Olá, amigos!
Hoje, 24 de junho de 2024, eu vim contar brevemente como foi o diagnóstico da minha leucemia e como eu estou após 8 meses.
Como transplantada renal desde 31/8/2017, eu faço acompanhamento médico a cada 4 meses com a nefrologista Maria Lúcia Vaz. Isto foi um diferencial para diagnosticar a minha leucemia no início, ou quando ela se manifestou nos exames, motivando a realização de exames específicos.
Em 2022, as taxas da minha hemoglobina aumentaram e atingiu 17,4 g/dL em setembro (normal é 11,7 até 14,9). Não é uma taxa absurda, mas, como eu estava sintomática, com formigamentos nas mãos, braços, pescoço, cabeça, cansaço moderado…, e tinha o casamento da minha filha na Bahia (eu moro em São Paulo), fiz uma sangria para baixar a taxa da hemoglobina e comecei a tomar AAS infantil, que com o uso prolongado tem efeito anticoagulante, evitando assim um AVC ou uma trombose. Os leucócitos estavam normais.
O ano de 2022 foi bem movimentado. Os meus filhos casaram e comemoraram em 5 eventos.
Em 2023, eu sentia um cansaço muito intenso e as atividades rotineiras estavam difíceis de serem executadas. Mas muitas pessoas sentem cansaço e as causas são inúmeras. O cansaço por si só é um sintoma muito genérico e não sinaliza para um diagnóstico específico.
No final de abril de 2023, eu fiz os exames de rotina para controle do transplante renal. A hemoglobina estava alta (17,3 g/Dl - normal é 11,7 até 14,9)) e os leucócitos também um pouco acima do normal (11.930 mm3 - normal de 3.470 a 8.290). Mas os demais exames estavam normais. O cansaço continuava muito intenso.
Em 19 de setembro de 2023, eu fiz novamente os exames de rotina e os meus leucócitos aumentaram para 20.630 mm3 e o cansaço estava cruel. A minha nefrologista me indicou então um hematologista, mas sem urgência ou desconfiança de qualquer diagnóstico. Eu consegui uma consulta ainda em setembro. A minha queixa era o cansaço intenso e o aumento dos leucócitos. Ele pediu alguns exames, inclusive genético, e, em 6/10/2023, ele me informou o diagnóstico de leucemia mielóide crônica. Ele disse ainda que a leucemia é uma mutação genética que pode acometer qualquer pessoa em qualquer idade e não é hereditária. Eu não sabia nada sobre leucemia. Só sabia que leucemia era câncer e ainda é assustador ouvirmos a palavra câncer. O meu mundo desabou. Eu tive muito medo de perder o meu rim transplantado e voltar para hemodiálise, que é um sofrimento e uma restrição de vida. Chorei muito.
Em 17 de outubro de 2023, eu fiz uma punção óssea e o diagnóstico de leucemia foi confirmado. Eu fui abatida por uma profunda tristeza e um desânimo de ter mais uma doença crônica. O meu marido Laerte estava sempre ao meu lado e me apoiou demais, o que fez toda a diferença. Os meus filhos, Laerte e Fernanda, estavam viajando e eu não quis contar naquele momento. Eu precisava digerir aquela má notícia e precisava de apoio espiritual. Pensamos muito em ir até o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, mas outubro lá fica muito cheio. Fomos então ao Santuário São Judas Tadeu, que fica na mesma cidade que eu moro (São Paulo), para pedir forças divinas para eu lutar com dignidade mais esta batalha. Eu não conhecia este lugar maravilhoso e sagrado. Nós conhecemos também o Instituto Meninos de São Judas Tadeu e a Capela São José. Fomos lá durante vários dias e recebi a unção dos enfermos pelas mãos do Padre Dionísio. O meu coração acalmou e a minha fé foi tranquilizando os meus pensamentos. Desde então eu e meu marido frequentamos regularmente este lugar tão especial. Vale a pena conhecer o Santuário São Judas Tadeu, a Capela São José e a obra social IMSJT - Instituto Meninos de São Judas Tadeu. Muitos milagres foram alcançados neste lugar.
Em 14 de novembro de 2023, eu comecei a tomar um medicamento chamado Glivec (mesilato de imatinibe), que é um quimioterápico oral. As minhas plaquetas despencaram e o imunossupressor Tacrolimo teve que ser ajustado. Após 7 meses de tratamento, as minhas taxas de hemoglobina, plaqueta e leucócitos normalizaram e eu e o meu rim transplantado estamos muito bem. Tenho alguns efeitos colaterais do quimioterápico, como inchaço no rosto, nos pés e nas pernas, diarreia e vômitos eventuais…, suportáveis e terei que conviver com eles. O cansaço intenso acabou, o que foi ótimo.
Uma lição que eu tirei de tudo isto foi nunca relativar qualquer sintoma, principalmente os mais duradouros. Temos que “ouvir” os sinais do nosso corpo para entendermos as suas necessidades. O sinal da minha leucemia foi o cansaço intenso. Hoje, o meu hematologista Rodrigo Vaez afirma que a minha leucemia começou em 2022, quando eu já tinha um cansaço moderado e a hemoglobina estava aumentada. Porém, os meus rins policísticos também poderiam terem causado o aumento da hemoglobina. Muito difícil ser médico e mais difícil ainda é fazer um diagnóstico correto.
Mais uma vez, eu tenho que agradecer a Deus e Nossa Senhora por tantas graças recebidas, aos Santos que intercedem por mim, ao meu dedicado, amado e paciente marido Laerte, aos meus carinhosos filhos Laerte e Fernanda, aos amigos, médicos, aos grupos de oração e a todos que rezam por mim ou simplesmente desejam a minha cura. Muito obrigada!!!
A minha saúde está muito boa e meu coração repleto de alegria para ser avó de um casal que nascerá em breve. A Betina, filha do meu filho Laerte e Sabrina, nascerá em setembro e o Antônio, filho da minha filha Fernanda e Pedro, nascerá em novembro. Posso com tanta alegria?
Nós podemos sempre escolher se queremos caminhar sozinhos ou caminhar com Jesus. Eu escolhi caminhar com Jesus e oferecer sempre as minhas dores, o que torna a minha cruz menos pesada. A fé, assim como o amor, é uma decisão e não um sentimento, de modo que temos que decidir diariamente o que desejamos.
Rezem por mim.
Com carinho,
Helô Junqueira