, pois leva o seu próprio lanche, além de trazer muitas guloseimas para todos. A sua pressão é muito alta, em torno de 18 x 10, e ele toma muitos remédios para controlá-la. O seu fósforo também é muito alto (8), assim ele toma 9 Renagel por dia. Ele é divertido e comunicativo, o que torna as sessões de hemodiálises mais descontraídas e leves.

Eu, 52 anos, vou e volto da clínica de carona com o meu marido Laerte, meus filhos ou amigas. A minha fístula está funcionando muito bem e o "túnel" foi muito bem feito, o que facilita a punção, que é sempre no mesmo lugar, além de diminuir a dor da punção (agulha sem corte = Romba) e o sangramento pós diálise. Faço hemodiálise há quase 4 meses e não tomo mais remédio algum para controlar a pressão. Nesta quarta-feira, 4 de setembro, a minha pressão durante a hemodiálise ficou baixa (11x5 - 10x4), então tive que ficar bem deitada com os pés levantados e em observação. Como já tive 2 hipotensões que me fizeram desmaiar, e não é nada agradável, eu fiquei atenta e preocupada.

Eu tomei remédio para pressão durante 26 anos. Iniciei aos 26 anos, quando tive uma crise de pressão alta no final da minha 2ª gravidez e tive eclampsia. Além deste episódio, tive um AVC em 1991, aos 30 anos, que me levou à UTI por alguns dias e fiquei hemiplégica por uns 40 dias. Fiz muita fisioterapia e fiquei sem qualquer sequela. Isso me mostra a força da máquina de hemodiálise, que filtra o sangue de tal maneira que a minha pressão está ótima. Realmente, é incrível este tratamento.

Eu tenho um kit hemodiálise para facilitar a minha vida. Uso 2 sacolas, que ficam sempre preparadas, sendo que uma, eu coloco a manta, que varia conforme a temperatura do dia, e a outra, eu coloco: 2 almofadas para colocar o braço durante as 4 horas da sessão, o iPad, fone de ouvido, um par de luvas, um iPhone e uma necessaire, que contém santinhos e medalhas, dinheiro, pente, batom, remédio, chave de casa, pomada Dermomax, escova e pasta de dente.

A foto abaixo é a máquina e a cadeira/cama que eu faço hemodiálise, além do meu kit hemodiálise.

                                                             fonte: foto de Helô Junqueira

Nessa semana, a clínica Maldivas perdeu 2 pacientes: uma elegante senhora de 80 anos, que fazia hemodiálise há uns 10 anos, ficou alguns dias na UTI e faleceu no hospital, e um homem de 54 anos, que também fazia hemodiálise há uns 10 anos, ele tinha uma miocardia grave e não tinha mais acesso disponível para fazer hemodiálise, o único tratamento então era um transplante de urgência, que ele fez, mas faleceu após 24 horas da cirurgia. Todos ficamos triste e um pouco assustados.

Na primeira 4ª feira do mês, todos os pacientes fazem exame de sangue. Neste mês, a data da coleta foi 4 de setembro de 2013. Eu estou ansiosa para saber o resultado.

Foi uma boa semana, apesar das adversidades!


"Esforce-se em se conformar, sempre e em tudo, à Vontade Divina, seja na alegria, seja na adversidade, e não se preocupe com o amanhã." (Santo Padre Pio de Pietrelcina)


Vamos lá embarcar comigo nesta jornada da vida real!!! Bem-vindos!!!


Com carinho,

Helô



3 comentários:

  1. Boa tarde Helô! Seus textos são muito bons, este ultimo em especial ficou bem legal, deu pra ter uma ideia geral da sua luta (se eu dissesse "nossa luta" também caberia rsrsrsrsrs) , parabéns pela iniciativa.

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  2. Helo quais os remédios que vc tomou/toma? Obg!

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  3. Olá, Renan!
    Atualmente, janeiro de 2015, eu tomo:
    - no café da manhã:
    1 comprimido de Renagel
    2 comprimidos de AAS infanti
    1 comprimido de ácido fólico
    1 comprimido de Ziloric
    1 comprimido de Citoneurin
    - no almoço:
    2 comprimidos de Renagel
    1 comprimido de Citoneurin
    - no jantar:
    1 comprimido de Renagel
    - às 22h - Vytorin 10/10
    Além desses, tomo vitamina D, uma vez por semana.
    Na Hemodiálise, eu recebo Noripurum na veia no fial da sessão de 2ª feira e Hemax sc nas 2ª e 4ª feiras.
    Com carinho, Helô

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