Olá, amigos!
Hoje vou falar-lhes sobre os meus sentimentos durante as sessões de hemodiálise. Todos os nomes que usarei são fictícios.
Hoje vou falar-lhes sobre os meus sentimentos durante as sessões de hemodiálise. Todos os nomes que usarei são fictícios.
Comecei a fazer hemodiálise há 3 meses, mais precisamente no inesquecível 8 de maio de 2013.
No início, eu tive muito medo. Medo de ficar debilitada. Medo de não conseguir acompanhar o meu marido. Medo de não poder mais ajudar os meus filhos. Medo de ficar feia. Medo de ficar depressiva. Medo de morrer. Claro que eu disfarçava e fingia que estava sempre alegre, pois sempre acreditei que a alegria atrai coisas boas.
fonte: imagens por favor
Na clínica, eu me deparei com várias pessoas de vários tipos, mas predominavam as pessoas debilitadas.
Na clínica, eu me deparei com várias pessoas de vários tipos, mas predominavam as pessoas debilitadas.
Na primeira sala que eu fiquei (durante 1 mês), tinham 9 cadeiras com 9 pessoa diferentes e todas me comoviam. Eu ficava olhando para os 4 pacientes que estavam na minha frente (Sr. Dante, Sra. Rute, Sr. David e Sr. Pedro). Por mais que eu disfarçasse, observava assustada o comportamento de cada um deles e isso me deprimia.
O Sr. Dante ficava bem na minha frente. Tinha por volta de 70 anos. Ele estava desnutrido e vomitava antes e durante a sessão. Homem educado, humilde e muito agradável. Sofria muito durante as sessões e eu me solidarizava com a dor dele. Ele veio a falecer e eu fiquei realmente triste. Lembro-me dele sempre que entro na clínica.
A Sra. Rute é muito bem cuidada, está sempre bem vestida, com as unhas pintadas e um discreto batom. Ela tem por volta de 80 anos. Uma cuidadora a acompanha em todas as sessões e a ajuda a sentar na cadeira no início da sessão, tomar lanche, retocar o batom e levantar da cadeira no final da sessão. A fístula dela é trabalhosa e ela sente muita dor. Fico com água nos olhos quando vejo o seu sofrimento no início da sessão. Ela está internada há mais de 2 semanas e rezo por ela.
O Sr. David deve ter por volta de 55 anos. Ele mora num asilo, apesar de ter mulher e filhos. É um homem bom e simpático. Os condutores da Van do Atende (serviço público gratuito que leva e traz as pessoas debilitadas) sempre o acompanham à clínica com muita gentileza e ele não reclama de nada. Ele é magro e precisa de cadeira de rodas para se locomover. Ele sonha, e acredita, com a cura milagrosa de seus rins. Quem sabe!
O Sr. Pedro faz hemodiálise há muitos anos e abusa muito do líquido e da comida, o que torna necessário que ele faça hemodiálise por 4 vezes por semana. Ele grita de câimbra todas as sessões, o que significa que ele não aguenta tirar a quantidade de líquido que ele ganha entre as sessões.
Nesse difícil primeiro mês, eu ficava com muito medo de ficar como um deles. Então, perguntei para a Dra. Débora se este estado físico era uma consequência natural da hemodiálise. Ela me falou que não e me disse que cabe ao médico adequar os medicamentos e ao paciente cuidar da alimentação, da ingestão de líquido e de fazer exercício.
No dia 10 de junho de 2013, após 1 mês de hemodiálise, eu mudei de sala, na qual estou até hoje, chamada Hemo 1.
Depois do primeiro mês, eu me senti melhor. Aprendi a entender os alarmes da máquina, a equilibrar a minha alimentação e a ingestão de líquido. Só faltava o exercício. Então, comecei a fazer esteira por 3 vezes na semana durante 1 hora no início de agosto. Sinceramente, eu não gosto, mas vou fazer para adquirir massa muscular e estar preparada para um transplante.
Os meus sentimentos variavam e ainda variam. Tinham dias que eu ficava triste, outros que eu me sentia uma pessoa inútil, outros, ficava com raiva de estar nesta situação, mas sempre tive alto astral e coragem para enfrentar a vida dentro e fora da clínica. Os meus sentimentos negativos, eu os abafava para extravasá-los nos momentos solitários.
Nesta sala, tem apenas 4 paciente e ficamos lado a lado. É muito melhor, pois não sofremos tanto com o sofrimento dos outros, porque a visualização é mais difícil. Porém, nós 4 sempre chegamos na clínica com meia hora de antecedência do início da sessão e conversamos mais. Por ordem de idade, tem o Sr. Marcos, com 91 anos; o Sr. Mateus, com 73 anos; o Lucas, com 67 anos e eu, com 52 anos.
O Sr. Marcos é muito quieto e gentil. Vai à clínica com uma dedicada cuidadora. O problema maior dele é a hipotensão. Ele já chega com pressão de 10x6 (pressão normal é 12 x 8). Nesta semana, a fístula dele parou e ele não fez hemodiálise. Foi direcionado ao Hospital para tentar desobstrui-la e estou na torcida. Se Deus quiser, tudo dará certo.
O Sr. Mateus também é muito quieto e vai acompanhado de uma simpática cuidadora. Ele tinha cateter até a semana passada e agora fez uma fístula. A sua pressão também é baixa e ele tem diabete. Um homem educado e tímido.
O Lucas é muito falante e engraçado. Já fez um transplante que durou 4 anos. Antes ele já fazia hemodiálise nesta mesma clínica. Fez 2 anos de hemodiálise, 4 anos de transplante e está há 3 anos novamente na hemodiálise. Ele sabe tudo, mas abusa muito da alimentação. O seu maior problema é pressão alta e câimbra.
Tudo na vida nós nos acostumamos. A clínica, atualmente, já faz parte da minha vida e os pacientes, enfermeiros, médicos e funcionários fazem parte da minha família.
fonte: iasd central anajatuba
"A alegria adquire-se. É uma atitude de coragem. Ser alegre não é fácil, é um ato de vontade." (Gaston Courtois)
Vamos lá, amigos, fazer a nossa parte e receber as grandes bênçãos!!!
Com carinho,
Helô
"A alegria adquire-se. É uma atitude de coragem. Ser alegre não é fácil, é um ato de vontade." (Gaston Courtois)
Vamos lá, amigos, fazer a nossa parte e receber as grandes bênçãos!!!
Com carinho,
Helô
Espero que vc ñ fique excessivamente impressionada com o que ocorre na sala. Realmente há muitos idosos, o que é muito triste, pois muitos sequer podem sonhar com o transplante. E tb é preciso lembrar que na maioria dos casos eles chegaram à hemodiálise devido a um quadro de debilidade orgânica quase generalizado, sendo a diálise apenas mais um dos problemas que enfrentam.
ResponderExcluirPessoas mais jovens como vc costumam manter a vitalidade com mais facilidade, desde que dispostos a encarar o tratamento com um apoio, como parece o seu caso.