quinta-feira, 26 de março de 2015

Hemodiálise: principais complicações durante as sessões

Olá, amigos!

Ontem, 25 de março de 2015, após 1 ano, 10 meses e 17 dias que iniciei as sessões de hemodiálise, mais especificamente a 291ª sessão, eu tive o 3º episódio de desmaio/síncope durante a sessão.

Era uma 4ª feira, eu tinha ganho apenas 1 litro, o dia estava fresco, a sala com uma temperatura bem agradável. Tudo transcorria normalmente. As 5 pressões arteriais medidas marcaram entre 12x7 e 11x7. Normal. Eu assisti um belo filme no meu tablet. De repente, faltando 30 minutos para o término, eu senti um calor e um zumbido no ouvido. De imediato, eu chamei a técnica de enfermagem Karen para medir a minha pressão. Ela prontamente me atendeu. Só me lembro dela acionando o botão do medidor da pressão e mais nada. Quando acordei, tinham várias pessoas ao meu redor: a médica, 2 enfermeiras e a técnica Karen. A Karen me informou que eu foi necessário injetar uns 200 ml de soro fisiológico até eu "voltar" à consciência. A médica mandou cessar a minha perda (ainda faltavam 200 ml),  me auscultou e eu fiquei sob observação. Já consciente, a minha pressão arterial marcou 9x4, mas, depois de devolver o meu sangue, a minha pressão arterial estava 13x6,5.  O meu cabelo ficou molhado de tanta sudorese. Eu acordei como se tivesse dormido muitas horas e estava bem descansada. A sensação não é ruim, por incrível que pareça.

Para os que não conhecem o procedimento da hemodiálise, nós somos ligados a uma máquina através de duas agulhas, sendo que através de uma delas, o sangue sai, passa por uma linha, entra na máquina, passa por um filtro (que faz o papel do nosso rim) e retorna ao corpo pela outra linha e agulha. Um soro fisiológico fica ligado a uma parte desta linha, mas fechado, e é usado para devolver o sangue no final da sessão ou para aumentar a pressão arterial quando há uma hipotensão. Tudo muito seguro, desde que os profissionais sejam bem treinados e atentos.

Até o momento, eu tive 6 episódios de desmaio/síncope, que foram:
2013 - julho - durante a sessão de HD;
2013 - setembro - durante a sessão de HD;
2014 - janeiro - no cabeleireiro, fazendo as unhas do pé;
2014 - junho - durante uma missa;
2014 - outubro - na sala da minha casa;
2015 - março - durante a sessão de HD.

Durante às sessões de hemodiálise, a introdução de soro fisiológico na veia resolve o problema rapidamente. Mas, em qualquer outro local, a pessoa deve ser deitada e os pés levantados. Se possível, fazer um soro caseiro usando a colher-medida ou padrão:
  • 2 medidas rasas de açúcar, do lado maior da colher padrão ou colher de chá
  • 1 medida rasa de sal, do lado menor da colher padrão ou colher de café
  • 1 copo (200 ml) de água filtrada, fervida ou mineral engarrafada.
A colher medida é distribuída gratuitamente nos Postos de Saúde.



                                                                  soro caseiro



Atualmente, a hemodiálise (HD) é um tratamento praticamento isento de riscos para a vida do paciente, quando administrada por pessoal competente e com recursos técnicos indispensáveis. Mesmo assim, algumas complicações podem ocorrer, mesmo quando é realizada na melhor técnica.

Segundo o trabalho publicado na Revista Brasileira de Clínica Médica em 2010; 8(3): 187-92, nos últimos 50 anos, a introdução de novos avanços tecnológicos no tratamento hemodialítico tornou esse procedimento seguro e capaz de manter a vida dos pacientes por longos períodos. Entretanto, em 30% das sessões de HD, pode ocorrer algum tipo de complicação. Assim sendo, a constante avaliação dessas complicações deve estar inserida em qualquer programa de controle de qualidade.É raro encontrar algum paciente que ainda não tenha apresentado complicações durante o tratamento hemodialítico.     


                                                         
Principais complicações durante a hemodiálise
COMPLICAÇÕES
%

hipotensão arterial
62,07

vômito
44,83

tontura
41,38

cefaléia
24,14

hipertensão arterial
24,14

arritmia cardíaca
6,9

dor no peito
3,45

hipoglicemia
3,45

desmaio
3,45

fraqueza
3,45

câimbras
3,45

sudorese
3,45

dor estomacal
3,45

infarto
3,45

dispneia
3,45

Nota: Houve mais de uma resposta por entrevistado
Fonte: Rev Bras Clin Med 2010;8(3):187-92





Mesmo estando há anos em tratamento, nós devemos controlar o funcionamento do equipamento de HD e ficarmos sempre atentos a qualquer sintoma incomum no nosso organismo. Essa vigilância é a maneira de nos protegermos de futuras complicações. Isso não significa que nós não confiamos na tecnologia e nem no trabalho dos profissionais, mas sim temos medo de apresentarmos alguma alteração que possa a vir a prejudicar a nossa saúde.

Nós que sofremos de uma doença incurável, que nos obriga a submeter-nos a um tratamento doloroso, de longa duração, que nos impõe muitas restrições, devemos fazer a nossa parte (alimentação adequada, tomar corretamente os remédios, fazer exercício e seguir as demais orientações médicas) para termos a melhor qualidade de vida possível.


"Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!" (Clarice Lispector)


Com carinho,

Helô


OBS: Visitem a minha página do Facebook chamada Blog Hemodiário (https://www.facebook.com/BlogHemodiario) e a do Instagram com o nome de blog_hemodiario. Até lá!