terça-feira, 9 de junho de 2015

Rins policísticos

Olá, amigos!

Em 1980, eu tinha 19 anos e, devido às fortes dores nas costas, eu fiz um ultrassom, descobri que tinha rins policísticos e um cisto muito grande, que ficava ao redor do meu rim esquerdo, foi retirado. Desde então, eu passei a ir ao médico anualmente para acompanhar a evolução da minha doença. Em 1987, aos meus 25 anos, no final da gravidez da minha segunda filha, Fernanda, eu tive descolamento de placenta e, desde então, comecei a ter hipertensão e a tomar remédios para controlá-la. Os rins policísticos foram a causa da hipertensão. Em 1991, eu tinha 30 anos e tive um AVC.  Houve o deslocamento de um "coágulo" e entupiu a base do meu cerebelo. Fiquei na UTI por uns dias e depois por mais de 1 mês recuperando de uma hemiplegia do lado esquerdo. Fiquei sem sequelas e hoje sei que os rins policísticos podem ter sido a causa deste AVC. Em 2010, devido à multiplicação de cistos e o aumento de seus volumes, os meus rins começaram a ter as suas funções prejudicadas (a taxa de creatinina aumentava mensalmente) e em 2013, os cistos finalmente causaram a falência dos meus rins, eu iniciei as sessões de hemodiálise e aguardo ansiosa por um transplante renal. Este post é um alerta para quem tem rins policísticos.

A doença de rins policísticos é uma doença hereditária, que tem como característica a presença de múltiplos cistos nos rins, que crescem lenta e progressivamente até causar a falência renal. Até agora não há tratamento. A minha filha também tem esta doença, que foi detectada desde os seus 18 anos, e as recomendações atuais são beber 2 litros de água, tomar pouco café, ingerir pouco sal (2 gramas por dia), fazer atividade física regular e manter o peso ideal, conforme a tabela do IMC, para retardar a falência dos rins.

O aspecto dos rins policísticos é o demonstrado na foto abaixo.


                                             Rim normal - Rim com 2 cistos e Rim policístico


Neste mês de junho de 2015, o Journal of the American Society of Nephrology, publicou um artigo muito interessante em relação a um novo tratamento para a doença renal policística. O artigo em inglês está no link original e a tradução encontra-se no texto abaixo colado:

NOVO TRATAMENTO PARA DOENÇA RENAL POLICÍSTICA

Artigo publicado no periódico "Journal of the American Society of Nephrology" mostra que um novo tratamento — que tem como alvo pequenos vasos sanguíneos e linfáticos no interior do rim — é capaz de aprimorar a função renal e desacelerar a progressão da Doença Renal Policística em camundongos.

A Doença Renal Policística é um transtorno genético no qual cistos repletos de fluido crescem nos rins e destroem o tecido renal. É a doença renal congênita mais comum do mundo e afeta entre 1 em 400 e 1 em 1000 pessoas ao redor do mundo -- cerca 12,5 milhões de indivíduos. Uma forma mais rara da doença, que ocorre em cerca de um a cada 20 mil nascimentos no Reino Unido, leva a um terço desses bebês a morrerem antes ou pouco depois de nascerem.

Os tratamentos atuais para essa condição têm como alvo proteínas que supostamente desempenham um papel na sua causa e estão localizadas no tecido que reveste o interior dos cistos. Tais tratamentos ajudam a aliviar alguns dos sintomas da Doença Renal Policística, mas não proporcionam cura.

Agora, pesquisadores da Universidade de Manchester, Reino Unido, descobriram que o sistema sanguíneo e linfático ao redor dos cistos também pode estar implicado no desenvolvimento da doença. Então, investigando modelos da doença em camundongos tanto da forma mais comum quanto da mais rara, eles repararam que minúsculos vasos sanguíneos ao redor dos cistos alteravam-se muito precocemente na evolução do problema. Sendo assim, trataram os camundongos com um potente “fator de crescimento", uma proteína chamada VEGFC e evidenciaram que os padrões dos vasos sanguíneos se normalizaram e a função dos rins apresentou melhora. Nos ratos com a forma rara da doença, o procedimento também levou a um aumento modesto, mas significativo no tempo de sobrevida.

“Com mais estudos, tratamentos que tenham como alvo os vasos sanguíneos ao redor dos cistos, combinados com as drogas já existentes, talvez se mostrem benéficos para pacientes com Doença Renal Policística”, explica David Long, o principal autor do artigo.

REFERÊNCIA DO ARTIGO:
Jennifer L. Huang, Adrian S. Woolf, Maria Kolatsi-Joannou, Peter Baluk, Richard N. Sandford, Dorien J.M. Peters, Donald M. McDonald, Karen L. Price, Paul J.D. Winyard, and David A. Long. Vascular Endothelial Growth Factor C for Polycystic Kidney Diseases. Journal of the American Society of Nephrology, June 2015 DOI:10.1681/ASN.2014090856


O avanço constante da medicina nos dá a esperança de cura de uma doença genética que acomete tantas pessoas. "A esperança não é um sonho, mas uma maneira de traduzir os sonhos em realidade." (Cardeal Suenens)


Com carinho,
Helô



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18 comentários:

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  3. Minha filha tem três anos e portadora de rins policistico,
    Desde o nascimento faz tratamento conservador.
    Para retardar a evolução da doença. Ela já perdeu 60% da função.



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  4. Sim tenho, e estou começando a me informar só agora com 50 anos. Estou muito assustada.
    Abraços.

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    1. O importante é consultar um nefrologista e acompanhar o desenvolvimento da doença.
      Boa sorte!
      Abraços, Helô

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  5. Ontem descobri que tenho rins policisticos herdei do meu pai assim como minha irmã mas confesso que estou muito triste Pq sei que só podemos retarda o processo mas que mas tarde eles irão parar e não queria passar pelo que meu pai passou a hemodiálise acho muito triste mas Deus quer assim .

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    1. O mais importante é tomar 2 litros de líquido por dia, não engordar, fazer atividade física e tomar pouco café.
      Não necessariamente os teus rins pararão de funcionar só porque você tem rins policísticos.
      Procure um nefrologista e acompanhe anualmente a tua função renal.
      Boa sorte!

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  6. Um abraço a todos que tem doença renal policistica!

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  7. Um abraço a todos que tem doença renal policistica!

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  8. emagreci fui ao medico, apos exames constatou rins policísticos, funcionamento 10%
    quase pirei da cabeça. Corri atrás de um transplante consegui a três meses estou bem. Fiz hemodialise 45 dias.

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  9. Alô a todos! Então, tive uma bronquite pesada que acontece quando me estresso. Minha filha marcou um clínico geral que cuidou mais de mim do que todos os médicos pelos quais passei em toda minha vida. Ele me virou do avesso com à série de exames que pediu. Um deles foi o Ultrassom abdômen total. Mal o radiologista me tocou e disse: Você tem feito este exame, nunca te falaram nada? Bastou para me assustar. Ele disse que tenho rins policísticos, o esquerdo com vários e um cisto de quase 5 cm e também cistos no fígado (o que dizem não ser preocupante). Pedí numa escala de 1 a 10 para pontuar meu fígado e rins. Ele deu 9 para o fígado e 1 para os rins e me indicou um Nefrologista. Falou ainda para fazer o mesmo exame nas minhas duas filhas. O que mais me deixou triste é que esta doença não tem cura e que minhas filhas possam ter herdado. Me sentí impotente pois não há uma causa que seja de minha responsabilidade (tipo não tem a ver com o que fiz ou faço, é genético) e culpada por provavelmente ter passado para as minhas filhas. Uma amiga me censurou por ter dado ouvidos ao médico que pediu os exames, dizendo que quem procura acha. Que bom que achei, mesmo que tardiamente, para poder tratar e que bom que posso ajudar minhas filhas o quanto antes, para evitar que cheguem ao estágio que cheguei. Enfim, acredito que Deus está no controle de tudo. Abraço a todos que estão nesse time involuntariamente. Nádia.

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    1. Olá, Nádia!
      A aceitação da doença é o passo mais importante para a eficácia do tratamento.
      Boa sorte!
      Abraço, Helô

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  10. Tenho 34 anos, fiz recentemente uma tomografia, estou com a doença renal policística, herança da minha família.

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    1. Boa tarde, Márcio! Você deve começar a acompanhar a evolução desta doença com um Nefrologista. Abraço, Helô

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